Revista Elas por Elas 2018
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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humana. Para a diretora da União Nacional<br />
LGBT, liderança do Grupo Gay<br />
da Bahia (GGB) e da União de Negros<br />
pela Igualdade (UNEGRO/ Bahia), Millena<br />
Passos (foto), o passo agora é garantir<br />
que todas as pessoas trans possam<br />
ter acesso a esse direito. “Sabemos<br />
que para fazer o registro do nome<br />
social os cartórios cobram uma taxa<br />
que varia entre 300 e 500 reais, em<br />
todo o Brasil. Muita gente não tem<br />
como pagar e precisa descobrir mecanismos<br />
para baratear esse custo.<br />
Por isso, aqui na Bahia, entramos com<br />
ação coletiva no Ministério Público e<br />
na Defensoria Pública”, afirma.<br />
Enquanto isso, a falta do nome social<br />
favorece que também o atendimento<br />
médico seja transfóbico, afastando muitas<br />
pessoas dos consultórios. De acordo<br />
com a professora Duda Salabert, 80%<br />
das pessoas trans e travestis se autohormonizam<br />
pela falta de laudos, de<br />
acesso a médicos especializados, pela<br />
falta de informação de muitos desses<br />
profissionais sobre nossos corpos, pelo<br />
medo da transfobia, etc. “Precisamos<br />
que a transexualidade seja despatologizada<br />
e precisamos de mais ambulatórios<br />
trans, inclusive nos municípios<br />
do interior, e de mais formação nos<br />
cursos de medicina, pois vemos que a<br />
hormonização da pessoa trans não é<br />
estudada, pesquisada. Tanto é que não<br />
tem nenhuma medicação específica<br />
para nossos corpos”, finaliza.<br />
De acordo com o clínico Sidnei Faria,<br />
realmente é urgente uma mudança<br />
na base curricular da medicina no<br />
Brasil. “Alguns profissionais estudam<br />
sozinhos ou em grupos, mas não existe<br />
na nossa formação um estudo mais<br />
Arquivo pessoal<br />
aprofundado que permita um atendimento<br />
de qualidade da saúde da pessoa<br />
trans. Assim, o ambulatório trans<br />
do Hospital Eduardo de Menezes é<br />
também um espaço de formação: “passam<br />
<strong>por</strong> aqui conosco estudantes de<br />
psicologia e residentes de medicina<br />
de família e comunidade que vão atender<br />
pessoas trans nas suas unidades”.<br />
Sobre a prática da hormonização<br />
sem acompanhamento médico, o endocrinologista<br />
do ambulatório do Hospital<br />
Eduardo de Menezes, Eduardo<br />
Ribeiro Mundim, chama a atenção para<br />
os riscos à saúde. “No ambulatório, é<br />
comum chegar pessoas que começaram<br />
sozinhas. Algumas, de forma correta<br />
e outras absurdamente errada, <strong>por</strong>que<br />
alguém 'ensinou' ou viu na internet. É<br />
preciso informação, exames. Não pode<br />
ser feito no escuro, sem acompanhamento<br />
médico. Sozinho/a, como poderá<br />
avaliar os efeitos e reduzir a chance<br />
de efeitos colaterais?”, ressalta.<br />
Transfobia<br />
A patologização da identidade trans<br />
faz com que recaia nas pessoas transexuais<br />
e travestis uma grande carga<br />
de preconceito e discriminação, afetando<br />
sua saúde. O professor de taekwondo,<br />
Maykon Santana, de 20 anos,<br />
casado e com 2 filhos, é um exemplo<br />
dessa realidade. Com o tratamento<br />
<strong>por</strong> meio de hormônios, iniciado recentemente<br />
no ambulatório trans em<br />
BH, ele diz que se sente deprimido<br />
<strong>por</strong>que sofre discriminação. “É muito<br />
difícil conviver com pessoas que não<br />
nos respeitam. Não percebem que as<br />
palavras delas doem profundamente<br />
na gente. É pesado sofrer preconceito<br />
e discriminação o tempo todo, sem<br />
58 <strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Outubro <strong>2018</strong>