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EXAME Abril 2020

Nesta edição analisamos o impacto da crise provocada pelo Covid 19 a nível global, no continente africano e em Moçambique, recorrendo à opinião de diversos especialistas. Mas não só. Procuramos também opiniões de como sair dela. A secção Inovação apresenta um conjunto de iniciativas que se estão a desenvolver para o ataque a este vírus. E a resposta só pode vir da inovação.

Nesta edição analisamos o impacto da crise provocada pelo Covid 19 a nível global, no continente africano e em Moçambique, recorrendo à opinião de diversos especialistas. Mas não só. Procuramos também opiniões de como sair dela.
A secção Inovação apresenta um conjunto de iniciativas que se estão a desenvolver para o ataque a este vírus. E a resposta só pode vir da inovação.

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CAPA PANDEMIA<br />

A PANDEMIA E O GÁS NATURAL<br />

Mesmo que o petróleo se mantenha em patamares muito baixos<br />

(o preço do barril já rondou os 20 dólares), os preços do<br />

gás natural liquefeito podem aumentar no final desta década.<br />

No entanto, o “efeito cascata” da quebra dos preços do petróleo<br />

pode contagiar o gás natural, pondo em causa as decisões<br />

finais de investimento em relação a novos projectos de exploração<br />

de gás, de acordo com a Bloomberg, que lembra que<br />

há quase 20 megaprojectos em busca de financiamento pelos<br />

investidores internacionais, depois de um número recorde ter<br />

atingido o marco crítico da Decisão Final de Investimento (FID,<br />

na sigla em inglês) no ano passado, e que já antes da queda dos<br />

preços do petróleo e das perturbações mundiais decorrentes<br />

da pandemia de COVID-19 “os promotores dos projectos estavam<br />

sob pressão devido à queda dos preços do gás, temperaturas<br />

quentes para o Inverno e restrições na procura”. “Com<br />

uma pressão para a descida dos preços no gás natural e com os<br />

preços do petróleo já baixos, alguns projectos podem começar<br />

a parecer realmente pouco rentáveis”, disse Jeff Moore, analista<br />

da consultora especializada em energia S&PGlobal Platts,<br />

em declarações à Bloomberg.<br />

O surto pandémico pode pressionar o preço do gás natural<br />

liquefeito no imediato, no entanto as perspectivas para o mercado<br />

do gás a longo prazo são bastante optimistas. Aliás, há,<br />

desde logo, um facto muito curioso a registar. O aumento de<br />

importações de commmodities energéticas subiu significativamente<br />

nos primeiros dois meses do ano, um dado que foi ofuscado<br />

pelo impacto do novo coronavírus. Informação alfandegária<br />

divulgada a 7 de Março mostra que as importações chinesas de<br />

petróleo bruto atingiram uma média de 10,48 milhões de barris<br />

por dia (bpd) nos dois primeiros meses, um aumento de 5,2% em<br />

relação ao mesmo período do ano passado. As importações de<br />

gás natural através de oleodutos e gás natural liquefeito (GNL)<br />

aumentaram 2,8%, para 17,8 milhões de toneladas — talvez o<br />

desempenho mais surpreendente dado o diferimento relatado<br />

de várias cargas de GNL em Fevereiro devido ao coronavírus,<br />

bem como a fraca procura de um Inverno mais quente do que o<br />

habitual. Durante uma reunião conjunta da Louisiana Mid-Continent<br />

Oil and Gas Association e Louisiana Oil & Gas Association<br />

que teve lugar na primeira semana de Março, altos executivos<br />

de grandes empresas de energia reafirmaram a sua convicção<br />

de que a procura por energia irá continuar a subir. A ExxonMobil<br />

Fuels & Lubricants espera que a procura por petróleo e gás<br />

aumente 8% e 6%, respectivamente, nos próximos 20 anos.<br />

“Mesmo com as mudanças introduzidas pelo Acordo Climático<br />

de Paris, haverá um enorme crescimento da procura por petróleo<br />

e gás”, disse Bryan Milton, presidente da empresa, acrescentando<br />

que esta espera investimentos da ordem de 21 triliões<br />

de dólares até 2040. Uma boa parte deve beneficiar a costa do<br />

Golfo. Frederic Phipps, presidente da Shell nos EUA, afirma que<br />

a procura a longo prazo de gás natural liquefeito permanece<br />

forte — apesar das perturbações decorrentes do coronavírus,<br />

já que o gás continua a ser o combustível de escolha para soluções<br />

de energia mais limpas. Para Phipps, “uma população crescente<br />

e padrões de vida crescentes continuarão a impulsionar<br />

a procura por energia com emissões mais baixas”.<br />

Mas a verdade é que, no imediato, a pandemia significa um<br />

duro golpe nos três maiores mercados de importação de gás<br />

natural liquefeito — Japão, China e Coreia do Sul. Os três principais<br />

importadores de LNG do mundo foram, inicialmente, os<br />

três países mais atingidos pelo surto de coronavírus, mas também<br />

aqueles que tiveram mais sucesso no combate à doença.<br />

O alastramento da pandemia à Europa e aos Estados Unidos<br />

teve muito menor impacto nos preços do gás do que no valor<br />

do petróleo.<br />

O presidente do Instituto Nacional de Petróleos (INP) de<br />

Moçambique, Carlos Zacarias, disse esperar que a queda do<br />

preço de petróleo no mercado internacional não tenha um<br />

impacto negativo nos investimentos no sector de gás natural<br />

no país. “Como regulador, espero que essa baixa de preço de<br />

petróleo não seja por muito tempo e não tenha impacto negativo<br />

no investimento”, declarou Carlos Zacarias. A queda de preços<br />

e o impacto da pandemia de COVID-19 coloca as empresas<br />

do sector energético em alerta, porque se trata de “situações<br />

sensíveis”, acrescentou Zacarias, que lembrou que “há compromissos<br />

[assumidos pelos investidores], mas há também desenvolvimentos<br />

que fogem do controlo dos actores do mercado”.<br />

Os investimentos da bacia do Rovuma poderão atingir 50 mil<br />

milhões de dólares e representam o maior investimento privado<br />

em curso em África.<br />

(com Lusa)<br />

D.R.<br />

28 | Exame Moçambique

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