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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Helio Jaguaribe<br />

ecologia; (3) o da incorporação à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e ao <strong>de</strong>senvolvimento das socieda<strong>de</strong>s<br />

e dos estratos atrasados; e (4) o <strong>de</strong> uma eficaz e eqüitativa administração<br />

internacional dos interesses gerais da humanida<strong>de</strong>, que engendre uma otimização<br />

mundial da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Nos países mais <strong>de</strong>senvolvidos, a socieda<strong>de</strong> tecnológica <strong>de</strong> massas organizou-se<br />

como uma <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong> massas. A convicção <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>mocracia era<br />

uma condição necessária para alcançar a legitimida<strong>de</strong> política universalizou-se.<br />

Historicamente, observa-se como socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> notáveis convertem-se, no<br />

mundo oci<strong>de</strong>ntal, em <strong>de</strong>mocracias <strong>de</strong> notáveis, <strong>de</strong> meados do século XVIII a<br />

meados do XIX. Em seguida, essas socieda<strong>de</strong>s converteram-se em socieda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> classe média e, paulatinamente, <strong>de</strong> meados do século XIX ao início do XX,<br />

em <strong>de</strong>mocracias da classe média. Finalmente, essas socieda<strong>de</strong>s converteram-se<br />

em socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> massas e, no mundo Oci<strong>de</strong>ntal, do primeiro ao segundo<br />

pós-guerra, generalizou-se a constituição das <strong>de</strong>mocracias <strong>de</strong> massa.<br />

Em geral, o problema das <strong>de</strong>mocracias, particularmente das <strong>de</strong>mocracias<br />

<strong>de</strong> massas, consiste no fato <strong>de</strong> que a legitimida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r, resultante do regime<br />

<strong>de</strong>mocrático, não conduz per se à racionalida<strong>de</strong> pública. Esse problema<br />

já havia sido i<strong>de</strong>ntificado por Aristóteles em sua Política, e persiste em nossos<br />

dias. O autoritarismo, no entanto, além <strong>de</strong> inerentemente ilegítimo, tampouco<br />

conduz per se à racionalida<strong>de</strong> pública. Ora, o requisito da racionalida<strong>de</strong><br />

pública, extremamente importante para qualquer socieda<strong>de</strong>, converte-se,<br />

para as socieda<strong>de</strong>s tecnológicas <strong>de</strong> massas, em sua estrita condição <strong>de</strong> sobrevivência.<br />

Enquanto a boa administração <strong>de</strong> seu sistema <strong>de</strong> irrigação constituía<br />

uma condição necessária para a sobrevivência das massas mesopotâmicas, a<br />

boa administração do sistema tecnológico <strong>de</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m as massas contemporâneas<br />

é, num sentido ainda mais rigoroso, a condição essencial para<br />

sua sobrevivência. Todavia, numa certa medida as massas antigas podiam<br />

migrar para regiões mais bem providas <strong>de</strong> alimentação, e também, como efetivamente<br />

aconteceu, acumular grãos durante os anos férteis para compensar<br />

as más colheitas. Po<strong>de</strong>mos acrescentar a esse fato que a boa administração da<br />

irrigação era uma tarefa simples e que <strong>de</strong>pendia exclusivamente da preserva-<br />

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