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edição de 8 de outubro de 2018

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inspiração<br />

Diferença entre sprint e long run<br />

Existem momentos em que, por mais estratégico que a gente seja,<br />

<strong>de</strong>cisões rápidas precisam ser tomadas; o gás extra precisa ser dado<br />

Eduardo andradE<br />

Especial para o ProPMarK<br />

Um antigo chefe meu me <strong>de</strong>u um feedback<br />

dizendo que eu era uma pessoa <strong>de</strong><br />

sprint, mas não <strong>de</strong> long runs.<br />

Na mente <strong>de</strong>le e na continuação da conversa,<br />

ficou claro que, para ele, aquilo era<br />

um ponto negativo, pois a intenção era dizer<br />

que eu dava tiros curtos para resolver<br />

as coisas e não as planejava durante muito<br />

tempo.<br />

Foi uma conversa longa e superimportante,<br />

pois, por mais que na época eu não<br />

concordasse com ele, eu fiquei com aquilo<br />

cravado na cabeça para sempre.<br />

Precisei olhar e enten<strong>de</strong>r aspectos daquele<br />

feedback, <strong>de</strong> forma urgente, para provocar<br />

mudanças no meu comportamento.<br />

O primeiro aspecto foi enten<strong>de</strong>r se eu realmente<br />

era uma pessoa <strong>de</strong> sprint e o porquê<br />

disso.<br />

Será que eu era visto como uma pessoa<br />

assim porque só o envolvia nas urgências?<br />

Ou talvez porque eu me comportava como<br />

um gestor que só sabia resolver urgências e<br />

tinha pouco planejamento <strong>de</strong> longo prazo?<br />

O segundo ponto foi: será que é ruim ser<br />

um cara <strong>de</strong> sprint? Ou será que ficar sentado<br />

planejando muito tempo uma coisa e<br />

não ter uma ação sobre ela era realmente<br />

um ponto positivo? E o bom e velho “Done<br />

is better than perfect”?<br />

Enquanto meus pares planejavam algo,<br />

eu já po<strong>de</strong>ria ter feito quatro vezes aquilo.<br />

E, por fim, o mais importante não é se<br />

aquela característica estava certa ou errada,<br />

mas sim até on<strong>de</strong> ela me levaria, em que<br />

momento era bom, e em que momento me<br />

atrapalhava.<br />

No papel, aqui e agora, parece simples.<br />

Naquela época, foi dificílimo enten<strong>de</strong>r isso.<br />

Levei isso tão a sério na época, que até<br />

meu esporte eu coloquei em pauta.<br />

Foi por meio da corrida e da corrida <strong>de</strong><br />

montanha, que sempre foram minhas inspirações,<br />

que fui tentar enten<strong>de</strong>r por que<br />

eu era “sprint” e se, <strong>de</strong> fato, eu não era um<br />

“long run”.<br />

Eu, que já fazia algumas provas longas,<br />

<strong>de</strong>cidi fazer algumas ultramaratonas para<br />

enten<strong>de</strong>r como minha cabeça funcionava e<br />

se conseguiria ser planejado.<br />

Pu<strong>de</strong> perceber que não era apenas um<br />

sprint, mas que o sprint era fundamental<br />

para eu conseguir ser um long run.<br />

Eu tinha <strong>de</strong> aguentar treinos muito longos,<br />

ter uma cabeça tranquila para isso. Mas<br />

os long runs não eram os únicos treinos importantes.<br />

Treino <strong>de</strong> sprint era fundamental para<br />

melhorar minha agilida<strong>de</strong> nos terrenos,<br />

conseguir <strong>de</strong>sviar rapidamente dos obstáculos,<br />

sem per<strong>de</strong>r o ritmo da prova. Os dois<br />

eram fundamentais para mim. Não adiantava<br />

fazer um e não fazer o outro.<br />

Depois <strong>de</strong> tempos e muitos treinos, percebo<br />

que nem eu e nem meu ex-chefe estávamos<br />

certos. Sprint não é um perfil, mas<br />

sim uma habilida<strong>de</strong> que naquela época eu<br />

estava usando <strong>de</strong> forma errada.<br />

É preciso encontrar um meio <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />

em quais momentos dos nossos trabalhos,<br />

das nossas carreiras, dos nossos projetos,<br />

por mais long runs que eles sejam, será<br />

necessário dar sprints.<br />

E isso não <strong>de</strong>monstra que temos pensamento<br />

a curto prazo apenas, mas sim que<br />

sabemos nos mover, transformar e adaptar<br />

rápido.<br />

Existem momentos em que, por mais<br />

estratégico que a gente seja, <strong>de</strong>cisões rápidas<br />

precisam ser tomadas. Aquele gás extra<br />

precisa ser dado para atingirmos nossas<br />

metas.<br />

Long run não é uma característica. É toda<br />

a jornada, é o olhar lá na frente.<br />

Mas temos <strong>de</strong> ficar atentos para, se corrermos,<br />

não tropeçarmos nos buracos que<br />

aparecem no caminho.<br />

Eduardo Andra<strong>de</strong> é CBO e sócio da Bullet<br />

48 8 <strong>de</strong> <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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