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Revista Elas por Elas 2018

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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e doutorado. “Quando cheguei aqui,<br />

na primeira ou segunda semana de<br />

aula, fui à sala do café, para beber<br />

água, e lá estavam três colegas conversando.<br />

Depois de ser apresentada<br />

<strong>por</strong> um dos professores, um deles disse:<br />

'ah, agora fechou as cotas, não é?'<br />

E aí eu respondi: 'não, só está começando,<br />

daqui a pouco vamos chegar<br />

chutando a <strong>por</strong>ta'. Como ficou aquele<br />

clima, ele disse que tinha sido uma<br />

brincadeira, e eu respondi que também<br />

estava brincando”, relata Analise (foto),<br />

ao comentar situações de racismo que<br />

com frequência se observa nos corredores<br />

das universidades brasileiras.<br />

O triste episódio ilustra os vários<br />

percalços que as mulheres negras enfrentam<br />

cotidianamente para estar<br />

num espaço historicamente marcado<br />

pela presença de mulheres e homens<br />

brancos. Só recentemente, com a adoção<br />

de políticas públicas de ações afirmativas,<br />

é que as instituições de ensino<br />

superior do país passaram a ter uma<br />

maior presença da população negra<br />

em seus bancos escolares.<br />

No entanto, desafios como a falta<br />

de políticas de assistência estudantil<br />

ou a desvalorização dos saberes das<br />

“O desafio na graduação<br />

é a sobrevivência<br />

ao longo<br />

do curso, <strong>por</strong>que o<br />

corpo negro é<br />

aceito, mas o saber<br />

negro não”<br />

Sinpro Minas<br />

mulheres negras tornam a permanência<br />

delas no espaço acadêmico uma<br />

luta cotidiana, para enfrentar o preconceito<br />

racial e de gênero. Casos de<br />

violência simbólica na academia, em<br />

decorrência do racismo institucional,<br />

são frequentemente relatados <strong>por</strong> elas.<br />

“O desafio na graduação é a sobrevivência<br />

ao longo do curso, <strong>por</strong>que o<br />

corpo negro é aceito, mas o saber<br />

negro não. O currículo é eurocêntrico<br />

e não se abre à pluralidade e às múltiplas<br />

formas de viver e estar no mundo<br />

e no Brasil”, critica a estudante Miriam<br />

Laxuquê, mestranda no curso de Pedagogia<br />

da UFMG, para quem o desafio<br />

começa <strong>por</strong> ser mulher, negra, pobre<br />

e da periferia. “O sistema não nos dá<br />

o<strong>por</strong>tunidade para competir em condições<br />

de igualdade”.<br />

A falta de espaço para pesquisar a<br />

temática de gênero e racial na academia<br />

é um dos problemas relatados<br />

pela estudante. Segundo aponta, muitos<br />

professores se recusam a orientar<br />

alunos com essa proposta, <strong>por</strong> afirmarem<br />

desconhecer o assunto. Com<br />

isso, a universidade perpetua um quadro<br />

de silenciamento da realidade e<br />

do conhecimento das mulheres negras.<br />

“Ao longo da minha trajetória na graduação,<br />

presenciei vários relatos dessa<br />

natureza, <strong>por</strong>que é difícil na universidade<br />

ter espaços para esse tipo de<br />

debate, racial e de gênero. O professor<br />

diz que não conhece o conteúdo e não<br />

pode trabalhá-lo. Por aí se percebe<br />

que os espaços de pesquisas ainda são<br />

reservados às pessoas brancas”.<br />

De fato, os números de bolsas de<br />

mestrado, doutorado, iniciação científica<br />

e produtividade em pesquisa<br />

concedidas a pesquisadoras e alunas<br />

de graduação e pós-graduação no país<br />

revelam a disparidade racial. Segundo<br />

26 <strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Outubro <strong>2018</strong>

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