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“O IbOpe tem acOmpanhadO<br />
Os avançOs tecnOlógIcOs,<br />
mas é precIsO muIta<br />
cautela na hOra <strong>de</strong><br />
utIlIzar metOdOlOgIas<br />
e tecnOlOgIas nas<br />
pesquIsas eleItOraIs”<br />
Flavio Ferrari: “Transformações <strong>de</strong>vem ocorrer”<br />
não é infalível. Elas têm uma margem <strong>de</strong><br />
erro amostral associada porque não estamos<br />
entrevistando todo o universo”, observou.<br />
Segundo ela, a única metodologia que<br />
consegue acessar os eleitores ainda é face a<br />
face, pois as pesquisas realizadas por telefone,<br />
internet ou re<strong>de</strong>s sociais têm problema<br />
<strong>de</strong> acesso, pois nem todos os eleitores<br />
estão presentes nesses meios. No caso das<br />
pesquisas realizadas por URA (Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Resposta Automática) há o problema <strong>de</strong> autosseleção<br />
do entrevistado: respon<strong>de</strong> quem<br />
quer, e nem sempre é o suficiente. “O Ibope<br />
tem acompanhado os avanços tecnológicos,<br />
mas é preciso muita cautela na hora<br />
<strong>de</strong> utilizar metodologias e tecnologias nas<br />
pesquisas eleitorais”.<br />
Flavio Ferrari, consultor especializado<br />
em métricas <strong>de</strong> mídia e mentor do hub colaborativo<br />
SocialData, fala que as pesquisas<br />
clássicas já incorporaram alguns recursos<br />
tecnológicos como o uso <strong>de</strong> tablets, mas que<br />
questionários e a forma <strong>de</strong> abordar os entrevistados<br />
po<strong>de</strong>ria ser revista. “A diversida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> acesso no território brasileiro acaba fazendo<br />
com que os institutos não utilizem<br />
alguns recursos tecnológicos facilitadores,<br />
porque não po<strong>de</strong>riam ser utilizados <strong>de</strong> forma<br />
universal. Mudar a perspectiva po<strong>de</strong>ria<br />
reduzir custos e permitir o aumento das<br />
amostras, contribuindo para a acuracida<strong>de</strong><br />
das pesquisas”, comenta. Ele acredita que<br />
há transformações importantes ocorrendo<br />
na forma <strong>de</strong> coletar informações e em relação<br />
à compreensão do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />
do eleitor. “A socieda<strong>de</strong> está mais dinâmica<br />
e as mudanças aceleradas <strong>de</strong>ixam assuntos<br />
por discutir, que po<strong>de</strong>m ter forte influência<br />
no processo eleitoral. Um bom exemplo<br />
disso foi o fato <strong>de</strong> as razões que levaram à<br />
escolha dos candidatos pelo eleitor tiveram<br />
pouca relação com seus planos <strong>de</strong> governo<br />
e as propostas apresentadas”, observa.<br />
tinuarão válidas. A diferença agora é que as<br />
pesquisas <strong>de</strong>verão ser realizadas e divulgadas<br />
com maior rapi<strong>de</strong>z para acompanhar<br />
um eleitorado cada vez mais irrequieto e<br />
volúvel. São características do nosso momento<br />
político atual com muitos partidos,<br />
fragmentados por todo o país. Mesmo assim,<br />
as mudanças <strong>de</strong> comportamento que<br />
são realizadas no dia da eleição só serão <strong>de</strong>tectadas<br />
pelas pesquisas <strong>de</strong> boca <strong>de</strong> urna.<br />
E isso é válido para as eleições no mundo<br />
inteiro, não só as do Brasil”, afirma.<br />
Maurício Moura, CEO da I<strong>de</strong>a Big Data,<br />
acredita que o futuro das pesquisas, para<br />
além da coleta <strong>de</strong> dados mais rápida e barata<br />
a partir <strong>de</strong> mais recursos tecnológicos,<br />
passa por dois pilares: ouvir mais e perguntar<br />
menos. “As perguntas em si já produzem<br />
viés. Também não utilizar pesquisadores,<br />
acessar diretamente entrevistados. Utilizamos<br />
um sistema <strong>de</strong> crowdsourcing que<br />
acessa 800 mil pessoas hoje no Brasil que<br />
nos dá muita velocida<strong>de</strong> e precisão. Esse é<br />
o futuro”, acredita.<br />
Guto Graça, diretor do DataScript, afirma<br />
que os institutos <strong>de</strong> pesquisa terão <strong>de</strong> repensar<br />
seu papel, sua missão e negócio - se<br />
querem apresentar números e tendências<br />
ou se querem se configurar como um gran<strong>de</strong><br />
eleitor que agrega influência. “O que a<br />
gente chama <strong>de</strong> pesquisa? Aquela que vem<br />
estampada no jornal como se fosse uma<br />
peça publicitária?”, questiona. Graça aposta<br />
na soma <strong>de</strong> ferramentas: que as re<strong>de</strong>s<br />
sociais, por exemplo, sejam vistas <strong>de</strong> forma<br />
profissional. “Quem não usar Big Data está<br />
per<strong>de</strong>ndo uma oportunida<strong>de</strong>”.<br />
TeleVISÃo<br />
Se por um lado a propaganda eleitoral<br />
gratuita sai um pouco <strong>de</strong>sacreditada, isso<br />
não parece ter nada a ver com o meio em<br />
si, mas muito mais com o formato, que segue<br />
antiquado e com conteúdos em muitos<br />
casos totalmente fora <strong>de</strong> contexto e <strong>de</strong>sconectados<br />
das expectativas e anseios das<br />
pessoas. “O maior problema foi o conteúdo<br />
<strong>de</strong> certos candidatos. O que mudou é a ma-<br />
Guto Graça: “Institutos terão <strong>de</strong> repensar seu papel”<br />
mANUTeNÇÃo<br />
Montenegro, do Ibope, não aposta em<br />
gran<strong>de</strong>s mudanças no sistema <strong>de</strong> pesquisas<br />
eleitorais. “Acho que todas as técnicas conneira<br />
<strong>de</strong> utilizar o meio. Não po<strong>de</strong>mos responsabilizar<br />
o meio pela forma ina<strong>de</strong>quada<br />
<strong>de</strong> ser utilizado. Alguns ‘programas eleitorais’<br />
estavam completamente <strong>de</strong>sconectados<br />
dos anseios dos eleitores”, comenta<br />
Antonio Jorge Alaby Pinheiro, sócio da Mídia<br />
1 e presi<strong>de</strong>nte do Grupo <strong>de</strong> Mídia do Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro.<br />
A TV cresceu ao proporcionar a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> aprofundar i<strong>de</strong>ias em entrevistas<br />
e <strong>de</strong>bates, e serviu como contraponto interessante<br />
ao mar <strong>de</strong> fake news em que se<br />
transformaram as re<strong>de</strong>s sociais. Mas o fato é<br />
que os canais se retroalimentaram. No caso<br />
da Band, uma parceria com Google Trends<br />
e YouTube possibilitou três ações <strong>de</strong> muito<br />
sucesso: a sala digital, um estúdio <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates<br />
para os candidatos que analisava em<br />
tempo real as reações das pessoas em todo<br />
o Brasil; a transmissão ao vivo no canal <strong>de</strong><br />
jornalismo da Band e no YouTube, batendo<br />
recor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espectadores (390 mil assistindo<br />
ao mesmo tempo); e o <strong>de</strong>bate com<br />
youtubers influentes realizado no YouTube<br />
Space, no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Por sinal, a Band<br />
realizou o primeiro <strong>de</strong>bate entre candidatos<br />
à Presidência da República dia 9 <strong>de</strong> agosto,<br />
que praticamente abriu a campanha, conforme<br />
<strong>de</strong>staca André Luiz Costa, diretor-<br />
-executivo <strong>de</strong> jornalismo da Band.<br />
Segundo ele, o que ficou claro nestas<br />
eleições é que, especialmente com o envolvimento<br />
maior no ambiente digital, as audiências<br />
são complementares. “Analisando<br />
os números percebemos claramente como<br />
um po<strong>de</strong> impulsionar o outro”, disse.<br />
Flávio Ferrari fala que seu estudo <strong>de</strong>ixou<br />
claro que a mídia formal pauta as re<strong>de</strong>s sociais<br />
e <strong>de</strong>fine o que será discutido nas re<strong>de</strong>s,<br />
influenciando os acontecimentos no<br />
espaço social. Segundo ele, no caso da eleição<br />
presi<strong>de</strong>ncial, Bolsonaro sempre li<strong>de</strong>rou<br />
com folga o número <strong>de</strong> menções nas pautas<br />
sobre eleições na mídia formal, compensando<br />
seu menor tempo <strong>de</strong> exposição no<br />
primeiro turno. “Na nossa visão, garantir<br />
presença nas pautas da mídia formal é a<br />
base para uma campanha <strong>de</strong> sucesso”.<br />
jornal propmark - <strong>12</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 41