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Chicos 64 - 10.04.2021

Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.

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Chicos

tempo passou porque eles eram boas e conscientes

almas, apesar de aluados e não poderiam

viajar sem que no seu planeta ficassem todos

bem.

E um dia partiram. Um dia do mês de janeiro,

como atrás se disse. Ou seria Fevereiro?

Acho que sim, acho que foi mesmo fevereiro.

Como deste Mundo Terrestre, que é o único

que temos, embora quase sempre nos esqueçamos

disso, os aluados não percebiam nada, vieram

ao calha e, assim mesmo, ao calha, foram

parar à China.

- Que horror! Mas o que se passa aqui?

Na rua, que espreitavam à socapa, viam

pessoas mascaradas e sempre apressadas, sem

falarem umas com as outras. Espreitaram as lojas,

os cafés, os restaurantes, as escolas. Tudo

vazio. Pensaram que as pessoas tinham enlouquecido

e talvez estivessem nos hospitais. Visitaram-nos.

Aí ficaram muito mais horrorizados.

Viram pessoas, muitas pessoas deitadas em camas

ou estendidas pelo chão, com ar moribundo,

gemendo e chorando e – muito maior o espanto

– imensos astronautas, pegando em agulhas,

tubos, sacos e mangueiras, parecendo que

cuidavam ou maltratavam toda aquela gente.

Era uma parafernália de movimentos que não

entendiam, mas dos quais não auguravam nada

de bom ou positivo.

Quando tiveram oportunidade de se reunir,

sem que fossem vistos e puderam conversar,

as suas opiniões eram unânimes: os terráqueos

preparavam uma nova invasão. Iriam, de

novo, ao seu planeta? As vestes eram idênticas,

portanto…

E ficaram muito aflitos. Não propriamente

pela possível nova visita, mas pelo resto que ali

viram. Tanta gente doente! Tantos mortos! Estariam

estes astronautas a fazer uma limpeza

étnica, matando toda a gente antes de partir? Se

assim fosse, a ideia deles seria ficar na Lua para

sempre, instalarem-se lá, tomarem conta de toda

a Lua. Nesse caso… eles? Como ficariam os

aluados? Como viveriam se os terráqueos, agora

tinham quase a certeza, se apoderassem do

seu planeta?

Um dos sete era o mais antigo e mais sábio

habitante da Lua. Conhecia todas as línguas,

mesmo as mais estranhas e antigas. Uma

das vezes em que viu um gabinete vazio e fechado,

decidiu investigar. Viu secretárias e mais

secretárias repletas de resmas de papelada e

concluiu que o segredo estava ali. Ali encontraria

ele a explicação para todas aquelas atitudes

que tanto os intrigaram. Conclusão encasquetada

na mente, surge agora uma dificuldade:

quanto tempo gastaria para ler tudo aquilo?

Sim, porque ele não poderia tirar conclusões

pela rama, isto é, precipitadamente. Teria que

ser meticuloso, atento e agir com precaução,

pois não poderia ser visto pelos terráqueos a

fazer tal investigação, até porque, enquanto

pensava tudo isto que atrás foi dito, ele teve

que esconder-se muitas vezes, pois vários terráqueos,

muitas vezes com vestes de astronautas,

visitavam o gabinete, mexiam na papelada, suspiravam

e ali ficavam algum tempo, a ler e meditar

e quanto mais liam mais suspiravam. Tudo

isto levou o nosso aluado a ter a certeza que era

ali, naquele gabinete carregado de papéis que

estava a resposta para todas as suas interrogações.

Esperto, prático e sábio como era, não

perdeu tempo com mais cogitações e deitou

mãos à obra. Aproveitando bem todos os momentos

em que ficava sozinho, depressa concluiu

que os terráqueos estavam a ser atacados por

um vírus terrível, vindo não sabiam de onde,

mas altamente contagioso e mortífero.

- Pronto - pensou lá consigo o nosso aluado

– está explicada a razão daquilo que mais

temíamos: os habitantes da terra, para fugir à

matança deste dito cujo vírus, preparam-se novamente

para nos importunar e, desta vez, com

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