Amor e ódio: os dois lados da nossa relação com a tecnologia – Por: Manish Bahlé Diretor do Centro para o Futuro do Trabalho da CognizantRecentemente, realizei um webinar sobrea linha do tempo do que está porvir, The Timeline of Next. Durante a discussão,o público foi questionado sobrecomo acham que será sua relação com atecnologia em 2025 e não foi surpresa que60% disseram que acreditam que serãoainda mais dependentes da tecnologia doque já são atualmente. O que mais me despertoua atenção, no entanto, foi que 33%disseram que esperam ter uma relação deamor-ódio com a tecnologia. Com isso emmente, agora é o momento ideal de olharpara nossa relação atual com a tecnologiae nos perguntarmos quem está realmenteno controle.Todos nós ficamos olhando para nossoscelulares por muito tempo, ou sentimoscomo se algo estivesse faltando caso, acidentalmente,os deixássemos em casa. Masquem pode nos culpar se cada necessidadenossa está geralmente a apenas um deslizede dedos (entrega de alimentos, consultasmédicas, pagamento de contas, etc.).Até mesmo a natureza está, de certa forma,contida em nossos celulares: Ouve acachoeira borbulhante? O vento que sopranos pinhais? Sim, seu aplicativo de meditaçãoestá aberto. A COVID-19 nos empurrouainda mais, e mais profundamente,para nossos vícios digitais. O uso da Internetaumentou em 70%, e o tráfego nasmídias sociais aumentou em até 50% emcomparação com os níveis pré-lockdown.O Zoom surgiu do nada para tomar contade nossas casas e se tornar a palavra de2020. Mas e agora? Existe alguma reviravoltaou todos nós nos tornamos parte daMatrix?50Como dizem por aí, não existe almoçogratuito. Essa crescente dependência denossas vidas virtuais tem um preço.Com mais dispositivos à mão, estamosfrequentemente consumindo informaçõesexcessivas em uma tentativa de não sermosdeixados para trás. Mais informaçõesdo que nossos cérebros podem processar,resultando em ansiedade, fadiga mental,depressão, raiva e possivelmente contribuindopara a estupidez da sociedade emgeral. O tempo de atenção humana estádiminuindo em 88% a cada ano, e agorase eleva a apenas oito segundos. Hoje, 45%do comportamento humano se concentraem tarefas que não requerem raciocínio.As crianças estão crescendo em um mundoonde a capacidade de concentração estádiminuindo consideravelmente. Somosconstantemente alimentados por notíciasfalsas e desinformação. Com apenas algunscliques e avanços, ambos podem tornar-sevirais, resultando na confiança oudesconfiança de um governo ou marca, nodiagnóstico errado, ou mesmo na falta deum tratamento adequado, e talvez no pânicoao comprar certos itens por medo deinsuficiência – criando assim uma escassez.Muitas vezes ficamos frustrados como fato de que a “verdade” parece estar setornando cada vez mais difícil de ser encontrada.Parece que essa desinformação,manipulação e engano por meio dos dadosse tornou a norma e, muitas vezes, o epicentroda comunicação.Nesse caso, o que deve ser feito para negaros efeitos nocivos de nossas vidas digitais,mantendo seus aspectos positivos?É provável que ninguém desista dos aparelhoscelulares no momento e, como nãohá nenhuma metadona digital disponível,como podemos garantir que a tecnologiaestá trabalhando para nós e não contranós? É preciso procurar um meio-termona relação que as pessoas têm com a tecnologia.Espero ver um movimento que redefinaessa relação em breve, com ênfase no impactosocial. Haverá uma tendência crescentepara mantermos fronteiras mais saudáveisentre a “vida real” e a “vida digital”das pessoas. As empresas têm uma oportunidadeúnica de trazer mudanças radicaispara seus modelos de negócios agora paragarantir o bem-estar digital de seus clientese funcionários no futuro. Você podeaprender com quem já está fazendo isso:• A empresa de tecnologia Vivolançou o #SwitchOff na Índia para incentivaros usuários a fazerem uma pausa emseus dispositivos e passarem tempo comamigos e familiares. #SwitchOff destacouquestões como dependência digital e ossentimentos de isolamento resultantes douso da tecnologia, bem como os benefíciosde fazer uma desintoxicação digital;• Sundayy, uma plataforma de comunicaçãosocial, permite aos usuáriosverificar as atualizações uma vez por semana.Eles escrevem reflexões ocultas desegunda a sábado. No domingo, as anotaçõessão reveladas e as pessoas podem vero que seus amigos têm feito;• Em Omã e nos Emirados ÁrabesUnidos, a Pizza Hut desafiou os clientes adesligarem seus dados por uma hora emtroca de pizza grátis.Para saber mais sobre o equilíbrio entre vidasreais e virtuais e como se desintoxicar,confira as sugestões para fugir da matriz,no blog da Cognizant. Foram reveladas asquatro falhas digitais que se tornarão comunsquando sairmos da pandemia e entrarmosno próximo ‘normal’.O crescente reconhecimento do bem-estardigital é uma abertura para o surgimentode novos fornecedores e modelos de negócios.O gênio digital não vai voltar tãocedo para a garrafa. O reequilíbrio de nossosmundos online e offline é uma tarefadifícil para o futuro – sem algum tempode inatividade digital, não apenas mentes,mas futuros inteiros serão fritos. Afinal decontas, somos humanos.
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