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edição de 30 de abril de 2018

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Danúbia Paraizo<br />

Ter problemas na Justiça ou<br />

<strong>de</strong>sembolsar in<strong>de</strong>nizações<br />

milionárias certamente não está<br />

nos planos <strong>de</strong> nenhum anunciante<br />

da Copa do Mundo, mas<br />

os riscos são reais, principalmente<br />

para quem não é patrocinador<br />

oficial do torneio.<br />

O assunto foi discutido na<br />

semana passada, em São Paulo,<br />

durante painel sobre os direitos<br />

<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da Fifa e<br />

da CBF, realizado pela APP (Associação<br />

dos Profissionais <strong>de</strong><br />

Propaganda). Participaram do<br />

<strong>de</strong>bate os advogados Paulo Gomes<br />

<strong>de</strong> Oliveira Filho e Mariana<br />

Galvão, especializados em<br />

direito da comunicação e proprieda<strong>de</strong><br />

intelectual. Os profissionais<br />

<strong>de</strong>ram um panorama<br />

da legislação civil, normas do<br />

Conar (Conselho Nacional <strong>de</strong><br />

Autorregulamentação Publicitária)<br />

e das regras da Fifa e da<br />

CBF a respeito da propaganda<br />

que utilizar suas proprieda<strong>de</strong>s<br />

intelectuais e industriais.<br />

Apenas patrocinadoras oficiais<br />

da Fifa têm os direitos <strong>de</strong><br />

utilizar símbolos e termos da<br />

competição em suas campanhas.<br />

Na lista <strong>de</strong> elementos estão<br />

a taça do torneio, o mascote,<br />

a bola oficial Telstar, da Adidas,<br />

além da própria logomarca dos<br />

jogos na Rússia. O hall <strong>de</strong> restrições<br />

é ampliado pelas normas<br />

da CBF, que também tem<br />

cartilha com orientações sobre<br />

a utilização <strong>de</strong> seus símbolos e<br />

proprieda<strong>de</strong>s. O uniforme da<br />

seleção brasileira ou qualquer<br />

vestimenta semelhante, bem<br />

como as estrelas do pentacampeonato,<br />

referências aos títulos<br />

conquistados pelo país e também<br />

o termo hexa.<br />

Segundo Mariana, as restrições<br />

têm <strong>de</strong>safiado cada vez<br />

mais a criativida<strong>de</strong> das marcas,<br />

mas não inviabilizam boas<br />

i<strong>de</strong>ias. Como case, a advogada<br />

trouxe a campanha Vem pra<br />

Rua, da Fiat, criada pela Leo<br />

Burnett para a Copa das ConfemerCaDo<br />

Direitos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da Fifa<br />

e CBF <strong>de</strong>safiam marcas na Copa<br />

Riscos <strong>de</strong> ações judiciais por uso in<strong>de</strong>vido das proprieda<strong>de</strong>s entram na<br />

pauta dos anunciantes; suporte legal minimiza possíveis in<strong>de</strong>nizações<br />

Vivo, Itaú e Guaraná Antarctica são alguns dos patrocinadores oficiais da seleção<br />

Divulgação/Lucas Figueiredo/ CBF<br />

“Na propagaNda,<br />

mesmo que em<br />

referêNcia<br />

iNdireta, a<br />

divulgação<br />

<strong>de</strong> produtos<br />

e serviços<br />

viNculados ao<br />

muNdial <strong>de</strong>peN<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> autorização”<br />

<strong>de</strong>rações, em 2013. O ví<strong>de</strong>o trabalha<br />

a força da torcida brasileira,<br />

bem como elementos como<br />

a ban<strong>de</strong>ira e suas cores ver<strong>de</strong>-<br />

-amarelo. A campanha passou<br />

ilesa pela fiscalização da Fifa<br />

e CBF, mas a advogada faz um<br />

alerta: “Vale atenção ao uso <strong>de</strong><br />

todos elementos em conjunto.<br />

Uma coisa é você usar o ver<strong>de</strong>-<br />

-amarelo, mas já usar associado<br />

ao futebol, já começa a entrar<br />

em um campo mais arriscado.<br />

A cada elemento que você inclui<br />

você acaba se aproximando<br />

<strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> terceiros”.<br />

Além das campanhas, os<br />

especialistas também alertam<br />

sobre os riscos da realização<br />

<strong>de</strong> sorteios <strong>de</strong> ingressos, ambientação<br />

<strong>de</strong> estabelecimentos<br />

e até mesmo transmissões<br />

dos jogos. As famosas fan<br />

fests, por exemplo, são permitidas,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que restritas para<br />

público <strong>de</strong> até cinco mil pessoas<br />

e não seja cobrado nenhum<br />

valor <strong>de</strong> entrada. O local também<br />

não po<strong>de</strong> ser patrocinado<br />

nem ter referência a marcas. Já<br />

as partidas <strong>de</strong>vem ser transmitidas<br />

na íntegra e ao vivo, respeitando<br />

o intervalo comercial<br />

da programação. Nesta Copa,<br />

TV Globo e FoxSports são os<br />

<strong>de</strong>tentores oficias dos direitos<br />

<strong>de</strong> transmissão.<br />

LiBeraDo<br />

Mas nem só <strong>de</strong> restrições é<br />

feita a comunicação durante<br />

a Copa. “O que a publicida<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> fazer que, a princípio,<br />

não fere direitos <strong>de</strong> terceiros?<br />

Explorar a brasilida<strong>de</strong>, o nacionalismo<br />

e o patriotismo. Po<strong>de</strong><br />

enfatizar o ato <strong>de</strong> torcer, os símbolos<br />

nacionais, como o Hino e<br />

a Ban<strong>de</strong>ira”, explica Mariana.<br />

Às vésperas do mundial,<br />

se intensificam os holofotes<br />

sobre o torneio e, consequentemente,<br />

sobre seus patrocinadores.<br />

Para não ter dor <strong>de</strong><br />

cabeça, uma boa dica é consultar<br />

no site da Fifa o guia<br />

que serve para orientar o mercado<br />

publicitário. Atualmente,<br />

Coca-Cola, Budweiser e<br />

McDonald’s são apenas alguns<br />

dos patrocinadores oficiais do<br />

torneio e têm carta branca em<br />

sua comunicação. Pelo menos<br />

por parte da entida<strong>de</strong> internacional.<br />

“Sempre se imaginou<br />

que a Copa pertencesse<br />

ao povo, que todo mundo pu<strong>de</strong>sse<br />

se referir ao evento, inclusive,<br />

na propaganda, sem<br />

nenhum ônus ou autorização.<br />

Mas o torneio pertence à Fifa,<br />

assim como as Olimpíadas pertencem<br />

ao Comitê Olímpico<br />

Internacional. Na propaganda,<br />

mesmo que em referência indireta,<br />

a divulgação <strong>de</strong> produtos<br />

e serviços vinculados ao mundial<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> autorização”,<br />

finaliza Oliveira Filho.<br />

18 <strong>30</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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