Revista Elas por Elas 2018
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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dentro da sua perspectiva social e privatização<br />
das políticas sociais com<br />
vistas a auferir lucros para o setor privado.<br />
Essas pessoas que vêm da inciativa<br />
privada não se preocupam com a questão<br />
pública e a saúde concebida como<br />
um direito assegurado pela nossa Constituição<br />
vigente. A política nacional de<br />
saúde, inequivocamente, será afetada<br />
com a privatização e consequente financeirização<br />
desse setor.<br />
Cumpre-nos salientar que a preocupação<br />
em garantir a saúde pública<br />
veio da percepção coletiva da sociedade,<br />
conectada com a luta pela democracia.<br />
Articulações pela saúde pública<br />
nasceram na resistência ao regime<br />
militar brasileiro e com princípios<br />
igualitários de universalidade e<br />
integralidade – que são princípios democráticos<br />
opostos aos interesses privatistas.<br />
O enriquecimento e o lucro<br />
pelo sofrimento alheio ou pela negação<br />
e/ou restrição do acesso à saúde é um<br />
crime contra a dignidade humana –<br />
princípio do qual o Brasil é signatário<br />
em diversos foros internacionais, inclusive<br />
perante órgãos da ONU (Organização<br />
das Nações Unidas).<br />
Sob a égide dessa realidade, é mister<br />
analisar que o risco da falência do<br />
SUS e a privatização da saúde representam,<br />
de fato, uma sentença de morte<br />
em médio ou até curto prazo para<br />
milhões de trabalhadores/as brasileiros/as<br />
que dependem do funcionamento<br />
dessa política. A superexploração<br />
de mão-de-obra do/a trabalhador/a<br />
bem como o desemprego e o subemprego<br />
– que tendem a se acirrar<br />
neste período pós aprovação da Reforma<br />
Trabalhista – o/a faz adoecer e<br />
não lhe permite o acesso necessário à<br />
saúde ou sequer às medidas preventivas<br />
que a garantam.<br />
Nesse nefasto contexto, todos os<br />
avanços conquistados na saúde da<br />
mulher, através do Plano Nacional de<br />
Ação Integral à Saúde da Mulher, são<br />
colocados em xeque, pois são medidas<br />
que nascem da ampliação do SUS, da<br />
sua compreensão e do foco na saúde<br />
da mulher.<br />
Saúde da mulher: foco<br />
primordial e diferenciado<br />
No debate da saúde, é necessário fortalecermos<br />
a luta feminista e sua im<strong>por</strong>tância.<br />
As especificidades da saúde<br />
da mulher requerem que tenhamos<br />
cuidado redobrado nessa análise. Os<br />
movimentos feministas sempre nos<br />
lembraram que a questão da saúde<br />
tem que agregar a diferença de gênero,<br />
pois temos que ter igual acesso aos<br />
direitos, respeitadas as diferenças biológias<br />
no campo da saúde. As peculiaridades<br />
que envolvem a saúde da<br />
mulher, como a atenção ginecológica,<br />
obstétrica, saúde preventiva, acesso a<br />
anticoncepcionais, dentre outras, nos<br />
“...o risco da falência do<br />
SUS e a privatização da<br />
saúde representam, de<br />
fato, uma sentença de<br />
morte em médio ou até<br />
curto prazo para milhões<br />
de trabalhadores/as<br />
brasileiros/as...”<br />
requer tomar a bandeira da saúde pública<br />
como uma luta feminista.<br />
Quando nos referimos à mulher<br />
trabalhadora, essa questão entra como<br />
um enfrentamento adicional pela manutenção<br />
dos seus direitos de trabalhadora<br />
e, aí sim, igualitários aos direitos<br />
trabalhistas dos homens. Pois<br />
é direito da mulher ser gestante e poder<br />
retornar em segurança ao seu trabalho;<br />
amamentar seus filhos sem ser<br />
discriminada pelo/a seu/sua chefe; receber<br />
o mesmo salário dos homens,<br />
pois possui igual ou maior competência<br />
e sabedoria para desenvolvimento<br />
de suas tarefas. As lutas não são desconectadas<br />
e são estandartes que as<br />
centrais sindicais devem abraçar e<br />
defender junto às feministas.<br />
Sendo o SUS um instrumento de<br />
uso prioritário pela classe trabalhadora,<br />
esse debate é inescapável aos seus representantes.<br />
Isso posto, é um debate<br />
próprio da mulher trabalhadora.<br />
Dentro do documento da Política<br />
Nacional de Assistência Integral à Saúde<br />
da Mulher, editado pelo Ministério<br />
da Saúde em 2004, a política pública<br />
de saúde deve ter “...um enfoque de<br />
gênero, a integralidade e a promoção<br />
da saúde como princípios norteadores<br />
e busca consolidar os avanços no campo<br />
dos direitos sexuais e reprodutivos,<br />
com ênfase na melhoria da atenção<br />
obstétrica, no planejamento familiar,<br />
na atenção ao abortamento inseguro<br />
e no combate à violência doméstica e<br />
sexual. Agrega, também, a prevenção<br />
e o tratamento de mulheres vivendo<br />
com HIV/aids e as <strong>por</strong>tadoras de doenças<br />
crônicas não transmissíveis e de<br />
câncer ginecológico. Além disso, amplia<br />
as ações para grupos historicamente<br />
alijados das políticas públicas, nas suas<br />
especificidades e necessidades”.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Outubro <strong>2018</strong><br />
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