EXAME Abril 2020
Nesta edição analisamos o impacto da crise provocada pelo Covid 19 a nível global, no continente africano e em Moçambique, recorrendo à opinião de diversos especialistas. Mas não só. Procuramos também opiniões de como sair dela. A secção Inovação apresenta um conjunto de iniciativas que se estão a desenvolver para o ataque a este vírus. E a resposta só pode vir da inovação.
Nesta edição analisamos o impacto da crise provocada pelo Covid 19 a nível global, no continente africano e em Moçambique, recorrendo à opinião de diversos especialistas. Mas não só. Procuramos também opiniões de como sair dela.
A secção Inovação apresenta um conjunto de iniciativas que se estão a desenvolver para o ataque a este vírus. E a resposta só pode vir da inovação.
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D.R.<br />
PROMESSA<br />
DE REMÉDIOS<br />
A investigação científica indica que alguns medicamentos<br />
mostraram-se eficazes no combate ao vírus pandémico<br />
LUCAS AGRELA<br />
e G Suite Education”. A chinesa Alibaba,<br />
que pontifica nos negócios on-line, abriu<br />
aos residentes na província de Hubei, onde<br />
começou o tsunami sanitário que invadiu<br />
o planeta, a utilização gratuita dos seus<br />
serviços de telemedicina. Ainda na China,<br />
outra gigante da Internet, a Baidu, estabeleceu<br />
um fundo de 35 milhões de dólares<br />
para pesquisa e desenvolvimento de cura<br />
do coronavírus, bem como para medidas<br />
de prevenção a longo prazo.b<br />
Hidroxicloroquina, cloroquina e<br />
remdesivir. São estes os medicamentos<br />
que, segundo estudos<br />
científicos, podem ser<br />
eficazes no combate ao novo<br />
coronavírus. A hidroxicloroquina é a mais<br />
promissora. O remédio é utilizado no tratamento<br />
da malária desde a década de 1930,<br />
mas também já foi usado para combater<br />
doenças como a artrite reumatóide e o lúpus.<br />
Chegou a ser substituído recentemente por<br />
outros porque o protozoário parasita plasmodium<br />
falciparum, causador da malária,<br />
tornou-se resistente à sua acção. A hidroxicloroquina<br />
podia ser utilizada para prevenir<br />
ou combater a malária. O medicamento<br />
já se havia revelado eficaz contra a SARS,<br />
uma doença respiratória aguda que surgiu<br />
na China em 2002 e pertencente ao grupo<br />
coronavírus, assim como o vírus causador<br />
da actual pandemia de COVID-19. Num<br />
estudo publicado por cientistas chineses<br />
a 18 de Março na revista científica Nature,<br />
as drogas hidroxicloroquina e remdesivir<br />
mostraram-se capazes de inibir a infecção<br />
do SARS-CoV-2 (nome do novo coronavírus)<br />
em simulação in vitro. Outro estudo<br />
realizado em França, pelo Instituto Mediterrâneo<br />
de Infecção de Marselha, publicado<br />
no periódico científico International<br />
Journal of Antimicrobial Agents, mostra<br />
que a hidroxicloroquina teve um desempenho<br />
positivo. Em alguns casos, foi utilizado<br />
também um antibiótico chamado<br />
azitromicina, que combate infecções pulmonares<br />
causadas por bactérias.<br />
Numa experiência efectuada com dois<br />
grupos, tendo um recebido o medicamento<br />
e outro não, o resultado da droga no combate<br />
ao novo coronavírus foi eficaz. O antibiótico<br />
azitromicina foi usado em conjunto<br />
com a cloroquina, como no estudo frealizado<br />
em França.<br />
Gregory Rigano é orientador de pesquisa<br />
na Universidade de Stanford, nos Estados<br />
Unidos, e co-autor de um estudo sobre o<br />
uso de hidroxicloroquina em humanos para<br />
combater o coronavírus. O estudo ainda<br />
não foi publicado, mas Rigano já concedeu<br />
uma entrevista a uma rádio americana<br />
sobre o tema. “Este será o estudo<br />
mais importante a ser lançado sobre o<br />
tema. Ponto”, disse Rigano. O bilionário<br />
Elon Musk também admite que o medicamento<br />
poderia ser eficaz contra o COVID-<br />
-19. Apesar de promissor, o medicamento<br />
ainda carece de mais testes clínicos antes<br />
de ser distribuído amplamente à população<br />
de forma segura. Por isso, Donald Trump,<br />
Presidente dos Estados Unidos, pediu que<br />
a Food and Drug Administration seja ágil<br />
com o processo de testes e aprovação do<br />
medicamento. Face à falta de aprovações<br />
clínicas do uso da hidroxicloroquina, a<br />
automedicação não é recomendada pelos<br />
médicos e investigadores. b<br />
abril <strong>2020</strong> | 95