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<strong>Comentários</strong> <strong>sobre</strong> o <strong>conto</strong><br />
“Artes do Diabo”<br />
Dino Cavalcante<br />
A<br />
lfredo de Assis, membro fundador da Academia<br />
Maranhense de Letras, entrou para o<br />
panteon da história literária no Brasil com o<br />
livro de <strong>conto</strong>s Coisas da Vida. Nesse conjunto<br />
de narrativas, emerge um contista de extrema<br />
capacidade de criar tipos e tramas. Assis vai do texto<br />
cômico, como Estudantadas, até uma cena trágica, como<br />
Alma torva, sem perder o gênio criador. Como Eça de Queirós<br />
e Machado de Assis, grandes contistas da literatura de<br />
língua portuguesa, o autor de A linguagem das Sextilhas<br />
de Frei Antão cria suas narrativas buscando personagens<br />
das mais variadas classes sociais. Em Artes do Diabo, uma<br />
encomenda de uma imagem de Santo Antônio, feita a um<br />
artista de Portugal, leva Zeferino (morador de uma vila próxima<br />
a Caxias) a uma situação inusitada: carregar o santo<br />
(de apenas 18cm) para ser colocado num andor ricamente<br />
ornado para uma grande procissão. Para muitos, uma arte<br />
feita pelo próprio Diabo para que não houvesse o festejo de<br />
Santo Antônio.<br />
Dino Cavalcante<br />
Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual paulista e Professor do Departamento<br />
de Letras da Universidade Federal do Maranhão.<br />
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