19.04.2024 Views

edição de 22 de abril de 2024

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

esg no mkt<br />

O homem rumo à<br />

era do Antropoceno<br />

Depois <strong>de</strong> 11,5 mil anos na era do Holoceno,<br />

estamos prestes a mudar <strong>de</strong> época geológica:<br />

a era do Antropoceno. E ela po<strong>de</strong> ser<br />

catastrófica para a humanida<strong>de</strong>. Ou não...<br />

Alê Oliveira<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

Nós somos uma geração privilegiada: vivenciamos<br />

uma virada <strong>de</strong> século, uma virada <strong>de</strong> milênio e<br />

estamos prestes a participar <strong>de</strong> uma nova era.<br />

No início <strong>de</strong> março <strong>de</strong>ste ano, a comunida<strong>de</strong> científica,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> análise, votou contra uma proposta<br />

para <strong>de</strong>clarar uma nova época geológica chamada<br />

Antropoceno, que refletiria o impacto profundo da ativida<strong>de</strong><br />

humana no planeta.<br />

A proposta foi rejeitada pelos membros da Subcomissão<br />

<strong>de</strong> Estratigrafia Quaternária, parte da União Internacional<br />

<strong>de</strong> Ciências Geológicas. Continuamos então na era<br />

do Holoceno, época geológica que se iniciou 11,5 mil anos<br />

atrás, após a era glacial.<br />

Foi um período <strong>de</strong> aquecimento da Terra, gerando, assim,<br />

uma estabilida<strong>de</strong> ecológica com gran<strong>de</strong> parte das<br />

suas fauna e flora ainda presentes nos dias atuais.<br />

Mas já há prenúncios <strong>de</strong> uma entrada iminente na<br />

temida era do Antropoceno.<br />

Antropoceno é a junção do termo grego Anthropus,<br />

que significa humano (ou relacionado ao homem) e Kainos,<br />

que significa novo. Ou seja, é a interferência <strong>de</strong>finitiva<br />

do homem na vida do planeta.<br />

A <strong>de</strong>cisão científica <strong>de</strong> ainda não caracterizar uma<br />

nova era se <strong>de</strong>ve ao perfil do grupo <strong>de</strong> avaliação, formado<br />

basicamente por cientistas ligados à geologia.<br />

Mas, sob uma visão mais ampla da antropologia, não<br />

há dúvida <strong>de</strong> que já estamos numa nova era.<br />

Após o início da revolução industrial, a interferência<br />

do homem na Terra se dá numa velocida<strong>de</strong> espantosa.<br />

Para o bem e para o mal. O homem conseguiu<br />

vencer doenças e conquistar condições <strong>de</strong> vida que<br />

fazem cientistas afirmarem que já nasceu o humano<br />

que viverá mais <strong>de</strong> 100 anos com qualida<strong>de</strong> física e<br />

intelectual.<br />

Por outro lado, toda essa interferência gera efeitos<br />

colaterais adversos, que fazem acen<strong>de</strong>r um sinal amarelo<br />

piscante quanto ao futuro da humanida<strong>de</strong>.<br />

Um estudo da revista Nature, por exemplo, revela<br />

que, em 2020, a massa dos objetos construídos pela<br />

humanida<strong>de</strong> superou em peso a massa dos seres vivos<br />

pela primeira vez na história.<br />

A velocida<strong>de</strong> da inovação é estonteante, gerando<br />

perplexida<strong>de</strong> e temor quanto ao futuro.<br />

Na área tecnológica, quando estávamos nos acostumando<br />

com a onipresença digital nas nossas vidas,<br />

enten<strong>de</strong>ndo melhor o fenômeno da big data e tentando<br />

nos equilibrar entre o mundo físico e o digital, vem<br />

a inteligência artificial e atropela nosso entendimento,<br />

gerando mais uma onda <strong>de</strong> questionamento sobre os<br />

prós e contras <strong>de</strong>ssa evolução disruptiva <strong>de</strong>senfreada.<br />

Mas o maior impacto <strong>de</strong>ssa evolução feérica está<br />

mesmo nas questões ambientais. As mudanças climáticas<br />

provocadas pelo homem são inegáveis e alcançam<br />

um nível <strong>de</strong> sinal vermelho.<br />

A Terra já superou, por alguns períodos <strong>de</strong> tempo, o<br />

temido aquecimento acima <strong>de</strong> 1,5°C, em relação ao início<br />

da era industrial, <strong>de</strong>finido como limite pelos cientistas<br />

para se evitar um ponto <strong>de</strong> não retorno, ou seja, um ponto<br />

em que não conseguiremos mais reverter os efeitos<br />

catastróficos do aquecimento global.<br />

Países serão engolidos pelos mares, que terão seu volume<br />

aumentado drasticamente pelo <strong>de</strong>gelo dos polos.<br />

Temperaturas extremas tornarão a vida na Terra próxima<br />

da inviabilida<strong>de</strong>.<br />

Para não ficar com essa visão catastrófica, vale ressaltar<br />

que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação do homem po<strong>de</strong><br />

também adotar medidas <strong>de</strong> reversão <strong>de</strong>ssa evolução<br />

macabra. Ainda há tempo!<br />

E nós temos as ferramentas para isso. Elas estão expressas<br />

por três letrinhas mágicas: ESG. Caberá a esta<br />

nossa geração adotar uma forma evolutiva que respeite<br />

o meio ambiente, tenha responsabilida<strong>de</strong> social e faça<br />

isso tudo num ambiente ético e transparente.<br />

É a única forma <strong>de</strong> garantirmos condições <strong>de</strong> sobrevivência<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> às futuras gerações. Que venha a<br />

era do Antropoceno! Mas que venha pelas mãos <strong>de</strong> seres<br />

humanos mais conscientes e respeitosos.<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

é sócio-fundador da ESG4<br />

alexis@criativista.com.br<br />

34 <strong>22</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2024</strong> - jornal propmark

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!