Ida Regina Moro Milléo de Mendonça - Programa de Pós ...
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o que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia a tomada <strong>de</strong> consciência é o fato <strong>de</strong> que as<br />
regulações automáticas não são mais suficientes e <strong>de</strong> que é<br />
preciso, então, procurar novos meios mediante uma regulação<br />
mais ativa e, em consequência, fonte <strong>de</strong> escolhas, <strong>de</strong>liberadas, o<br />
que supõe a consciência.<br />
Assim, as razões funcionais da tomada <strong>de</strong> consciência situam-se num<br />
contexto mais amplo, vão além das inadaptações. Porém, estas últimas também<br />
merecem ser consi<strong>de</strong>radas, pois, quando se avança do ponto <strong>de</strong> vista da ação<br />
material para o pensamento como interiorização dos atos, verifica-se que, como lei<br />
geral, a tomada <strong>de</strong> consciência acontece da periferia para o centro.<br />
Explica Piaget (1977, p. 198) que a trama funcional da tomada <strong>de</strong><br />
consciência parte da periferia, esta entendida como objetivos e resultados, e<br />
orienta-se para as regiões centrais da ação, na busca do mecanismo interno<br />
<strong>de</strong>sta, ou seja, “o reconhecimento dos meios empregados, motivos <strong>de</strong> sua escolha<br />
ou <strong>de</strong> sua modificação durante a experiência, etc”.<br />
Assim, para Piaget (1977), o processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> consciência na<br />
dinâmica do conhecimento proce<strong>de</strong> da interação entre o sujeito e o objeto, relação<br />
fundamental na construção das formas <strong>de</strong> conhecer.<br />
A tomada <strong>de</strong> consciência orienta-se para os mecanismos centrais da ação<br />
do sujeito, logo o conhecimento do objeto orienta-se para as suas proprieda<strong>de</strong>s<br />
intrínsecas, e estas não mais superficiais, mas relativas às ações do sujeito.<br />
Ainda, as iniciativas cognitivas orientadas para as proprieda<strong>de</strong>s intrínsecas e para<br />
a ação do sujeito são sempre correlatas, constituindo a lei essencial da<br />
compreensão dos objetos como da conceituação das ações.<br />
É na relação <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong> entre o objeto e a ação que se <strong>de</strong>termina o<br />
processo da tomada <strong>de</strong> consciência: o que era observado no plano dos esquemas<br />
<strong>de</strong> ação sensorial-motora passa para o plano da representação.<br />
Portanto, no estudo pertinente, verifica-se o que representam<br />
conceitualmente para o sujeito, professora, os significados do que a criança está<br />
fazendo na tarefa <strong>de</strong> notação em iniciação matemática.<br />
Para Piaget (1977), a lei da direção da periferia para as regiões centrais,<br />
respectivamente para as proprieda<strong>de</strong>s intrínsecas à ação do sujeito, extrapola a<br />
tomada <strong>de</strong> consciência da ação material. Mesmo nesse nível inicial, po<strong>de</strong>-se<br />
observar a passagem da consciência do objetivo à dos meios, e é nessa<br />
interiorização da ação que se estabelece o plano da ação refletida. A consciência