15.04.2013 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Literatura paulista: A glória que fica?<br />

Uma das pesquisas em cursoéa<strong>de</strong>Antônio Arnoni Prado, cujo livro 1922<br />

– Itinerário <strong>de</strong> uma Falsa Vanguarda – os Dissi<strong>de</strong>ntes, a Semana e o Integralismo (São Paulo,<br />

Brasiliense, 1983) constitui o primeiro passo para rastrear uma produção<br />

<strong>de</strong> cunho social, <strong>de</strong> inspiração anarquista, que foi sendo marginalizada <strong>de</strong> nossa<br />

história literária.<br />

Diferente é o sentido da obra <strong>de</strong> Zélia Cardoso, premiada e publicada pela<br />

<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paulista <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, O Romance Paulista no Século XX (São Paulo,<br />

1983), mais fonte <strong>de</strong> consulta, pois engloba autores <strong>de</strong> várias tendências, sem<br />

distribuição <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> corrente estilística.<br />

É <strong>de</strong> pasmar que o Mo<strong>de</strong>rnismo, orientado ora para a re<strong>de</strong>scoberta do Brasil,<br />

ora para a renovação, não tenha dado atenção <strong>de</strong>vida a Madame Pommery <strong>de</strong><br />

Hilário Tácito, narrativa <strong>de</strong> 1919, já perpassada <strong>de</strong> sinais da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Coube à <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paulista <strong>de</strong> <strong>Letras</strong> reeditar obra tão importante, com prefácio<br />

<strong>de</strong> Osmar Pimentel que, todavia, hesita quanto a consi<strong>de</strong>rá-la romance:<br />

“Romance? Não; ela não tem a estrutura tradicional <strong>de</strong>sse gênero literário.” A<br />

perplexida<strong>de</strong> do crítico é antiga, pois em A Cruz e o Martelo (São Paulo, Conselho<br />

Estadual <strong>de</strong> Cultura, 1970), informa que “Madame Pommery mais parece sátira<br />

filosófica do que ficção rotineira”. (pág. 192)<br />

Por falar em crítica, cumpre mencionar uma tradicional <strong>de</strong>scrença, por parte<br />

dos próprios paulistas, acerca dos valores da literatura que aqui se produz,<br />

especialmente a <strong>de</strong> ficção. Com efeito, o mesmo Osmar Pimentel, tão agudo a<br />

muitos respeitos, não tem meias palavras sobre isto: “Peço <strong>de</strong>sculpas àqueles<br />

paulistas – poucos, felizmente – para os quais São Paulo é, em tudo e <strong>de</strong>finitivamente,<br />

o maior. Devo, porém, lembrar-lhes, aqui, que até a segunda década<br />

<strong>de</strong>ste século o romance e o conto paulistas foram, em geral pífios. Para ser exato:<br />

não existiram, literariamente.” (ob. cit., pág. 191).<br />

Ceticismo igual se encontra em Antônio D’Elia: “Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> reconhecer<br />

que, em relação à literatura <strong>de</strong> ficção (principalmente quanto ao romance),<br />

São Paulo não esteve – e não está ainda – em ponto alto.” (A Mágica<br />

Mão, São Paulo, Conselho Estadual <strong>de</strong> Cultura, 1963, pág. 10). E dirá adiante:<br />

“Creio que jamais se fará o ‘romance paulista’.” (ob. cit., pág. 11). A razão dis-<br />

123

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!