78 O mundo é redondo, por Cláudia Brito Fifty Inventions That Shaped the Modern Economy, Tim Harford Riverhead Books, 2018 edition As “Cinquenta Invenções que Moldaram a Economia Moderna” segundo Tim Harford, não são aquelas que esperaríamos. Algumas, como o arado, são absurdamente simples e não evoluíram muito desde que foram inventadas. Outras, como o relógio, foram-se tornando cada vez mais sofisticadas. Há as abstractas ou lucrativas, mas todas nos ensinam como funciona o mundo. As invenções não são apenas soluções criativas, também moldam as nossas vidas de forma imprevisível e, muitas vezes, ao resolverem um problema criam outro. Escolhi três destas “coisas” descritas por Tim Harford: O contentor é hoje omnipresente nos transportes internacionais, mas não existe desde sempre. Antes da sua popularização, viabilizada pelo americano Malcom Mclean, há pouco mais de cem anos, um navio movendo mercadoria entre continentes era um pesadelo logístico, de registo e controlo de todos os produtos que transportava. Contudo, o verdadeiro desafio era carregá-lo. Os estivadores que faziam o perigoso trabalho tinham de empilhar no cais desde barris de azeitonas a caixas de sabão, entre milhares de outros itens. Estes eram içados por gruas, um a um, e arrumados manualmente como um puzzle tridimensional no porão, de forma a não se moverem no alto mar. O tempo de carregar e descarregar os bens era tanto quanto o de atravessar o oceano, e custava oito vezes mais do que hoje. O plástico tem tendência a ser diabolizado, agora que os oceanos se encontram infestados com os seus despojos, mas esquecemo-nos de que sem ele a nossa vida seria dramaticamente diferente. Foi inventado por um belga, Leo Baekeland, no princípio do século passado, e publicitado como o material miraculoso que não ardia, não queimava, isolava e tinha “mil utilizações”. O paradoxo é que embora ambientalmente o plástico tenha efeitos nefastos, como a contaminação dos solos e a interferência nas cadeias alimentares, também tem benefícios ao, por exemplo, tornar os carros mais leves (gastando menos combustível) e permitir embalar comida mais eficientemente (reduzindo o desperdício alimentar). Claramente, temos de utilizar o plástico mais sabiamente e aprender a reciclá-lo melhor. O cimento é outra invenção na lista negra ambiental, mas existe desde os primórdios da civilização. É extremamente flexível e versátil enquanto está a ser fabricado, e imutável e indestrutível depois de feito. Quando bem feito, é à prova de água, tempestades e fogo. É forte e barato, com vantagens inesperadas quando toca a substituir o chão de terra batida em casas de comunidades pobres, onde os parasitas proliferam. O chão de cimento é mais fácil de limpar, mantendo as crianças mais saudáveis e faltando menos à escola. Resta-nos a tecnologia para minimizar o impacto ambiental desta invenção (e doutras!) que contem em si, simultaneamente, o bom e o mau de tudo o que é humano. Tim Harford é jornalista, economista e locutor de rádio, e vive em Oxford. É o autor de quatro livros de Economia e escreve uma coluna de longa duração no Financial Times, “O Economista Disfarçado”.
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