Prosa - Academia Brasileira de Letras
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Helio Jaguaribe<br />
(1727-1788) e Lawrence (1769-1830) na Inglaterra, Canaletto (1697-1768),<br />
Tiépolo (1696-1770) e Guardi (1712-93) em Veneza e, sobretudo Goya<br />
(1746-1828), em sua fase iluminista, marcaram um esplêndido momento da<br />
arte. Todavia, foi na música que o humanismo artístico encontrou sua maturação<br />
técnica no século XVIII, sua mais alta expressão, chegando a níveis jamais<br />
alcançados anteriormente, com Vivaldi (1675-1741), Johann Sebastian Bach<br />
(1685-1750), Gluck (1714-1787), Haydn (1732-1809), o <strong>de</strong>us Mozart<br />
(1756-1791) e a primeira etapa do gênio beethoveniano (1770-1827).<br />
A tradição humanista manteve-se durante a primeira meta<strong>de</strong> do século XIX,<br />
com a incorporação da sensibilida<strong>de</strong> romântica. Goethe (1749-1832), Schiller<br />
(1759-1805), Wilhelm von Humboldt (1767-1835), fundador da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Berlim, Hegel (1770-1831) e Marx (1818-1883) representam momentos<br />
culminantes do Humanismo do século XIX. Tal como no século anterior,<br />
a música foi uma expressão incomparável da emoção humana. Culminou<br />
com o absoluto beethoveniano, que teve sua manifestação suprema na maturida<strong>de</strong><br />
do compositor, Schubert (1797-1838), Men<strong>de</strong>lssohn (1807-1847), Schumann<br />
(1810-1856), Chopin (1810-1849), marcaram o momento mais alto do<br />
romantismo musical. A segunda meta<strong>de</strong> do século, em cujo transcurso se iniciou<br />
a crise do humanismo mo<strong>de</strong>rno, mantém, ainda nessa época, o alto nível do humanismo<br />
musical, com Wagner (1813-1883), em sua heróica expressão e<br />
Brahms (1833-1897) na última manifestação da harmonia clássico-romântica.<br />
O Humanismo e sua Crise<br />
Da Grécia a Goethe, <strong>de</strong> Fídias a Cánova, <strong>de</strong> Polígnoto a Goya, da canção<br />
grega a Beethoven, em todas suas mutantes manifestações históricas o Humanismo,<br />
como disse Pico <strong>de</strong>lla Mirandola, foi uma afirmação da dignida<strong>de</strong> do<br />
homem. Em suas diversas manifestações, conforme a época histórica ou o<br />
meio <strong>de</strong> expressão – palavra, mármore, cor, música – o homem foi celebrado<br />
por sua liberda<strong>de</strong> racional, por sua transcendência às circunstâncias e à sua<br />
própria estrutura psicofísica.<br />
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