Prosa - Academia Brasileira de Letras
Prosa - Academia Brasileira de Letras
Prosa - Academia Brasileira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Elvia Bezerra<br />
<strong>de</strong> éter, <strong>de</strong> cocaína...<br />
Que sinto ao ver aquele céu chumbento?<br />
Sinto... não sei...<br />
Experimento<br />
um ‘frisson’, um...– como direi?... ”<br />
Em “A plangência lilás <strong>de</strong> um sino que vibra na torre da minha emotivida<strong>de</strong>”,<br />
Geraldino ressalta a tristeza fácil, a dúvida banal, a singeleza do ambiente,<br />
explora as cores, os sons, e recorre mais uma vez às reticências, que intensificam<br />
a serena melancolia característica do penumbrismo. O poema tem en<strong>de</strong>reço<br />
claro: é <strong>de</strong>dicado a Ribeiro Couto:<br />
Ding-dão... ding-dão... toca o sino da al<strong>de</strong>ia...<br />
Toca o sino...<br />
De andorinhas um bando, um bando pequenino,<br />
Assustado, <strong>de</strong>banda e per<strong>de</strong>-se no azul.<br />
No azul do céu...<br />
E o sino plange em sua torre feia.<br />
Torre <strong>de</strong> igreja pobre,<br />
De pobre al<strong>de</strong>ia...<br />
E o sino toca... ding-ding... dão...<br />
A cada dobre,<br />
Eis que se me confrange o coração...<br />
Mas o sino persiste, indiferente...<br />
Oh! Meu sino ignorante! Oh! Badalo inocente!...<br />
Em “In<strong>de</strong>cisão”, Paulo Geraldino associa a chuva fina a outras marcas constantes<br />
nos poemas penumbristas, ampliando-as. Observa-se aí o exagero na suavida<strong>de</strong><br />
das ações, das exclamações suspirosas, e o ridículo da dúvida, suscitada<br />
por um dilema banal, tudo isso sempre em meio à chuva recorrente:<br />
142