edição de 22 de abril de 2024

gativas a serem consideradas diante de uma audiência
massiva. “Há perigos. É preciso tomar cuidado com conteúdos
que podem prejudicar as pessoas”, alerta Luiza
Helena Trajano, presidente do conselho de administração
do Magazine Luiza. Recentemente, a empresária foi
vítima de um vídeo inverídico em que anunciava ofertas
nas lojas. “Virei alvo de memes”, conta.
De qualquer forma, o meio digital aumentou o acesso
a facilidades, além da chance de inovar. “Sem acabar
com o físico, conseguimos entrar no digital”, atesta Luiza.
A evolução é constante. Além da influenciadora Lu,
a empresária cita o exemplo do recém-lançado Magalu
Cloud, serviço da varejista voltado para pequenos, médios
e empreendedores individuais.
Para Luiza, o Brasil é um país digitalizado. O que falta
é acesso a soluções que as pessoas ainda desconhecem.
“Não há desigualdade”, acredita. O emprego também é
visto com otimismo. “Não temos mais caixas. Em compensação,
temos mais estoquistas. A posição apenas
mudou de lugar”, constata. A evolução dependerá do
desenvolvimento econômico do país a partir de educação,
saúde e moradia. “Todos deveriam ter acesso a
tudo isso”, comenta. Luiza participou do painel ‘Digital
first: The new Brazilian economy’, ao lado de Mate Pencz,
cofundador e CEO da Loft, e Rodrigo Marques, vice-presidente
de estratégia e gestão operacional da Claro.
Pencz destaca a necessidade de educação financeira
para que os brasileiros conheçam alternativas de crédito
mais acessíveis. A capacidade da IA de processar dados
em alta escala é outra evidência endossada por Marques.
“Está no começo, mas vai se potencializar de uma
hora para a outra. Mesmo assim, demanda cuidado para
minimizar riscos”, avisa o CSO da Claro, parceira tecnológica
do evento pelo segundo ano consecutivo.
“É preciso regular para conter exageros e não para
censurar. Precisamos de novas estratégias”, reivindica
Carine Gomes Roos, fundadora da consultoria de diversidade
e inclusão Newa. Ela chama a atenção para a
possibilidade de se ter eleições manipuladas. “O fake se
sobrepõe aos fatos”, lamenta. Embora melhore a vida
das pessoas ao promover avanços de forma segura e
sustentável, a regulamentação “não é mandatória para
autoridades e empresas”, conclui Carine.
Mas Fábio Coelho, presidente do Google Brasil, garante
que a big tech está comprometida com a construção
de um ambiente digital saudável. “Temos acordo com
Web summit
Evolução 2023 2024
Participantes 21 mil 40 mil
Países 90 100
Palestrantes 400 600
Startups 974 1.500
Investidores 506 700
Movimentação R$ 100 mi R$ 191,4 mi
Lucas Jones/Divulgação Web Summit
Lucas Jones/Divulgação Web Summit
Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, na abertura do evento, que tem impacto avaliado em R$ 191,4 milhões
“A IA tem poder de
mudança, mas, por ora,
é muito barulho”
170 empresas jornalísticas, removemos rapidamente
conteúdos de baixa qualidade e respeitamos as ordens
judiciais. O exercício da cidadania pressupõe liberdade
de expressão, mas não liberdade para o desrespeito”,
afirma Coelho, durante o painel ‘Harnessing AI for a brighter
future’.
No dia 6 de abril, Elon Musk, dono do X (antigo Twitter),
e o juiz Alexandre de Moraes, ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF), trocaram acusações sobre censura,
contas bloqueadas e obediência às leis brasileiras. A
polêmica derrubou o Projeto de Lei 2630/20, que criaria
a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência
na Internet, conhecido como PL das Fake News.
“Tem de ter regras para todos”, defende Coelho. O Google
já trabalhava com IA, mas quando chegou a IA generativa,
há pouco mais de um ano, tudo o que era utilizado
Jeff Geheb, da VML: entusiasmo com IA
pelas plataformas, se estendeu para as pessoas. “Qualquer
assunto novo precisa ser debatido. É um misto de
ousadia e responsabilidade”, define.
Há 18 anos no Brasil, a plataforma aportou em Belo
Horizonte (MG), e seguiu depois para a cidade de São
Paulo, que ganhará um novo centro de engenharia em
2026. “O nosso avanço tem a ver com a relação do brasileiro
com a plataforma. O brasileiro é social. Mais de 140
mil famílias vivem hoje do YouTube”, explica Coelho. O
executivo reforça a percepção de Gilberto Gil. “Os olhos
do mundo estão voltados para o Brasil. Precisamos entender
as potencialidades do país, como o setor agrário,
evitando invadir fronteiras”, declara.
Segundo Carine, da Newa, educar as pessoas sobre
tecnologia é tão importante quanto orientar as emoções
por ela causadas. O professor Eduardo Magrani não
acredita em uma regulamentação única, do tipo “plug
and play”. “Depende da cultura e demandas locais. Mas
as tentativas feitas até agora não foram suficientes
para fazer frente ao avanço da tecnologia e deep fake”,
certifica. Para o advogado especializado em tecnologia,
o momento de mudança requer estratégia, ética e educação.
O desafio é global. Magrani lembra que o Brasil
chegou a marcar pioneirismo ao instituir o Marco Civil da
Internet, sancionado em 2014. “Mas é hora de avançar a
fim de proteger a sociedade”, sublinha. Carine e Magrani
participaram do painel ‘How geopolitics will shape AI
regulation’.
Marketing
Jeff Geheb, global chief experience officer da VML,
vê com entusiasmo as transformações provocadas pela
inteligência artificial no marketing, especialmente a capacidade
de promover o trabalho colaborativo, além de
conexões capazes de diferenciar as marcas em meio à
sobrecarga de interações oferecidas hoje no meio digital.
“Com o smartphone ao alcance das mãos, esse é um
momento incrível para contar histórias e criar novas experiências”,
sugere Geheb. A marca deve entender o seu
papel na vida das pessoas. “São novas maneiras de se conectar
aos consumidores. A inteligência artificial ajuda a
entender contextos a partir da coleta de first party data.
É a chave para chegar aos clientes”, frisa o executivo,
que participou do painel ‘Marketing in 2025’, com Renata
Bokel, CEO da WMcCann.
Quem banca a tecnologia, fala que a onda de investimentos
está só no começo. “Ainda virão anos de evo-
jornal propmark - 22 de abril de 2024 15