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tudo isso faz sua entrada no mundo.<br />
É por isso que cada momento<br />
destas 48 horas contam. É por isso<br />
que o chamamos de “Rosh Hashaná”<br />
– a “cabeça” do ano, e não apenas<br />
“Dia do Ano Novo” ou o “início do<br />
ano”. Assim como a cabeça contém<br />
dentro de si um nervo para cada parte<br />
do corpo, também a cabeça do<br />
ano é um concentrado de todo o ano<br />
vindouro. Porque tudo entra ali.<br />
Qualquer momento de Rosh Hashaná<br />
pode conter o dia mais importante<br />
do ano vindouro.<br />
Rosh Hashaná. Pode-se dizer, é o<br />
canal de nascimento do ano novo.<br />
Não é curioso que um shofar, com<br />
seu bocal estreito e abertura mais<br />
larga, lembre um canal de nascimento.<br />
De fato, a Torá menciona uma mulher<br />
notável com um nome da mesma<br />
etimologia: Shifrá. Ela era a parteira<br />
dos antigos hebreus que deixaram o<br />
Egito. Seu nome significa “fazer<br />
bela”, e é isso que ela fazia. Ela assegurava<br />
que os bebês nasceriam saudáveis<br />
e sobreviveriam, então os virava<br />
e massageava para aumentar sua<br />
força e beleza.<br />
O shofar é a parteira do ano<br />
novo. Em seu grito pungente comprimimos<br />
todas nossas preces sin-<br />
A Torá refere-se a Iom Kipur<br />
como o Shabat dos Shabatot do<br />
ano. Com este nome, a Escritura<br />
investe Iom Kipur com uma singularidade<br />
que o destaca entre<br />
as Festas <strong>Judaica</strong>s.<br />
Todo judeu, independentemente<br />
de seu grau de ligação ao<br />
Judaísmo no decorrer do ano, lembra-se<br />
neste dia de retornar à<br />
casa de seu Pai.<br />
Trazemos para vocês uma história<br />
inspiradora do Midrash,<br />
ilustrando a grande importância<br />
que pode ser vinculada ao simples<br />
ato de um homem:<br />
ceras, nossas lágrimas, nossa própria<br />
alma. Tudo que existe ressoa<br />
com seu chamado, até que ele atinge<br />
o próprio começo, o útero cósmico.<br />
E ali ele toca uma chave: a<br />
Presença Divina altera as modalidades<br />
de transcendência para imanência,<br />
de julgamento severo para<br />
compaixão. Na linguagem do Zôhar:<br />
“O shofar abaixo desperta o shofar<br />
acima e o Eterno, Bendito seja,<br />
sobe de Seu Trono de Julgamento<br />
e Se senta no Trono da Compaixão”.<br />
A nova vida entra em nosso<br />
mundo e respira pela primeira vez.<br />
É nossa própria vida, e está em<br />
nossas mãos.<br />
Não é estranho, que um ser criado<br />
tome parte em sua própria criação?<br />
Imagine os personagens de desenhos<br />
animados participando com<br />
o artista em seu próprio desenho.<br />
Imagine-os implorando à emissora de<br />
TV espaço para transmissão na próxima<br />
temporada. Imagine as fantasias<br />
de sua própria imaginação dizendo<br />
a você o quê imaginar.<br />
Agora imagine a nós, seres criados,<br />
implorando a nosso Criador:<br />
“Dá-nos a vida! Boa vida! Coisas<br />
boas! Fica aqui, às claras! Fica mais<br />
envolvido com Teu mundo!”<br />
Nos dias do Império Romano,<br />
havia na cidade de Tiberíades um<br />
homem simples, conhecido como<br />
Justus, o Alfaiate. Por diversos motivos<br />
este homem, tendo agradado<br />
aos líderes romanos, avançou rapidamente<br />
na hierarquia do Império,<br />
até tornar-se governador de toda a<br />
província de Tiberíades.<br />
Quando as notícias de seu progresso<br />
chegaram à cidade, as pessoas<br />
permaneceram cépticas. Muitas afirmaram<br />
que este não era realmente o<br />
mesmo Justus que conheciam.<br />
Seria impossível para um homem<br />
da plebe galgar posto tão elevado no<br />
Como seria, na câmara interior da<br />
Mente Cósmica, onde é determinado<br />
se seremos ou não seremos, que somos,<br />
implorando e participando naquela<br />
decisão? Deve haver algo em<br />
nós que esteja além da criação, algo<br />
eterno. Algo Divino. Nós o chamamos<br />
de “alma Divina”.<br />
É por isso que chamamos D-us tanto<br />
de rei quanto de pai.<br />
Rei, no sentido supremo da soberania,<br />
porque Ele determina se seremos<br />
ou não seremos.<br />
Pai, porque há algo d’Ele dentro<br />
de nós – e portanto podemos tomar<br />
parte naquela decisão.<br />
E nós somos o filho. Seu filho não<br />
é como qualquer outra pessoa. Seu<br />
filho é você. E mesmo assim, seu filho<br />
não é você. Seu filho é sua própria<br />
pessoa. Assim também, cada um<br />
de nós tem uma alma interior que é<br />
o sopro de D-us dentro de nós. Somos<br />
o ponto de conexão entre D-us<br />
e Seu universo. E portanto somos<br />
chamados de Seus filhos. E nós O<br />
chamamos de nosso Pai.<br />
Se é assim, em Rosh Hashaná, D-us<br />
leva a Si mesmo a julgamento.<br />
Ele olha de cima para baixo, para<br />
este mundo e, como estou certo de<br />
que você entende, a impressão nem<br />
Iom Kipur - - 21 21 de de setembro, setembro, ao ao entardecer entardecer, entardecer entardecer,<br />
, até até 22 22 de de setembro, setembro, setembro, ao ao ao anoitecer<br />
anoitecer<br />
O Shabat Supremo<br />
Império. Então certo dia, uma parada<br />
seria oferecida em Tiberíades, em<br />
honra ao novo governador. As pessoas<br />
postavam-se na rua, discutindo se o<br />
governador era nativo dali ou não.<br />
Um sábio que passava apontou a<br />
solução para eliminar a dúvida: “Observem<br />
o instante em que o governador<br />
passará pela sua antiga residência.<br />
Se ele virar a cabeça naquela direção,<br />
é sinal de que ele é Justus, o Alfaiate,<br />
e se não virar a cabeça, não é”.<br />
Quando o governador finalmente<br />
passou pela sua casa, a verdade<br />
nas palavras do sábio tornou-se evidente.<br />
O governador realmente vol-<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
sempre é boa. Mas D-us não está apenas<br />
além do mundo; Ele está também<br />
dentro dele. Ele é encontrado em cada<br />
átomo deste mundo. Mas somente a<br />
alma do homem pode argumentar em<br />
seu favor. Portanto, fazemos isso.<br />
Pode parecer estranho, mas é isso que<br />
está acontecendo: Ele como Ele está<br />
acima, como Ele está presente neste<br />
mundo, em julgamento.<br />
Somos os advogados de defesa.<br />
Reconhecemos que todas as Suas<br />
queixas são bem fundamentadas e<br />
justas. Pleiteamos culpados em todas<br />
as acusações. Porém demonstramos<br />
sincero arrependimento e declaramos<br />
que agora aceitaremos sobre<br />
nós a tarefa de purificar nossos atos<br />
e tornar o ano vindouro um ano<br />
muito, muito melhor que o passado.<br />
Acima de tudo, asseguramos que vamos<br />
falar somente o bem sobre o próximo<br />
e que lhe daremos nossas bênçãos<br />
para um ano bom e doce. Pois<br />
assim como julgarmos os outros, assim<br />
seremos julgados.<br />
A centelha de D-us dentro de<br />
nós nos conecta com a Infinita Luz<br />
Divina acima. O circuito está completo<br />
e o universo é recarregado<br />
com um fluxo de energia para um<br />
ano inteiro.<br />
tou a cabeça para seu antigo lar,<br />
e então todos souberam que ele<br />
não era um estrangeiro.<br />
Esta história retrata o significado<br />
para o Rei, diante daqueles<br />
que procuram se aproximar Dele, no<br />
dia mais sagrado do ano: aquele que<br />
ao menos neste dia volta-se para<br />
sua “antiga sinagoga”, não será um<br />
estranho na Casa de Israel.<br />
Ao voltar para seu legado, respirar<br />
a atmosfera do dia e sentirse<br />
aceito como parte integrante<br />
da comunidade, é provável que retornará…<br />
muito antes do próximo<br />
ano! (www.chabad.org.br).<br />
9<br />
* Tzvi Freeman é<br />
rabino, escritor e autor<br />
da “Dose Diária de<br />
Sabedoria”, publicado<br />
no website do Beit<br />
Chabad dos Estados<br />
Unidos<br />
(www.chabad.org).<br />
Nasceu em Vancouver,<br />
Canadá, onde, nos<br />
primeiros anos da<br />
juventude praticou<br />
Yoga, Tao e foi<br />
militante político. Em<br />
1970 ajudou a fundar o<br />
Total Education, uma<br />
universidade<br />
alternativa e em 1975<br />
abandonou sua<br />
carreira de guitarrista<br />
clássico e compositor<br />
para estudar Talmud e<br />
mística judaica por<br />
nove anos. Recebeu<br />
sua ordenação rabínica<br />
na Yeshivá Central<br />
Lubavitch de Nova<br />
York e completou os<br />
estudos de pósgraduação<br />
no<br />
Rabbinical College of<br />
Canada.