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editorial<br />
Armando Ferrentini<br />
aferrentini@editorareferencia.com.br<br />
Por outro lado, pelo aspecto elogiável da ativida<strong>de</strong> publicitária, cuja históa<br />
escolha é nossa<br />
Este Editorial foi redigido na tar<strong>de</strong> da última sexta-feira (5), tendo em<br />
vista exigências técnicas da sua produção. É tentador, porém, falarmos<br />
sobre as eleições gerais (1º turno) realizadas em todo o Brasil no domingo<br />
(7), lembrando aos nossos leitores que têm acesso a uma parte da tiragem<br />
do impresso, ou à nossa versão online antes <strong>de</strong> irem às urnas, que o país<br />
precisa mudar, lembrando o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lampedusa em O Leopardo, longa<br />
<strong>de</strong> Luchino Visconti, Palma <strong>de</strong> Ouro em Cannes/1963, extraído da obra <strong>de</strong><br />
Giuseppe Tomasi <strong>de</strong> Lampedusa, narrando a odisseia <strong>de</strong> Fabrizio Corbera,<br />
príncipe <strong>de</strong> Salina.<br />
Porém, não como o famoso personagem apregoava, ao concluir que tudo<br />
precisava mudar para continuar na mesma.<br />
O Brasil, ao contrário, precisa mudar para não continuar na mesma. Vale<br />
a pena tentar, pois não temos mais como suportar do jeito que tem estado<br />
nos últimos anos. Por incúria <strong>de</strong> dirigentes mal preparados (e alguns, além<br />
disso, mal-intencionados), o país vem <strong>de</strong>scendo la<strong>de</strong>ira abaixo, com uma<br />
crise econômica que atingiu todas as classes sociais, vitimando como sempre<br />
<strong>de</strong> forma avassaladora os mais necessitados.<br />
Não po<strong>de</strong> se dar bem uma população que tem mais <strong>de</strong> 13 milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempregados,<br />
<strong>de</strong>ntre os que ostentam condições e necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho.<br />
Não se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> aqui nenhum candidato ou partido político. O que se quer,<br />
como <strong>de</strong> resto toda a nação minimamente apercebida e até por isso sem excessos<br />
<strong>de</strong> paixões partidárias, é o imediato restabelecimento da esperança<br />
no dia <strong>de</strong> amanhã. Porque, como John Keynes ensinou, “no longo prazo<br />
estaremos todos mortos”.<br />
A urgente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças po<strong>de</strong> ser vista na <strong>de</strong>morada paralisação<br />
do país, com sua economia estagnada, à espera <strong>de</strong> uma solução que não<br />
virá pelas mesmas cabeças que brecaram o <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Os que tiveram, mais <strong>de</strong> uma vez, a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mostrarem a que vieram<br />
e só fizeram por piorar o país <strong>de</strong>vem ce<strong>de</strong>r lugar a quem ainda não tentou<br />
e <strong>de</strong>monstra condições <strong>de</strong> fazê-lo.<br />
Simples assim e sem trapaças.<br />
***<br />
O mercado publicitário propositalmente <strong>de</strong>sacelerou nestas últimas semanas,<br />
aguardando o resultado das eleições e torcendo para que os mistificadores<br />
não tenham vez nas urnas. Mas, há algo que, qualquer que venha a<br />
ser o resultado das mesmas, tem <strong>de</strong> ser melhor analisado por esse argumento<br />
da economia, cujos responsáveis e colaboradores já foram chamados no<br />
passado <strong>de</strong> “profissionais da prosperida<strong>de</strong>”.<br />
Queremos nos referir a uma pequena, mas importante parte do setor publicitário<br />
que se especializou na propaganda política, fazendo muito dinheiro<br />
com isso, mas vitimando o país pelos exageros cometidos nesse tipo <strong>de</strong> comunicação<br />
<strong>de</strong> massa.<br />
Po<strong>de</strong>-se em um relance aferir o tamanho <strong>de</strong>sses erros e suas consequências<br />
nefastas à gran<strong>de</strong> maioria dos brasileiros, pela quantida<strong>de</strong> do envolvimento<br />
<strong>de</strong>sses profissionais e empresários do lucrativo segmento que chegou a<br />
ser chamado <strong>de</strong> marketing político, com todo tipo <strong>de</strong> falcatruas, objetivando<br />
a busca <strong>de</strong> recursos financeiros on<strong>de</strong> amiú<strong>de</strong> prevalece o vale-tudo.<br />
***<br />
ria <strong>de</strong> bons serviços prestados à coletivida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ser imensa é inesgotável,<br />
vemos inclusive exemplos no momento atual, <strong>de</strong> colaboração com a<br />
melhoria das condições gerais do país.<br />
Percebe-se em todos os players <strong>de</strong>sse importante mercado da comunicação,<br />
neste momento <strong>de</strong>cisivo para o Brasil, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> necessárias mudanças.<br />
Tomemos como exemplo o comercial ora em veiculação da Chevrolet para<br />
o Novo Cruze (agência WMcCann), que ven<strong>de</strong> o produto, sim, mas apregoa<br />
abertamente essa necessida<strong>de</strong>.<br />
A propaganda brasileira, antes tímida nesse particular, está apren<strong>de</strong>ndo aos<br />
poucos e sem per<strong>de</strong>r o seu foco principal, a se engajar na questão das agruras<br />
básicas do país. Até porque seus responsáveis (anunciantes, agências,<br />
mídia, produtoras, fornecedores e <strong>de</strong>mais setores que colaboram <strong>de</strong> uma<br />
forma ou <strong>de</strong> outra com esse vasto conjunto que é a comunicação) enten<strong>de</strong>ram<br />
que o equilíbrio do mercado e da sua economia representa a (boa) sobrevivência<br />
<strong>de</strong> todos. Esses mesmos importantes personagens têm aprendido<br />
também que <strong>de</strong>mocracia não é uma prática que serve para todo tipo<br />
<strong>de</strong> pensamento político. Há práticas políticas que a respeitam, <strong>de</strong>la fazendo<br />
sua base. Há outras que <strong>de</strong>la se aproveitam como disfarce, escon<strong>de</strong>ndo<br />
seus verda<strong>de</strong>iros objetivos, que mais cedo do que se supõe logo aparecem.<br />
***<br />
Chamamos a atenção do leitor, <strong>de</strong>ntro do quadro acima exposto, para a oportuna<br />
matéria <strong>de</strong> capa <strong>de</strong>sta edição do PROPMARK, assinada pelos jornalistas<br />
Danúbia Paraizo e Felipe Turlão, reportando e analisando anunciantes que se<br />
posicionam no atual <strong>de</strong>bate político para melhor se conectar com o público.<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma mudança <strong>de</strong> comportamento, embora ainda tênue <strong>de</strong>ntro<br />
do que representam essas empresas, no vasto espectro da comunicação comercial<br />
em nosso país. Mas, já é algo muito significativo, em um importante<br />
setor que sempre <strong>de</strong>u mostras <strong>de</strong> preferir ficar à margem dos fatos políticos.<br />
Tratava-se e ainda se trata em países do bloco que antigamente chamávamos<br />
<strong>de</strong> Terceiro Mundo, <strong>de</strong> um natural receio <strong>de</strong> retaliações por parte dos<br />
dominantes <strong>de</strong> plantão, aliado a uma con<strong>de</strong>nável – por que não dizer – <strong>de</strong>pendência<br />
dos políticos mais chegados a esse plantão.<br />
Mas, multidisciplinar aplicação dos preceitos da economia, em um mundo<br />
cada vez mais conectado, tem feito anunciantes saírem das sombras e se<br />
posicionarem politicamente. Cabe aqui, a propósito, a observação <strong>de</strong> uma<br />
jornalista da nossa Redação: “Estar em cima do muro já não é mais opção.<br />
No <strong>de</strong>bate com os candidatos à Presidência da República, na quinta-feira<br />
(4), na Globo, isso ficou bem claro: após ter chamado a atenção dos seus<br />
consumidores sobre o valor do voto consciente, com o lançamento <strong>de</strong> Whopper<br />
em Branco, durante o <strong>de</strong>bate na TV Record na semana anterior, o Burger<br />
King voltou a veicular o comercial, reforçando a mensagem”.<br />
É apenas um começo, mas é um bom começo. Os alheios que se cui<strong>de</strong>m.<br />
***<br />
Este Editorial é em homenagem à nossa inesquecível Angela Maria, que tanta<br />
gente alegrou (e fez pensar) com as suas interpretações, principalmente do<br />
nosso cancioneiro. É também em homenagem ao fabuloso Charles Aznavour,<br />
que nas suas incontáveis interpretações fez (e faz) milhões <strong>de</strong> pessoas chorarem,<br />
rirem e refletirem. Em Todas as Faces do Amor, a genialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem<br />
cantava puxando o ar do coração: “Tu... por teus mil e um atrativos/Jamais<br />
saberei quem tú és.../Tu mudas frequentemente <strong>de</strong> rosto e <strong>de</strong> aspecto.../<br />
Tu... quaisquer que sejam tua ida<strong>de</strong> e teu nome/Hora és um anjo... Ora um<br />
<strong>de</strong>mônio/Quando para mim tomas volta a volta/Todas as faces do amor...”<br />
jornal propmark - 8 <strong>de</strong> <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 3