Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Jomar Moraes<br />
Bastião do Forró que fechasse a sanfona. Subiu num tamborete,<br />
ensaiou breves palavras de confraternização e concluiu<br />
anunciando que no ano agrícola que se aproximava<br />
ninguém pagaria renda em suas terras.<br />
Meia-noite em ponto! A família toda reunida em torno da<br />
ceia natalina de rica baixela de prata e porcelana. Ao seu<br />
redor, a mulher e os onze filhos, sentados com rigorosa<br />
observância de idade. Tudo pronto. Esperam apenas que o<br />
chefe da casa abasteça de vinho a sua taça e erga o brinde<br />
à boa sina de todos. É a sua bênção patriarcal.<br />
Um tropel desperta a atenção dos circunstantes, Quem<br />
viria àquelas horas juntar-se à ceia do Chico Severo? O<br />
compadre Marcelino ou Januário Melão, seu vaqueiro em<br />
Fazenda Palestina? Ninguém estava sendo esperado naquela<br />
noite.<br />
O cavaleiro saltou rapidamente e sem pedir licença, sem<br />
dizer palavra, foi entrando pelo varandão.<br />
Era Zé Nogueira...<br />
Ali, somente Chico Severo e seus familiares... todos imobilizados<br />
pelo inesperado do fato. Chico Severo permanece<br />
de pé, com a taça na mão. Os olhos se entrecruzam, como<br />
chispas de muitos brilhantes ao sol. Silêncio absoluto!...<br />
Zé Nogueira avança com firmeza. A cinco passos levanta<br />
sugestivamente os braços, significando que a sua vinda é de paz.<br />
Confraternizam-se e deliberam terminar, de uma vez por<br />
todas, as divergências que há tanto os separam.<br />
Chico Severo dá a Zé Nogueira seu lugar na cabeceira da<br />
mesa.<br />
E a família inteira se levanta para cantar “Noite Feliz”!...<br />
Advogado, Escritor, Historiador e membro da Academia Maranhense de Letras.<br />
11 / 76