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Escritoras Mineiras: Poesia, Ficção e Memória - FALE - UFMG

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Pode-se inferir que Vera Brant acompanhou de perto não só o sonho<br />

de Juscelino Kubitschek na construção de Brasília, como o de Darcy Ribeiro<br />

na criação da Universidade da nova capital do Brasil. Que na história política<br />

seu envolvimento foi intenso e efetivo, e que na vida social sua participação<br />

teve, de fato, a importância de uma verdadeira embaixadora, tamanho era<br />

o seu senso de diplomacia. Para ela, o convívio com os amigos se compara<br />

à ideia livre, não segue as regras da sociedade e da política, mas sim as<br />

da solidariedade e da amizade.<br />

Vera Brant foi, em sua época, uma ponte entre o mundo político<br />

e o mundo das elites intelectuais e artísticas do país. José Aparecido de<br />

Oliveira, na orelha do livro Darcy, ressaltou: “Vera Brant era o plantão de<br />

solidariedade cívica, da coragem moral de uma vigilante e combatente<br />

consciência patriótica. Assumiu todos os riscos na liderança do voluntariado<br />

na resistência democrática.”<br />

Referências<br />

BRANT, Vera. A solidão dos outros. 3. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.<br />

BRANT, Vera. A ciclotímica. Rio de Janeiro: Francisco Alves; Brasília: INL, 1984.<br />

BRANT, Vera. Carlos, meu amigo querido. Rio de Janeiro: Avenir, 1990.<br />

BRANT, Vera. Ensolarando sombras. São Paulo: Cosac & Naify, 1999.<br />

BRANT, Vera. JK: O reencontro com Brasília. Rio de Janeiro: Record, 2002.<br />

BRANT, Vera. Darcy. São Paulo: Paz e Terra, 2002.<br />

COELHO, Nely Novaes. Dicionário crítico de escritoras brasileiras: (1711-2001). São Paulo: Escrituras,<br />

2002.<br />

LEME FILHO, Trajano. Os 50 maiores erros da humanidade. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2004.<br />

52 <strong>Memória</strong> e poética<br />

Lívia Paulini: memória, ruínas e lirismo<br />

Cristiane Felipe Ribeiro de Araújo Côrtes<br />

Lívia Paulini é uma escritora húngara, naturalizada brasileira em 1951. Sua<br />

biografia revela uma notável trajetória vivida entre os fogos da guerra e<br />

as reflexões sobre o amor, a paz e a natureza.<br />

Sua carreira literária se inaugurou, na prosa, em 1981, com o<br />

romance Ancoradouro, uma autobiografia testemunhal que narra, detalhadamente,<br />

a história da escritora, desde a geração dos avós até a dos<br />

seus filhos. Em 1995, publica Monólito, narrativa misteriosa e envolvente.<br />

A autora também contribuiu significativamente com a poesia húngara e<br />

brasileira, escrevendo e traduzindo poemas a partir de 1986, quando lança<br />

a coletânea Realidade, além da participação em muitas antologias. As entrevistas,<br />

discursos, depoimentos, prêmios e inúmeras atividades culturais<br />

mostram o comprometimento e engajamento da escritora.<br />

Os textos de Lívia Paulini representam o que Márcio Seligmann-Silva<br />

chama de “arte da dor”. Para ele, a arte contemporânea “representa uma<br />

esfera onde os principais problemas da humanidade estão sendo refletidos<br />

e retrabalhados de um modo ao mesmo tempo vertiginoso e criativo”. 1 As<br />

manifestações artísticas atuais revelam uma realidade que assombra a<br />

sociedade, porque dialogam com a dor da humanidade. Elas, bem como<br />

os textos dessa autora, mostram não apenas como pensar as fraturas<br />

identitárias contemporâneas, mas também que não se deve esperar por<br />

soluções para nossos dilemas e desafios de viver em uma sociedade<br />

agredida pelas diversas violências e acuada pelas diferenças. No romance<br />

1 SELIGMANN-SILVA. História, memória, literatura, p. 56.

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