Escritoras Mineiras: Poesia, Ficção e Memória - FALE - UFMG
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Dona Lívia, como a chamamos, é húngara de nascimento e já trazia<br />
uma rica bagagem cultural quando aportou em Minas Gerais. Formada em<br />
Pedagogia, Psicologia, Literaturas Alemã e Inglesa, era ainda artista plástica,<br />
formada em Desenho e Pintura pela Universidade de Budapeste. Por<br />
isso, foi relativamente fácil para ela integrar-se ao círculo de intelectuais<br />
e artistas da capital mineira (pois logo matriculou-se na Escola de Belas<br />
Artes e fez cursos com Inimá de Paula), receber convites para participar<br />
de exposições e ajudar a fundar a Academia Feminina Mineira de Letras.<br />
As lembranças da Segunda Guerra ficaram gravadas em muitos poemas,<br />
e especialmente no romance Ancoradouro, de 1981, e foram a base de<br />
seu depoimento.<br />
Yeda Prates Bernis, natural de Belo Horizonte, é formada em<br />
Línguas Neolatinas pela Universidade Federal de Minas Gerais, autora<br />
de inúmeros livros de poesia, e ganhadora de um número quase igual<br />
de prêmios literários. Viajante incansável, ela pôde conhecer diferentes<br />
culturas, nas quais encontrou parte do que buscava para si e sua arte:<br />
a beleza da simplicidade, da natureza e da filosofia. Por isso o encontro<br />
com o haicai foi tão oportuno e fértil, pois através dele passou a expressar<br />
não só o que considera uma síntese de si, mas o próprio flash poético<br />
existente em um instante.<br />
Malluh Praxedes, nascida em Pará de Minas, é jornalista, produtora<br />
cultural e escritora muito conhecida na capital mineira. Seus livros – sempre<br />
poemas e contos – são cuidadosamente planejados por ela como objetos<br />
artísticos. Sua marca registrada tem sido conseguir esmiuçar a intimidade<br />
do universo amoroso feminino e masculino, sem fazer concessão à hipocrisia<br />
das tradições interioranas, mantendo o tom irônico, brincalhão e jovial.<br />
Já Conceição Evaristo nasceu em Belo Horizonte, mas reside no Rio<br />
de Janeiro, onde exerceu o magistério, fez a graduação e a pós-graduação<br />
em Letras. A vida literária nasceu nas páginas dos Cadernos Negros, de São<br />
Paulo, através de contos e poemas, e se intensificou com o lançamento de<br />
romances, que também exploram – com rara sensibilidade – o cotidiano de<br />
violência e exclusão social dos afrodescendentes. Desde então, participa<br />
regularmente de eventos literários do país e do exterior, e vê sua obra<br />
tornar-se cada vez mais tema de estudos acadêmicos.<br />
O presente volume está estruturado em duas partes. Na primeira,<br />
temos a reprodução dos depoimentos das escritoras, em que elas revelam<br />
as peculiaridades de seus trabalhos literários. Na segunda, estão os<br />
textos apresentados no colóquio, que foram reunidos a partir dos temas:<br />
“<strong>Memória</strong> e poética”, “<strong>Ficção</strong> e poesia”, “Tradição e contemporaneidade”, e<br />
“Estilo, poética e vida”. Predomina neles a investigação em torno da mulher<br />
enquanto escritora, alguns resgatando nomes e obras perdidas no tempo e<br />
propondo a revisão do cânone literário, outros refletindo sobre a condição<br />
da mulher/escritora contemporânea, como sujeito da própria história.<br />
O leitor vai encontrar aqui desde estudos sobre nossas convidadas<br />
até reflexões que contemplam autoras menos conhecidas – como Beatriz<br />
Brandão, Bárbara de Araújo, Vera Brant e Maria Ângela Alvim; ou nomes<br />
que soam familiares, como Maria Julieta Drummond, Cidinha da Silva,<br />
Ruth Silviano Brandão, Lucia Castello Branco e Maria Esther Maciel. Nosso<br />
objetivo com a publicação desses textos é, principalmente, registrar o<br />
trabalho que vem sendo realizado pelo grupo de pesquisa Letras de Minas,<br />
e, ao mesmo tempo, contribuir para preencher a lacuna bibliográfica que<br />
persiste sobre as escritoras mineiras.<br />
Constância Lima Duarte<br />
6 <strong>Escritoras</strong> mineiras: poesia, ficção, memória Apresentação 7