Escritoras Mineiras: Poesia, Ficção e Memória - FALE - UFMG
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destinada neste mundo, por difundir o amor e o belo e pela responsabilidade<br />
que eu levava comigo a cada livro publicado.<br />
Convivi com Henriqueta Lisboa, mestra da Faculdade e amiga muito<br />
querida, tendo muito aprendido com ela.<br />
De repente caíram-me às mãos haicais traduzidos do japonês por<br />
Octavio Paz. Foi alumbramento.<br />
O silêncio que eu aprendi com a ioga e com a filosofia zen veio ao<br />
meu encontro para o exercício poético.<br />
Bashô, monge zen-budista japonês, iniciou esta forma de poesia<br />
baseando-se em sua experiência mística e é até hoje meu mestre nesta<br />
arte. Esta filosofia se inseriu no fazer poético daquele mestre e seus<br />
discípulos.<br />
Eis porque o haicai diviniza a natureza, faz-se pintura e música,<br />
exerce o esquecimento de si em favor dos vários temas abordados, instaura<br />
o quase silêncio e sempre termina com algo insólito.<br />
Jamais eu chegaria a tanto, não só porque me falta o talento necessário<br />
como pela forma estrutural deste verso, que usa 5, 7 e 5 sílabas ao todo.<br />
Isto porque o japonês tem um sem número de vocábulos de uma só sílaba.<br />
Tentei ao máximo seguir a filosofia dos poemas japoneses, sem me<br />
preocupar com a exatidão de sua forma.<br />
Na verdade, escrevi meu livro de haicais envolta em aura de meditação<br />
e silêncio, muitas vezes inspirada pelo meu jardim.<br />
Continuo sempre a escrever, mesmo não sendo haicais, seguindo a<br />
inspiração que me leva a buscar a possível beleza.<br />
No fim do encontro, percebi nos participantes interesse no que<br />
falava. Senti que eles têm uma ânsia do divino e do belo. Foi mágica esta<br />
manhã para mim e agradeci a Deus por isso.<br />
38 Depoimentos<br />
Maio de 2009.<br />
<strong>Memória</strong> e poética