Hippocampus Nº46

Hotel
unidos através de uma estrutura de vidro,
que, simbolicamente, representa a passagem
“directa” entre os séculos XIX e XXI, está
presente na pureza das formas, e no uso dos
materiais que respeitam a delicadeza e elegância
da construção antiga, integrando-a com
aquilo que é novo. Já no interior, o projecto de
decoração e design, da arquitecta de interiores
Marta Carreira, o seu primeiro dedicado a
um hotel, teve como mote “mergulhar o hotel
na sua envolvente”, trazendo para os quartos
elementos de areia e mar que remetem para
as praias de Cascais, e para a aura boémia
de uma vila tantas vezes reconhecida por
quem a visita como a Riviera portuguesa.
Todo o mobiliário do hotel foi desenhado
por si, com excepção do conjunto de sofás de
riscas da Ferm Living, existente no Library
bar, tendo ido a aposta, no que diz respeito
aos materiais e revestimentos, para linhos e
tecidos crus, e pinturas em tons neutros, que
se aliam às linhas limpas, simples, mas nobres,
para transmitir as sensações acolhedoras e de
conforto que todos os hóspedes esperam de
um hotel de cinco estrelas.
Sem descurar a memória histórica do palacete,
mas acrescentando-lhe a criatividade e a arte
dos dias de hoje, Marta Carreira contou com a
colaboração de Fipsi Seilern, artista Londrina
que explora a arte urbana, e desenhou uma
cópia de um auto-retrato de Rembrandt,
sobrepondo a essa mesma peça graffitis – e a
qual os hóspedes podem encontrar na parede
das escadas (peça original em tríptico), e no Library
Bar, à entrada do hotel (reprodução em
revestimento mural). A auxiliar a arquitecta
de interiores lusa estiveram, também, as designers
Gwendolyn e Guillane Kerschbaumer,
do Atelier Areti, nas peças de iluminação do
restaurante e circulação do hotel – existindo
nos quartos e suites candeeiros GUBI, marca
dinamarquesa ligada ao Bauhaus, e MENU,
também de origem dinamarquesa, e bastante
contemporâneos. Peças emblemáticas intemporais,
como o candeeiro de suspensão de
Gino Sarfatti, presente no Library Bar, dão
o mote para o equilíbrio entre a novidade e
a intemporalidade pretendidas no conceito
do projeto.
A ARTE COMO PANO DE FUNDO
O conceito do novo ícone de Cascais é, muito
simplesmente, “Where art meets history”. Porque
a arte é, mesmo, o elemento principal do
98
Hippocampus