15.04.2013 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Hannah Arendt: Da filosofia política à ciência política<br />

A orientação da dissertação <strong>de</strong> doutoramento <strong>de</strong> Hannah Arendt, por Karl<br />

Jaspers, completou-lhe o aprendizado filosófico existencial.<br />

As experiências intelectuais e vivenciais weimarianas <strong>de</strong> Hannah Arendt<br />

cedo começaram a <strong>de</strong>spertá-la para a necessida<strong>de</strong> do seu trânsito da filosofia<br />

pura à filosofia política e ciência política. A sua ida aos Estados Unidos, por<br />

precaução diante da perseguição iminente, foi o ensejo para fortalecer-lhe e<br />

ampliar-lhe a visão <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia, como se vê no seu livro Da Revolução, no<br />

qual veio a comparar as interrupções institucionais da Revolução Francesa e a<br />

continuida<strong>de</strong> constitucional da Revolução Americana. Os anos <strong>de</strong> formação<br />

<strong>de</strong> Hannah Arendt assim se completavam em anos <strong>de</strong> viagem, naquele itinerário<br />

vivido e sugerido por Goethe. Nos Estados Unidos Hannah Arendt pô<strong>de</strong><br />

efetuar a carreira universitária <strong>de</strong> pensadora, que lhe tinha sido negada na Alemanha<br />

pelo trágico término da República <strong>de</strong> Weimar.<br />

O gran<strong>de</strong> tema, entre outros centrais em Hannah Arendt, tornou-se a liberda<strong>de</strong><br />

da pessoa humana <strong>de</strong>mocratizada, não só do indivíduo isolado, perante<br />

Estado e socieda<strong>de</strong>.<br />

Benjamim Constant, o suíço-francês, distinguira a antiga e a nova liberda<strong>de</strong>,<br />

como sendo a liberda<strong>de</strong> enquanto <strong>de</strong>ver cívico e a liberda<strong>de</strong> enquanto direito<br />

individual. A liberda<strong>de</strong>, nos antigos helênicos, “era a partilha do po<strong>de</strong>r<br />

social entre todos os cidadãos”; a liberda<strong>de</strong>, mo<strong>de</strong>rna após o Renascimento,<br />

“é a segurança dos privilégios privados”. Daí partiu a distinção <strong>de</strong> Isaiah Berlin<br />

<strong>de</strong> estar livre da coação e necessida<strong>de</strong>s, para agir livremente: “freedom from”<br />

e“freedom for”.<br />

Stuart Mill em On Liberty apresenta a liberda<strong>de</strong> individual para falar, agir e<br />

ter; Tucídi<strong>de</strong>s, ao reproduzir o discurso <strong>de</strong> Péricles <strong>de</strong>finindo a <strong>de</strong>mocracia,<br />

<strong>de</strong>screve o sentido <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> para os atenienses como <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> participação<br />

cidadã no bem comum:<br />

“Ao mesmo tempo em que evitamos ofen<strong>de</strong>r os outros em nosso convívio<br />

privado, em nossa vida pública nos afastamos da ilegalida<strong>de</strong> principalmente<br />

por causa <strong>de</strong> um temor reverente, pois somos submissos às autori-<br />

129

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!