Revista Elas por Elas 2018
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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A partir desse pensamento e diante<br />
da realidade de produção de músicas<br />
machistas em todas os estilos (sertanejo,<br />
funk, rock, MPB, samba, pagode,<br />
rap, etc), a grande questão é: até que<br />
ponto uma composição pode estimular<br />
mais violência? O fato de cantar sem<br />
questionar o que está sendo dito já é<br />
um sério problema. Para a historiadora,<br />
“além de pensar que a canção<br />
popular pode 'influenciar' seus ouvintes<br />
– que são sujeitos ativos, e sempre<br />
têm responsabilidade sobre suas<br />
ações no mundo – é interessante pensar<br />
em como ela pode naturalizar práticas<br />
culturais, atribuindo um valor<br />
positivo ou valorizando práticas antidemocráticas”,<br />
afirma.<br />
Míriam Hermeto (foto), ao destacar<br />
que a música popular é um produto<br />
cultural, que tem a dimensão artístico-cultural,<br />
política, estética e, claro,<br />
comercial, reforça que, “uma vez em<br />
circulação, os produtos sociais devem<br />
ser criticados e devem ser parte do<br />
debate social”. Ela ressalta que, politicamente,<br />
a ação dos movimentos sociais<br />
e dos sujeitos políticos deve incor<strong>por</strong>ar<br />
a crítica a esse viés de canções<br />
e músicas. “A instituição da censura<br />
“Sabe aquelas minas cachorra,<br />
piranha,<br />
sapeca / Então pode trazer<br />
elas que R7 dá um trato /<br />
Põe no pelo e goza nela”<br />
(“Adestrador de<br />
Cadela” – Mc Mm)<br />
Fernanda Sá Motta<br />
prévia, a meu ver, é um passo grande<br />
para o enterro da democracia. Os limites<br />
devem vir da sociedade, mesmo<br />
para os discursos de ódio. Uma vez<br />
denunciadas e julgadas – hoje, a legislação<br />
já nos permite essa forma de<br />
ação – as canções e outros produtos<br />
culturais podem ser "limitados" , defende<br />
Míriam Hermeto.<br />
Para a historiadora, a escola é<br />
lugar privilegiado para o debate sobre<br />
a realidade social – <strong>por</strong> mais que movimentos<br />
políticos radicais tentem,<br />
hoje, cercear esse debate, seja coibindo<br />
a escola e os professores de<br />
fazê-lo, seja não permitindo o confronto<br />
de diferentes posições. “A escola<br />
deve ser lugar de debater o que os<br />
estudantes, os professores e a comunidade<br />
escolar produzem, ouvem,<br />
vêm, consomem, creem. Só que isso<br />
deve ser feito a partir de duas bases<br />
fundamentais, que devem com<strong>por</strong> a<br />
escola como instituição social: a base<br />
ética, de respeito e legitimação do<br />
outro; e a base epistemológica, de tratamento<br />
adequado das temáticas, a<br />
partir das diferentes disciplinas/áreas<br />
do conhecimento”, afirma.<br />
As sutilezas da violência<br />
Em muitas músicas, antigas e atuais,<br />
o que vemos é muito sexismo e misoginia<br />
em vários tons de 'amor' – uma<br />
verdadeira romantização da violência.<br />
A cantora, compositora e dançarina<br />
do Grupo Folclórico Aruanda, Ana<br />
Luísa Cosse, se diz indignada com<br />
essa cultura que agride e objetifica a<br />
mulher. “É inquietante pensar na romantização<br />
de agressões, ciúmes, assédio,<br />
silenciamento e relacionamentos<br />
abusivos em letras de música. E o<br />
machismo não é só o que é explicito e<br />
98 <strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Outubro <strong>2018</strong>