Escritoras Mineiras: Poesia, Ficção e Memória - FALE - UFMG
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Silêncios e ruídos na<br />
literatura de Ruth Silviano Brandão<br />
Claudia Maia<br />
Maria do Rosário Alves Pereira<br />
Ruth Junqueira Silviano Brandão nasceu em Belo Horizonte. Hoje é professora<br />
aposentada de literatura da Universidade Federal de Minas Gerais,<br />
tendo concluído a graduação em Letras e o mestrado e o doutorado em<br />
Estudos Literários nessa mesma instituição. Em pouco mais de dez anos<br />
de publicações, sua produção contempla o ensaio, a poesia e a ficção.<br />
Seu primeiro livro de poemas é Pássaro em vôo, de 1994, ao qual se seguiram<br />
o romance Para sempre amada, de 1998, Breve vida no branco,<br />
de 1999, Flor da pele, de 2000, Aporias de Astérion, de 2004 e Na frente<br />
do coração, de 2006.<br />
A obra literária de Ruth Silviano Brandão guarda uma especial e forte<br />
relação com as palavras. As palavras poéticas de Breve vida no branco, por<br />
exemplo, são expressas como “coisas” em constante pulsão, que sulcam<br />
e ferem a folha branca do papel. Transparentes e límpidas como água ou<br />
cristal, corpos silentes que tecem a noite, aladas e invisíveis que sem se<br />
mostrarem se deixam ver, nos poemas desse livro elas são transmutadas<br />
em flores, porque de infinitas formas e sempre mutantes, ou em pássaros<br />
que voam livres de seu arcaico peso.<br />
A falta ou o excesso de palavras, por vezes, estabelece uma série<br />
de conflitos, tensões, angústias. É o que se pode perceber no seguinte<br />
trecho, primeiro parágrafo do romance Para sempre amada:<br />
Brancas páginas de papel, onde posso escrever essa minha busca,<br />
esse trajeto que não acaba de se realizar e me deixa cansada, aflita<br />
por falta de palavras ou, talvez, excesso delas, que me acordam, me