Jornal das Oficinas 161
- No tags were found...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
17<br />
km. Já 83% dos inquiridos nacionais é<br />
da opinião que um veículo elétrico é<br />
mais económico (6% acima do valor<br />
médio registado), por exigir menos manutenção<br />
e por gastar menos energia.<br />
n SERÃO OS VE ECOLÓGICOS?<br />
Eis outra questão pertinente. Depende<br />
da origem da eletricidade. Se,<br />
de momento, o argumento económico<br />
não é totalmente favorável aos veículos<br />
elétricos, o seu impacto positivo<br />
na qualidade do ar poderá pesar na<br />
balança. 89% dos inquiridos considera<br />
os veículos elétricos ecológicos, ou<br />
seja, sem resíduos poluentes no ambiente<br />
citadino. E os portugueses são<br />
os que mais parecem concordar com<br />
esta afirmação: 94% (+5% do que a<br />
média do estudo). Quando confrontados<br />
com a possibilidade de a utilização<br />
massiva de veículos elétricos nas zonas<br />
urbanas permitir reduzir, significativamente,<br />
a poluição (partículas finas<br />
e óxidos de azoto, entre outros), as<br />
percentagens são bastante semelhantes.<br />
89% da média global do estudo<br />
diz estar “Completamente de acordo” e<br />
“Bastante de acordo”. Também aqui, a<br />
grande maioria dos portugueses (94%)<br />
parece concordar.<br />
Ainda que estas respostas pareçam<br />
óbvias, a maioria dos inquiridos sublinha<br />
que a inocuidade ambiental global<br />
dos veículos elétricos depende do<br />
modo de produção da eletricidade. Na<br />
verdade, para 88% do número total de<br />
inquiridos, a produção e o tratamento<br />
41%<br />
dos portugueses refere que o tempo de carregamento<br />
é um óbice à compra de um veículo elétrico *<br />
de baterias usa<strong>das</strong> são problemas ambientais<br />
graves, com especial destaque<br />
para as respostas de Portugal (91%).<br />
Quanto à questão ambiental resultante<br />
do tratamento <strong>das</strong> baterias usa<strong>das</strong>, é<br />
um facto que a generalidade dos países<br />
inquiridos apresenta valores muito<br />
elevados, salientando a gravidade do<br />
tema. Num balanço global, a produção,<br />
a utilização e o desmantelamento<br />
dos veículos elétricos em termos de<br />
emissões de gases com efeitos de estufa<br />
(GEE) é, para 34% dos inquiridos,<br />
inferior ao de um veículo de combustão,<br />
para 16% equivalem ao de um veículo<br />
de combustão, para 14% superior<br />
ao de um veículo de combustão e para<br />
www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com<br />
os restantes 36% depende do modo<br />
como é produzida a eletricidade que<br />
vai carregar a bateria e do modo como<br />
as baterias são monta<strong>das</strong> e recicla<strong>das</strong>.<br />
Numa análise mais detalhada ao<br />
caso português, 11% dos inquiridos<br />
acha que um veículo elétrico emite<br />
GEE a níveis superiores aos de um veículo<br />
de combustão. Para 9%, os valores<br />
são equivalentes, 38% considera<br />
que a emissão de GEE é inferior à dos<br />
veículos a combustão e 42% lembra<br />
que esse balanço só pode ser feito de<br />
acordo com a forma como é produzida<br />
a eletricidade que vai carregar a<br />
bateria e de que modo as baterias são<br />
monta<strong>das</strong> e recicla<strong>das</strong>.<br />
60%<br />
dos portugueses aponta o elevado preço como um<br />
obstáculo à aquisição de um veículo elétrico *<br />
* O Observador Cetelem 2019<br />
n FUTURO INCERTO<br />
Independente dos resultados do estudo<br />
d’O Observador Cetelem 2019,<br />
o futuro dos veículos elétricos parece<br />
incerto. As análises económicas e de<br />
marketing, bem como as previsões,<br />
foram realiza<strong>das</strong> em parceria com a<br />
empresa de estudos e consultoria<br />
C-Ways (www.c-ways.com), especializada<br />
em Marketing de Antecipação.<br />
“Eletrificação” é o caminho, sem dúvida,<br />
mas a solução para o futuro da<br />
mobilidade poderá estar mesmo nos<br />
modelos híbridos e híbridos plug-in.<br />
Portanto, os motores de combustão<br />
estão para lavar e durar. E para adensar<br />
ainda mais a discussão em torno<br />
desta temática, importa ter em conta a<br />
origem da energia elétrica necessária<br />
para alimentar um futuro feito apenas<br />
de veículos elétricos. Ou as emissões<br />
gera<strong>das</strong> na produção de um veículo<br />
elétrico. Ou a reciclagem <strong>das</strong> baterias.<br />
Ou o facto de o número de postos de<br />
carregamento público não conseguir<br />
dar resposta aos veículos elétricos que<br />
circulam no nosso país. Ou a teoria<br />
que defende que, se todos os veículos<br />
passassem, hoje, a elétricos, as<br />
reservas naturais do Lítio necessário<br />
para fazer baterias acabavam em<br />
cinco anos (e, não havendo Lítio,<br />
como se fazem as baterias?). Ou a<br />
saída da dependência dos países<br />
produtores de petróleo com os<br />
veículos elétricos para passarmos<br />
a entrar na dependência dos países<br />
produtores de Lítio e de baterias.<br />
Por tudo isto, o aftermarket não parece<br />
ter, por enquanto, motivos para grandes<br />
preocupações. Terá de preparar-se para<br />
uma (eventual) mudança de paradigma,<br />
sim, mas isso ainda levará o seu tempo.<br />
Já o Governo, terá de criar mecanismos<br />
(leiam-se infraestruturas e incentivos)<br />
para que os veículos elétricos possam<br />
ser a solução mais viável para o futuro<br />
da mobilidade, assegurando o processo<br />
de transição. Os construtores de automóveis,<br />
de componentes e de sistemas<br />
vão cumprindo o seu papel, criando<br />
novas soluções. Quanto aos consumidores,<br />
continuarão a comprar veículos<br />
elétricos fruto de uma certa ousadia,<br />
sempre na expectativa de que o futuro<br />
possa ser mais “eletrizante”. Esta não é<br />
a visão de um pessimista, mas de um<br />
otimista esclarecido. ✱<br />
2019 I Abril