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edição de 24 de dezembro de 2018

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marketing & negócios<br />

As agências precisam<br />

promover seu valor<br />

mais profundo<br />

É mais do que hora <strong>de</strong> promoverem <strong>de</strong><br />

forma coletiva seu valor mais profundo,<br />

para além da propagação superficial<br />

PeopleImages/iStock<br />

Rafael Sampaio<br />

CEO da 4As (a Abap americana), Marla<br />

A Kaplowitz, <strong>de</strong>u uma oportuna entrevista<br />

para a Ad Age ressaltando que passou da<br />

hora <strong>de</strong> as agências serem acusadas, sem<br />

gran<strong>de</strong> reação pública e coletiva, <strong>de</strong> uma<br />

série <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos, muito <strong>de</strong>les não substanciados,<br />

na linha <strong>de</strong> ligarem pouco para os<br />

problemas <strong>de</strong> seus clientes ou serem <strong>de</strong>scuidadas<br />

com seus investimentos.<br />

Ela falou na esteira da conclusão da<br />

investigação do Departamento <strong>de</strong> Justiça<br />

(DOJ) dos Estados Unidos sobre cinco<br />

gran<strong>de</strong>s holdings do setor - Omnicom, Publicis<br />

Groupe, WPP, IPG e MDC Partners<br />

-, a respeito <strong>de</strong> manterem práticas pouco<br />

recomendáveis <strong>de</strong> “empurrar” empresas<br />

<strong>de</strong> produção por elas controladas para os<br />

clientes das agências que estão nas re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>.<br />

Como o DOJ conclui que as <strong>de</strong>núncias<br />

não tinham fundamento, Marla rompeu o<br />

silêncio que manteve durante as investigações<br />

e aproveitou tanto para reclamar da<br />

onda <strong>de</strong> reclamações <strong>de</strong> clientes, veículos<br />

e outros tipos <strong>de</strong> competidores a respeito<br />

da “longa” lista <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências das agências<br />

como para instá-las a se posicionarem<br />

<strong>de</strong> forma mais institucional, ativa e coletiva<br />

sobre seus predicados e sua relevância<br />

no setor, especialmente o valor que geram<br />

para as marcas que administram e as empresas<br />

anunciantes a que servem, além<br />

da própria contribuição ao ecossistema do<br />

mercado publicitário.<br />

De fato, essas questões não se limitam<br />

ao mercado americano, são praticamente<br />

universais, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fora o Brasil,<br />

evi<strong>de</strong>ntemente. Empresas que concorrem<br />

indiretamente com elas, anunciantes, a<br />

mídia especializada e as próprias agências<br />

não se cansam <strong>de</strong> apontar <strong>de</strong>feitos e ina<strong>de</strong>quações<br />

conceituais e operacionais <strong>de</strong>las.<br />

Na outra mão, a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>las é feita pela<br />

promoção <strong>de</strong> suas peculiarida<strong>de</strong>s, premiações,<br />

vantagens sobre as <strong>de</strong>mais e todo o<br />

tipo que faz cada uma ser distinta <strong>de</strong> todas<br />

as outras. Pouco se fala das características<br />

e benefícios comuns ao conjunto das<br />

agências. Falta tanto esprit <strong>de</strong> corps para a<br />

categoria como a visão estratégica <strong>de</strong> que,<br />

quanto maior for o valor coletivo do conjunto<br />

das agências, mais fácil será a promoção<br />

<strong>de</strong> suas individualida<strong>de</strong>s e a valoração<br />

<strong>de</strong> cada uma.<br />

Nem sempre foi assim, é claro, pois durante<br />

décadas a união entre as agências foi<br />

maior e o trabalho <strong>de</strong> propagação e promoção<br />

<strong>de</strong> sua função no setor publicitário, feito<br />

com voz mais ativa e positiva.<br />

Nas palavras <strong>de</strong> Marla, que a rigor se<br />

aplicam em todos os mercados, “as agências<br />

precisam dizer ‘não’. Elas não <strong>de</strong>vem<br />

ser obrigadas a receber em 120 ou 180 dias,<br />

pois têm pessoas para pagar, tecnologias<br />

nas quais <strong>de</strong>vem investir e há muito trabalho<br />

que precisa ser feito. Temos, então um<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio: assegurar que elas sejam<br />

valorizadas pelo que prestam e pelas pessoas<br />

que empregam”.<br />

As agências não são perfeitas e têm sua<br />

dose <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências, <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos e até alguns<br />

pecados. Mas, a rigor, todos do setor<br />

publicitário também têm, incluindo os<br />

clientes-anunciantes.<br />

O que elas não <strong>de</strong>vem é apanhar caladas,<br />

sem maiores reações, inclusive, e principalmente,<br />

coletivas. E muito menos <strong>de</strong>vem<br />

continuar agindo como avestruzes, fazendo<br />

que não estavam vendo o perigo; ou como<br />

hienas, que ficam rindo da <strong>de</strong>sgraça das<br />

companheiras.<br />

As agências são essenciais para a prosperida<strong>de</strong><br />

do ecossistema do mercado publicitário,<br />

começando pela sua contribuição <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> mérito para construir o valor das<br />

marcas e os negócios dos clientes, para maximizar<br />

o efeito da mídia veiculando publicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> maior eficiência e eficácia e até<br />

para reconhecer o <strong>de</strong>vido valor ao setor <strong>de</strong><br />

produção, que só chegou ao elevado padrão<br />

que tem hoje pela influência qualitativa recebida<br />

das agências.<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafael.sampaio@uol.com.br<br />

34 <strong>24</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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