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EXAME Abril 2020

Nesta edição analisamos o impacto da crise provocada pelo Covid 19 a nível global, no continente africano e em Moçambique, recorrendo à opinião de diversos especialistas. Mas não só. Procuramos também opiniões de como sair dela. A secção Inovação apresenta um conjunto de iniciativas que se estão a desenvolver para o ataque a este vírus. E a resposta só pode vir da inovação.

Nesta edição analisamos o impacto da crise provocada pelo Covid 19 a nível global, no continente africano e em Moçambique, recorrendo à opinião de diversos especialistas. Mas não só. Procuramos também opiniões de como sair dela.
A secção Inovação apresenta um conjunto de iniciativas que se estão a desenvolver para o ataque a este vírus. E a resposta só pode vir da inovação.

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ÁFRICA QUER PERDÃO DE DÍVIDA POR TRÊS ANOS<br />

O impacto da recessão originada pela pandemia vai prolongar-se<br />

em África por três anos, pelo que o continente pede<br />

que, nesse período, os países que o integram sejam libertados<br />

dos encargos da dívida. Esta a conclusão do segundo<br />

encontro dos ministros das Finanças africanos, liderado pela<br />

secretária-executiva da Comissão Económica das Nações<br />

Unidas para África (UNECA), realizada por videoconferência,<br />

com alguns dos ministros a usarem máscaras. Os governantes<br />

defenderam que o continente “está a enfrentar um<br />

profundo e sincronizado abrandamento económico e que<br />

a recuperação pode demorar até três anos”. O pedido de<br />

perdão de dívida, já formulado uma semana antes, mas só<br />

por um ano, foi alargado no início deste mês a todo o tipo<br />

de dívida e a todos os países do continente durante os próximos<br />

três anos. “Os ministros pediram um alívio da dívida<br />

por parte dos parceiros bilaterais, multilaterais e comerciais<br />

com o apoio de instituições financeiras multilaterais e bilaterais,<br />

como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial<br />

e a União Europeia, para garantir que os países africanos<br />

garantem a margem orçamental de que precisam para lidarem<br />

com a crise da COVID-19”, lê-se no comunicado divulgado<br />

no final da reunião. “Dado que a economia global entrou<br />

num período sincronizado de abrandamento, com a recuperação<br />

a só dever acontecer dentro de 24 a 36 meses, os parceiros<br />

para o desenvolvimento devem considerar um alívio<br />

financeiro e um perdão dos juros durante dois a três anos<br />

para todos os países africanos, sejam de baixo ou de médio<br />

rendimento”, escrevem os governantes. Os países africanos<br />

continuam a focar a despesa nas necessidades de saúde exigidas<br />

pela pandemia.<br />

A ideia do perdão da dívida foi lançada pelo Fundo Monetário<br />

Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM): “Com efeito<br />

imediato, e consistente com as leis nacionais dos países credores,<br />

o Grupo BM e o FMI apelam a todos os credores oficiais<br />

bilaterais que suspendam os pagamentos de dívida<br />

dos países [abrangidos pela] Associação para o Desenvolvimento<br />

Internacional (IDA, na sigla em inglês) que assim<br />

o solicitem”, lê-se num comunicado conjunto. “Isto vai ajudar<br />

os países com necessidades imediatas de liquidez a lidarem<br />

com os desafios colocados pela pandemia do novo coronavírus<br />

e dar tempo para uma análise do impacto da crise e<br />

sobre as necessidades de financiamento para cada país.”<br />

A IDA é uma instituição que funciona no âmbito do Banco<br />

Mundial com a missão de apoiar os 76 países mais pobres,<br />

entre os quais estão todos os países lusófonos africanos,<br />

à excepção de Angola e Guiné Equatorial.<br />

“O FMI e o BM acreditam que neste momento é imperativo<br />

fornecer um sentimento global de alívio aos países em<br />

desenvolvimento, bem como um forte sinal aos mercados<br />

financeiros”, conclui-se no comunicado, que incide apenas<br />

sobre a dívida bilateral e não sobre a dívida emitida nos<br />

mercados internacionais e detida por investidores privados<br />

ou institucionais.<br />

Tim Jones, economista-chefe da ONG Comité para o Jubileu<br />

da Dívida, argumenta que a pandemia da COVID-19 “torna<br />

ainda mais vital” que Moçambique não pague as dívidas<br />

ocultas, defendendo uma moratória sobre as outras dívidas.<br />

O dinheiro, vincou, “precisa de ficar em Moçambique para<br />

ajudar a financiar os serviços de saúde e lidar com a crise<br />

económica e a queda nos preços das matérias-primas”. Para<br />

o economista-chefe desta organização que defende a emissão<br />

de dívida de forma responsável, “também é preciso uma<br />

moratória nos pagamentos de dívida a outros credores externos”.<br />

Um estudo da ONG conclui que os juros de nova dívida<br />

pública para mercados emergentes subiu para uma taxa de<br />

10% desde o final de Fevereiro.<br />

D.R.<br />

abril <strong>2020</strong> | 27

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