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Revista Elas por Elas 2018

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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Medo e silêncio<br />

Vocês acham que essas mulheres<br />

cometeram crime? Que deveriam ser<br />

condenadas a três anos de prisão em<br />

uma das penitenciárias do Brasil,<br />

como prevê o Código Penal brasileiro?<br />

É preciso lembrar: "Se todas que<br />

fizeram aborto estivessem na prisão<br />

hoje haveria um contingente de 4,7<br />

milhões de mulheres. Pelo menos<br />

cinco vezes o atual sistema prisional,<br />

que já é o quarto do mundo. Porque<br />

não há bom senso nessa conversa?<br />

Aborto não é matéria de prisão, é de<br />

cuidado, de proteção e prevenção",<br />

apontou a pesquisadora Débora Diniz,<br />

da Universidade de Brasília e do<br />

Instituto Anis de Bioética, em<br />

depoimento na audiência pública no<br />

Supremo Tribunal Federal (STF). Ela<br />

mostrou que uma em cada cinco<br />

mulheres brasileiras de até 40 anos já<br />

fez um aborto. “Pior ainda é que a<br />

criminalização tem impacto maior<br />

nas mulheres pobres, que acabam re -<br />

cor ren do a métodos inseguros para<br />

interromper a gravidez”, afirmou a<br />

pesquisadora, que foi aplaudida de pé.<br />

A luta pelo acesso universal ao aborto<br />

legal, seguro e gratuito teve início<br />

quando o Partido Socialismo e Liberdade<br />

(PSOL) e o Instituto Anis de Bioética<br />

apresentaram, em março de 2017,<br />

uma ação no STF reivindicando que<br />

mulheres com até 12 semanas de gestação<br />

não fossem consideradas criminosas<br />

se praticassem aborto. A ADPF<br />

(Arguição de Descumprimento de Preceito<br />

Fundamental), nome que recebeu<br />

a ação, trata a criminalização do aborto<br />

como o que é de fato: uma violência<br />

contra as mulheres.<br />

Atualmente, no Brasil, o Código Penal<br />

determina prisão de até três anos<br />

para as mulheres que praticam aborto,<br />

e investigação até de oito anos depois<br />

do ato. O medo da prisão e o silêncio<br />

imposto pela lei penal acentuam o sofrimento<br />

de grande parte dessas mulheres<br />

que, muitas vezes, já se encontram<br />

em situação de extrema vulnerabilidade.<br />

A criminalização ainda prejudica<br />

a discussão pública sobre o assunto,<br />

apesar de ser um fato comum<br />

na vida das brasileiras.<br />

A ADPF poderia mudar essa<br />

realidade. O texto argumenta que os<br />

artigos 124 e 126 do Código Penal, de<br />

1940, que tipificam o crime de aborto<br />

auto-provocado – ou feito <strong>por</strong> outra<br />

pessoa com o consentimento da<br />

gestante – violam os princípios cons -<br />

titucionais da dignidade da pessoa<br />

humana e da cidadania.<br />

A ação, relatada pela ministra Rosa<br />

Weber, em audiência pública, ouviu<br />

argumentações sobre o tema. Realizada<br />

nos dias 3 e 6 de agosto, abriu o<br />

sinal verde da esperança para as mulheres<br />

desse país.<br />

Próximos passos<br />

Mas o que vai acontecer a partir de<br />

agora? Quando o caso será julgado?<br />

Foram dois dias em que mais de 60<br />

pessoas expuseram experiências pessoais,<br />

opiniões e dados. As audiências<br />

públicas foram propostas ao STF para<br />

debater a referida ação, com assessoria<br />

técnica do Instituto de Bioética Anis,<br />

para que o aborto não seja considerado<br />

crime quando feito até a décima segunda<br />

semana de gravidez.<br />

Mídia Ninja<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Outubro <strong>2018</strong><br />

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