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Hippocampus Nº46

Clube Naval de Cascais Magazine.

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Falcon no Campeonato CIM<br />

ESTREIA DOMINADORA<br />

Fazendo jus aos seus pergaminhos desportivos, Patrick Monteiro<br />

de Barros e Paulo Mirpuri não facilitaram, na vertente competitiva,<br />

chegado o tempo de o seu mais recente projecto de vela medir-se<br />

ao mais alto nível com os seus pares: pódios em todas as regatas<br />

no Campeonato CIM para o Falcon, o lindíssimo veleiro clássico<br />

da classe Q, e vitória absoluta na sua classe, na frente de 63 opositores<br />

Melhor era (quase) impossível. Na<br />

sua primeira temporada em competição,<br />

após ter sido adquirido por duas<br />

figuras marcantes da história contemporânea<br />

do Clube Naval de Cascais, Patrick<br />

Monteiro de Barros e Paulo Mirpuri, e<br />

primorosamente recuperado, o fantástico<br />

Falcon, veleiro clássico da classe Q, não<br />

permitiu quaisquer veleidades à concorrência<br />

no circuito internacional dedicado<br />

a este tipo de barcos. Mas já lá iremos…<br />

Para já, importa fazer uma breve resenha<br />

histórica do projecto que juntou os dois<br />

amigos de longa data, e cúmplices nesta<br />

nova aventura, com base nos relatos e<br />

memórias do Comodoro Honorário do<br />

Clube Naval de Cascais. Começando,<br />

naturalmente, por recordar como tudo<br />

começou: a bordo do Green Eyes, numa<br />

conversa entre o seu armador, Paulo<br />

Mirpuri, e Patrick Monteiro de Barros,<br />

quando este revela que, após quatro épocas<br />

a competir em 6M (em que alcançou<br />

cinco pódios em Mundiais e Europeus,<br />

duas pratas – Mundial de 2020 e Europeu<br />

de 2022, em Cascais, em ambos os casos<br />

em igualdade pontual com os vencedores<br />

– e três bronzes), cria ter chegado o momento<br />

de mudar de classe, para um barco<br />

menos físico, tendo em conta que era o<br />

skipper veterano em 6M. Em sequência,<br />

refere que um velho amigo, e colega de<br />

universidade em Paris, Bruno Troublé,<br />

criador da Louis Vuitton Cup, tinha<br />

importado vários clássicos americanos,<br />

e sabia de um Q Class, de 1930, que estava<br />

à venda e era competitivo – Patrick<br />

Monteiro de Barros e Paulo Mirpuri<br />

decidem estudar o assunto e, eventualmente,<br />

montar um projecto.<br />

As decisões não demoraram muito a ser<br />

tomadas: ambos foram a França, Paulo<br />

Mirpuri testa o (então assim denominado)<br />

Jour de Fête, vence uma regata em<br />

Porquerolles, e, naturalmente, fica animado<br />

com a performance do barco. Por<br />

seu turno, após um teste em Marselha,<br />

Patrick Monteiro de Barros também<br />

fica entusiasmado, e ambos resolverem<br />

avançar para uma joint venture destinada<br />

à aquisição do iate desenhado por<br />

Frank Paine, e construído no estaleiro<br />

americano George Lawley and Sons – à<br />

época em Marselha, e que, desde a sua<br />

vinda para França, tinha obtido bons<br />

resultados nas regatas do Campeonato<br />

CIM (de facto, e em bom rigor, o Campeonato<br />

do Mundo dos Clássicos, que<br />

só não faz uso desse nome por questões<br />

meramente formais).<br />

PROCESSO MINUCIOSO<br />

Embora estando em estado razoável,<br />

Patrick Monteiro de Barros e Paulo<br />

Mirpuri, ambos perfeccionistas, decidem,<br />

após a compra do Jour de Fête, efetuar<br />

um refit completo e abrangente ao barco.<br />

O tempo era escasso, decorria o mês<br />

de Outubro, e a primeira prova estava<br />

agendada para Maio, mas David Vieira,<br />

considerado um especialista em matéria<br />

de construção e recuperação de clássicos<br />

em madeira, no seu estaleiro Absolute,<br />

em Setúbal, aceitou o desafio, depois de<br />

efectuada uma avaliação pormenorizada<br />

em Marselha, onde o iate estava baseado,<br />

e de onde foi transportado em camião<br />

para a cidade do Sado. David Vieira foi<br />

incansável, e o refit executado dentro do<br />

tempo estipulado com a máxima perfeição.<br />

Os dois co-proprietários visitaram<br />

o “mestre” várias vezes, e dele recebiam<br />

um relatório semanal, com fotografias.<br />

Já a pintura foi executada no estaleiro<br />

Talaminho, na Amora, tudo a tempo<br />

da cerimónia de apresentação no Clube<br />

Naval de Cascais, realizada na data prevista,<br />

com a presença de Bruno Troublé<br />

e Manrico Iachia, Comodoro do Gstaadt<br />

Yacht Club, que, anualmente, organiza,<br />

em St. Tropez. uma regata com iates<br />

centenários. No dia seguinte, o barco<br />

regressou de camião para Marselha,<br />

tendo os seus proprietários resolvido que<br />

voltaria a ostentar o seu nome de baptismo<br />

original, Falcon, e navegaria com<br />

a bandeira portuguesa. E, mal chegou a<br />

França, tiveram início os trabalhos finais<br />

de preparação para a primeira regata,<br />

em Antibes.<br />

Durante este tempo, a colaboração entre<br />

Patrick Monteiro de Barros e Paulo Mirpuri<br />

foi intensa, frequentemente reunindo<br />

para analisar e avaliar várias questões,<br />

sendo muito importante a experiência de<br />

Paulo Mirpuri em navegação oceânica,<br />

com três participações na Volvo Ocean<br />

Race/The Ocean Race, e uma vitória na<br />

edição inaugural da The Ocean Race<br />

Europe, em 2021; ao passo que Patrick<br />

Monteiro de Barros também muito<br />

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