13.04.2013 Views

Sem título-1 - Visão Judaica

Sem título-1 - Visão Judaica

Sem título-1 - Visão Judaica

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jane Bichmacher de Glasman*<br />

a verdade, na Antigüidade,<br />

Rosh Hashaná era época<br />

de Ano Novo não só judaico,<br />

mas para todo o<br />

hemisfério norte, quando<br />

se encerrava o ciclo anual<br />

agrícola, se fazia o balanço do ano,<br />

como fazem as empresas hoje, publicando<br />

balanços em jornais, etc.<br />

Isto explica, em parte, a simbologia<br />

do signo zodiacal - Balança -<br />

associado ao período (que nos indica<br />

que as ações do homem são “pesadas”<br />

na “balança” do julgamento<br />

durante este mês).<br />

A partir do acréscimo de rituais,<br />

preceitos e símbolos judaicos e,<br />

principalmente, devido aos judeus<br />

terem continuado a comemorar a data<br />

até hoje, independente de localização<br />

espacial, Rosh Hashaná ficou<br />

definido para todos como “O” Ano<br />

Novo judaico.<br />

Rosh Hashaná significa, literalmente,<br />

“cabeça do ano” remetendo<br />

à simbologia que o homem também<br />

deve usar a cabeça para organizar sua<br />

vida, suas ações.<br />

A essência do ano novo judaico<br />

não é uma ocasião para o excesso e<br />

o júbilo incontrolado. Entra-se num<br />

período de reflexão e de auto-exame.<br />

A tradição judaica pede que se<br />

faça um balanço do ano que passou,<br />

uma reflexão sobre nossas atitudes<br />

e nosso comportamento. Tishrei, o<br />

mês de Rosh Hashaná, em aramaico<br />

significa correção. A reparação do<br />

passado permite que recomecemos a<br />

vida de forma nova e revigorada.<br />

O período de tempo antes e durante<br />

Rosh Hashaná pede uma autoavaliação<br />

sobre o ano que termina,<br />

e, à luz deste exame de consciência,<br />

tomar as resoluções necessárias<br />

para o ano vindouro. Este período<br />

é não somente uma ocasião que<br />

exige um balanço espiritual, mas<br />

também uma profunda avaliação interior<br />

das capacidades que a pessoa<br />

tem como ser humano - a<br />

coroa da Criação, pois Rosh<br />

Hashaná é o dia no qual<br />

o homem foi criado.<br />

Este balanço é válido<br />

se a avaliação da plena<br />

extensão dos poderes<br />

e oportunidades da<br />

pessoa for correta. Somente<br />

então a pessoa<br />

pode realmente se arrepender,<br />

num grau mensurável, e resolver<br />

utilizar plenamente as próprias<br />

capacidades dali em diante.<br />

A simbologia do balanço do ano<br />

é baseada na metáfora da balança.<br />

As balanças são equipamentos<br />

desenvolvidos pelo homem desde as<br />

antigas civilizações egípcias, por<br />

volta de 5.000 aec., com a finalidade<br />

de medir o peso ou a massa<br />

dos corpos. A palavra balança é do<br />

latim bilanx (composto de bi - duas<br />

vezes, e lanx - pires).<br />

Embora atualmente utilizemos<br />

modernas balanças digitais, que indicam<br />

o peso com maior precisão, a<br />

representação mais usada e primeira<br />

que nos ocorre, é a da balança de<br />

dois pratos – a “verdadeira”, etimo-<br />

logicamente falando. E que é a mais<br />

adequada ao simbolismo de Rosh<br />

Hashaná. Por quê?<br />

Devido a um motivo essencial: a<br />

balança digital começa a marcar do<br />

zero. Mas quando fazemos o balanço<br />

espiritual, seja de nossas vidas ou<br />

do ano que passou, por mais que<br />

tenhamos nos comprometido com um<br />

plano de ação no ano anterior, nunca<br />

começamos do “zero”.<br />

Busca-se neste período, um<br />

balanço de vida, um acerto<br />

de contas, uma reflexão<br />

sobre o uso que estamos<br />

fazendo do tempo de<br />

nossa existência, de nossa<br />

potencialidade. Paramos<br />

para refletir quanto<br />

de nossa vida usufruímos<br />

e quanto deixamos de viver<br />

neste período que passou.<br />

Somos responsáveis por<br />

nossas prioridades e pelas oportunidades<br />

que a vida nos oferece. Confrontamos<br />

com nossas dificuldades<br />

e fraquezas. Avaliamos se as metas,<br />

os ideais, as intenções foram atingidas<br />

e realizadas. Se as promessas<br />

feitas a nós mesmos foram cumpridas,<br />

ou se as oportunidades de realizações<br />

e crescimento foram perdidas<br />

por medo, inseguranças, indecisões,<br />

etc.<br />

O que fizemos com este ano?<br />

Foi um período de crescimento e<br />

interesse pelos demais? Fizemos<br />

bom uso de nosso tempo ou o esbanjamos,<br />

jogamos fora? Foi realmente<br />

um ano de vida ou um ‘passar<br />

de tempo’? Agora é a hora de<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

A balança digital e Rosh Hashaná<br />

O governo do Sudão conseguiu<br />

o apoio do Brasil para não ser condenado<br />

na Organização das Nações<br />

Unidas (ONU) por violações aos direitos<br />

humanos. E o governo do<br />

Sudão deixou claro que essa atitude<br />

vai ser compensada. Numa entrevista<br />

ao jornal O Estado de S.<br />

Paulo, o diretor do Departamento<br />

de Cooperação do Ministério das<br />

Finanças do Sudão, Abdel Salam,<br />

declarou que, em poucos meses,<br />

espera fechar um acordo com a Petrobrás,<br />

além de contratos no setor<br />

de açúcar. ‘As portas estão abertas<br />

ao Brasil’, afirmou.<br />

Com seu voto, o Brasil surpreendeu<br />

ativistas e governos ocidentais<br />

por não seguir a posição de pedir<br />

que as autoridades sudanesas sejam<br />

investigadas por causa da pior crise<br />

humanitária do mundo na atualidade,<br />

na região de Darfur, onde as milícias<br />

apoiadas pelo governo já mataram<br />

de 200 mil de pessoas e provocaram<br />

o êxodo de milhões. A ONU<br />

já deixou claro que tem provas de<br />

que o governo do Sudão tem participado<br />

do conflito que causou tantas<br />

mortes desde 2003.<br />

França, Reino Unido e diversos<br />

outros países europeus pediam que<br />

uma investigação fosse realizada e<br />

que os autores do massacre não fossem<br />

deixados impunes. Mas com o<br />

apoio de Brasil, de Cuba, da China e<br />

dos governos africanos e árabes, o<br />

Sudão conseguiu evitar sua condenação<br />

na ONU. Em Genebra, foi aprovada<br />

apenas uma resolução em que<br />

se determina o envio de uma missão<br />

de cinco especialistas para avaliar a<br />

situação em Darfur.<br />

”O Brasil apóia a África nas organizações<br />

internacionais. Isso<br />

ficou claro na votação, quando tivemos<br />

uma boa contribuição do<br />

país. Isso é a cooperação entre<br />

os países do Sul. Nossa orientação<br />

é para abrir nossas portas ao<br />

Brasil”, afirmou Salam. “A atitude<br />

do Brasil pode ajudar muito nos<br />

negócios”. Salam confirmou que o<br />

governo do Sudão está “em negociações<br />

avançadas” com a Petrobrás.<br />

O governo brasileiro fechou<br />

os olhos ao sofrimento dos<br />

nos avaliarmos e reordenarmos nossas<br />

vidas. Este processo é chamado<br />

Teshuvá, voltar para casa – reconhecendo<br />

nossos erros entre nós<br />

e D-us, bem como entre nós e nossos<br />

semelhantes. E corrigi-los.<br />

O indivíduo que realmente consegue<br />

fazer um balanço da sua alma<br />

e distingue os processos internos que<br />

geram a distância entre intenção e<br />

a atitude, inicia uma Teshuvá, um<br />

“retorno”. Teshuvá é uma correção<br />

dos desvios de percurso, o retorno a<br />

um caminho de vida.<br />

Em Rosh Hashaná rezamos pedindo<br />

para sermos inscritos no Livro<br />

da Vida, pedimos por saúde, por<br />

sustento. É o Dia do Julgamento.<br />

Mesmo assim, nós o celebramos com<br />

refeições festivas, na companhia de<br />

familiares e amigos. Como podemos<br />

celebrar quando nossas vidas estão<br />

penduradas numa balança? Definitivamente,<br />

confiamos na bondade<br />

e na misericórdia divina. Sabemos<br />

que D-us conhece nossos corações<br />

e nossas intenções, e com amor e<br />

sabedoria decidirá o que é melhor<br />

para nós, assim confirmando Seu<br />

decreto para cada um de nós, para<br />

este ano que se inicia.<br />

* Jane Bichmacher de Glasman é<br />

doutora em Língua Hebraica,<br />

Literaturas e Cultura <strong>Judaica</strong>,<br />

professora adjunta, fundadora e exdiretora<br />

do Programa de Estudos<br />

Judaicos – UERJ, e escritora em<br />

época de balanço.<br />

Refugiados perseguidos em Darfur não<br />

têm o apoio do Brasil na ONU<br />

sudaneses de Darfur em troca de<br />

interesses econômicos, mas usa os<br />

direitos humanos quando quer criticar<br />

algum país que se defende<br />

de ataques terroristas.<br />

7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!