Revista Empresários Ediçao Especial Dezembro 2021
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A digitalização do dinheiro
Cássio Rosas é Diretor de Novos
Negócios e Estratégia da Wiboo,
plataforma com utility token que promove
um programa de fidelização
entre varejistas e consumidores por
meio de moedas digitais
A digitalização do dinheiro não se resume
apenas às transferências
proporcionadas por aplicativos no celular.
Na verdade, a própria cédula
de papel, da forma como a conhecemos
hoje e que serve para pagar aquele
cafezinho na padaria, também está
prestes a migrar para o ambiente
digital. Bancos centrais de todo o mundo,
inclusive do Brasil, já estão
implementando projetos de moedas
digitais ou devem fazer isso em um
futuro próximo. A entrada desse órgão
no universo dos ativos digitais
representa uma etapa a mais de aceitação
e popularização desse modelo na
sociedade. Não se trata mais de saber
se a forma de pagamento irá fazer
parte do nosso dia a dia, mas como
será integrada.
As moedas digitais emitidas por bancos
centrais têm uma sigla própria:
CBDC (central bank digital currency).
Um levantamento realizado pela
Bison Trails, startup em blockchain,
mostra que oito em cada dez bancos
centrais em todo o mundo já demonstraram
algum interesse no
desenvolvimento de suas moedas digitais.
É o caso, por exemplo, do
Brasil, que já lançou diretrizes para a
criação do “Real Digital”.
A Suíça e a França estão um passo à
frente, já realizando testes em seus
territórios. Já a Suécia encerrou a primeira
fase de testes e espera
deixar sua moeda totalmente digital
até 2026.
Ver a movimentação de entidades oficiais
em torno da moeda digital
mostra uma mudança de paradigma
importante em torno desse assunto.
Não
faz tanto tempo assim que a modalidade
era vista com receio por
investidores e poder público.
O surgimento das CBDCs vai impulsionar
o segmento que já estava em
alta,
acelerando possíveis regulações para o
universo cripto e trazendo
diversos benefícios a todos os atores
envolvidos. No caso do Real
Digital, a utilização do blockchain e de
outras tecnologias tende a
trazer mais segurança, agilidade, controle
e possibilidades a empresas,
bancos, corretoras, pessoas e poder público.
Chega a ser paradoxal falar em regulação
para criptoativos – afinal, a
principal característica deles é justamente
a descentralização.
Contudo, regulamentações genéricas
de todo o setor sempre, de alguma
forma, se fazem necessárias. Nesse
caso, não se trata de interferir no
funcionamento das moedas digitais,
mas de proporcionar mais segurança e
proteção às companhias e aos usuários.
Trata-se de uma medida que rege a
sociedade com padrões e regras. Portanto,
serve para eliminar projetos
que não estejam adequados e que representem
risco aos usuários, além de
chancelar iniciativas realmente inovadoras,
ajudando a tornar o tema
mais comum a todos.
Até porque há espaço para todos os tipos
de moedas digitais.
O “Real Digital” não vai tomar o lugar
do bitcoin ou de utility tokens. Nem é
esse o seu objetivo! As moedas fiduciárias,
também chamadas de Fiat,
terão ganhos exponenciais pela inserção
de tecnologia do início ao fim
do processo, ou seja, da sua criação à
sua utilização. Porém,
continuarão sendo moedas tradicionais
do ponto de vista institucional.
As criptomoedas mais tradicionais,
por sua vez, incorporam outras
funcionalidades que vão além do valor
mobiliário. É possível carregar
diferentes tipos de informações na
“corrente de blocos”, além, é claro,
do valor de mercado nas cotações.
A coexistência será realidade, ainda
mais com a devida regulamentação
para deixar o assunto em evidência
para
a população.
As moedas digitais foram criadas e se
popularizaram justamente para
facilitar a vida das pessoas. Com elas, o
risco de roubo é reduzido ao
mesmo tempo que transações são realizadas
rapidamente por um simples
aplicativo. A preocupação deu lugar à
aceitação. Quando o próprio Banco
Central, uma das principais entidades
do Sistema Financeiro Nacional,
busca criar a própria moeda digital, é
sinal de que a chave virou faz
tempo. Cabe às empresas e aos consumidores
se adaptarem à digitalização
do dinheiro e aproveitarem todas as
vantagens que isso tem a oferecer.
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