Chicos 64 - 10.04.2021
Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.
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Chicos
hotel Copacabana Palace. Por certo fez ali seu
“Cordon Bleu”, seu doutorado em culinária de
primeira linha.
Outra figura ilustre da casa é o garçom José
Sousa Nóvoa, conhecido por Pepe. Ele ali
trabalha há mais de meio século. Galego, com
um resquício de sotaque espanhol, Pepe tornouse
um carioca de coração e é fervoroso torcedor
do Fluminense. Ele anota os pedidos dos fregueses
com uma caneta tricolor ( ele exclama, risonho:
“Veja que linda!”).
O Albamar é conhecido pelos pratos à base
de peixes e por um menu de receitas antigas,
como a rã à provençal e o haddock ao leite de
coco, bem como o Arroz Maru ( arroz, brócolis,
lula picada, polvo picado, cherne, camarões, mexilhões,
queijo ralado, alho, cebola, tomate,
azeite). Esse Arroz Maru é uma ancestral receita
japonesa de muito sucesso.
No “meu tempo” (como dizem os velhotes)
, quase 50 anos atrás, o Albamar era mais
simples e frugal, posto que elegante, distinto,
como eu disse. Eu gostava de pedir uma mariscada,
como aquelas dos restaurantes e grutas
lusitanos do Arco do Teles, do Largo do Machado
ou da Rua da Conceição.
Em 1967 a Editora do Autor publicou o
livro “Guanabara”, na sua série “Brasil, Terra &
Alma”. Os textos de vários autores foram selecionados
por Marques Rebêlo, da Academia Brasileira
de Letras. No livro estão o Rio, sua História
e suas histórias. No Apêndice, encontramos
“Seis roteiros turísticos”. Há indicações preciosas,
mas não se menciona explicitamente o nome
de nenhum estabelecimento comercial, para
evitar maledicências e disse-que-disse.
Assim, na pág. 206 vamos encontrar
o seguinte:
“Almoçar nos restaurantes portugueses da
Rua da Conceição ou nos restaurantes árabes
das ruas da Alfândega e Senhor dos Passos.
Após o almoço, encaminhar-se para o Largo da
Carioca e visitar a Igreja e o Convento de Santo
Antônio, a Igreja de São Francisco da Penitência
e, perto, na Avenida Rio Branco, o Museu Nacional
de Belas Artes.”
E, na pág. 208, o ponto que aqui nos interessa:
“Almoçar nas proximidades do Museu da
Imagem e do Som, onde há um restaurante especializado
em peixes e frutos do mar e que
funciona em edificação remanescente do antigo
Mercado Municipal, à beira do cais. Depois do
almoço, visitar o Museu Histórico Nacional.”
Qualquer Sherlock Holmes de botequim
desvenda esse “mistério da beira do cais”: o
“restaurante especializado” não é outro senão o
célebre Albamar. Charada fácil, para iniciantes
e novatos…
Para encerrar esta breve viagem turísticogastronômica,
um trecho que colho na pág. 78
do livro “Guia de Roteiros do Rio Antigo”, de
Berenice Seara ( assim mesmo: Seara), de O
Globo, 2004, 2ª ed., 208 págs.:
“ Depois da caminhada, uma pausa para
descanso no restaurante Albamar, no centro da
Praça Marechal Âncora. O Albamar é o único
remanescente do antigo Mercado da Praça
Quinze,construído em 1908 em estrutura metálica
fabricada na Inglaterra e na Bélgica, com 22,5
mil metros quadrados e 24 metros de altura,
que foi demolido para a construção do Elevado
da Perimetral. O restaurante, que ocupava um
dos cinco torreões do mercado desde 1933, foi
o único que sobreviveu ao desmonte. De lá tem
-se uma admirável vista da Baía de Guanabara.”
De fato, uma linda, esplendorosa vista.
Enquanto almoçava, eu podia contemplar a beleza
do mar, com as históricas e heróicas barcas
da Cantareira indo para Niterói ou para a Ilha de
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