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EXAME Abril 2020

Nesta edição analisamos o impacto da crise provocada pelo Covid 19 a nível global, no continente africano e em Moçambique, recorrendo à opinião de diversos especialistas. Mas não só. Procuramos também opiniões de como sair dela. A secção Inovação apresenta um conjunto de iniciativas que se estão a desenvolver para o ataque a este vírus. E a resposta só pode vir da inovação.

Nesta edição analisamos o impacto da crise provocada pelo Covid 19 a nível global, no continente africano e em Moçambique, recorrendo à opinião de diversos especialistas. Mas não só. Procuramos também opiniões de como sair dela.
A secção Inovação apresenta um conjunto de iniciativas que se estão a desenvolver para o ataque a este vírus. E a resposta só pode vir da inovação.

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TECNOLOGIA STREAMING<br />

HANS-HOLGER ALBRECHT:<br />

Lidera o maior concorrente<br />

do Spotify<br />

O executivo alemão Hans-Holger<br />

Albrecht é presidente mundial da<br />

francesa Deezer, que rivaliza com o<br />

Spotify. Com 56 milhões de músicas,<br />

a Deezer aposta em parcerias e artistas<br />

locais para crescer.<br />

Como é que as aplicações<br />

mudaram<br />

a música nos últimos anos?<br />

Foram uma das maiores revoluções<br />

do mercado. O sector voltou a crescer<br />

por sua causa. Para o consumidor,<br />

a experiência de ouvir música<br />

tornou-se mais personalizada.<br />

Qual foi o impacto das aplicações<br />

na pirataria?<br />

As aplicações surgiram das ruínas<br />

da indústria, abalada pela pirataria.<br />

Ajudaram a formalizar alguns mercados.<br />

A Suécia tinha altos índices<br />

de pirataria. Hoje tem um grande<br />

número de assinantes.<br />

D.R.<br />

UMA SAÍDA<br />

CONTRA A<br />

PIRATARIA<br />

Para o presidente da<br />

francesa Deezer, os serviços<br />

de streaming ajudaram a<br />

combater a partilha ilegal<br />

de música na Internet<br />

Porque assistimos a um aumento<br />

de interesse por podcasts?<br />

A qualidade das produções aumentou<br />

com o investimento das empresas<br />

de streaming de música. Hoje<br />

há mais espaço para os podcasts.<br />

No último ano, no Brasil, o consumo<br />

aumentou 67% na Deezer.<br />

Qual é a estratégia de expansão<br />

global da Deezer?<br />

Oferecer músicas locais. No Brasil,<br />

somos fortes com o sertanejo. Organizamos<br />

eventos e temos ainda um<br />

sistema de pagamento diferenciado<br />

para os artistas regionais. Se alguém<br />

ouve música sertaneja o dia todo em<br />

São Paulo, o dinheiro gerado [por<br />

esse assinante] vai para esses artistas.<br />

Como é feita a partição da receita<br />

com as gravadoras?<br />

Antes, pagávamos 100% da receita<br />

gerada pela reprodução de músicas.<br />

Em 2017 esse valor diminuiu para<br />

os 80%. Actualmente, está entre os<br />

60% e os 70%.<br />

Qual é o grau de importância do<br />

Brasil<br />

na estratégia da Deezer?<br />

O país está entre os três maiores mercados.<br />

Temos uma parceria de gratuidade<br />

com a operadora TIM que é<br />

Have no Name, de 1987, o vocalista Bono<br />

Vox só começa a cantar perto dos 2 minutos,<br />

entre os quase 6 de duração. Numa<br />

música deste ano dos U2, Ahimsa, com<br />

menos de 4 minutos, a introdução tem<br />

pouco mais de 10 segundos. Segundo a<br />

Associação Americana de Editores Musicais,<br />

13% do valor das reproduções de<br />

uma canção vai para o bolso do artista.<br />

Em busca de diferenciação, a francesa<br />

Deezer, uma das maiores rivais do Spotify,<br />

segue um modelo de pagamento<br />

que contempla os artistas que não têm<br />

milhões de reproduções. “Se alguém<br />

ouve música sertaneja o dia todo em São<br />

Paulo, o dinheiro gerado [por esse assinante]<br />

vai para esses artistas”, explica o<br />

executivo alemão Hans-Holger Albrecht,<br />

presidente mundial da Deezer (entrevista<br />

ao lado). Noutras plataformas, o dinheiro<br />

das assinaturas é somado, para depois<br />

ser dividido entre os artistas de todo o<br />

mundo com base no número de reproduções.<br />

O Brasil não tem empresas relevantes<br />

no mercado global de streaming<br />

de música. A de maior renome é a gaúcha<br />

Superplayer, que oferece um serviço<br />

baseado em listas temáticas. Para Robson<br />

Del Fiol, sócio da consultora KPMG,<br />

as empresas que saíram à frente no mercado<br />

global têm grande vantagem. “É um<br />

mercado consolidado e dominado pelas<br />

plataformas estrangeiras, já têm grandes<br />

bases de utilizadores e dificilmente<br />

serão vencidas por startups”, diz Del Fiol.<br />

Para ele, até o Google tem dificuldade em<br />

fazer crescer o serviço YouTube Music,<br />

que tem 15 milhões de assinantes, uma<br />

vez que as pessoas preferem ouvir músicas<br />

nos vídeos do YouTube, de graça.<br />

No novo cenário da indústria da música,<br />

o papel das aplicações é posicionarem-<br />

-se como emissoras de rádio particulares<br />

para cada utilizador, tarefa que só<br />

pode ser realizada com a ajuda da tecnologia.<br />

“Quem conseguir entender o comportamento<br />

do consumidor e oferecer as<br />

melhores experiências vai diferenciar-se”,<br />

diz Clarissa Gaiatto, directora de transformação<br />

digital da consultora Deloitte.<br />

Na música, a media física tornou-se um<br />

nicho, e a receita, agora, vem das aplicações,<br />

cada vez mais personalizadas.b<br />

72 | Exame Moçambique

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