1 - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
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Carta dos moradores<br />
da Mauriti ao prefeito <strong>de</strong> Belém<br />
Sr. Prefeito:<br />
Nós, os moradores do bairro<br />
do Marco, mais precisamente, da<br />
travessa Mauriti, perímetro com-<br />
preendido entre a avenida Io. <strong>de</strong><br />
Dezembro e a Passagem Lauro<br />
Martins lhe dirigimos essa cart«<br />
pública para abordar o seguinte:<br />
Io. — Gostaríamos <strong>de</strong> lhe lem-<br />
brar que em fevereiro <strong>de</strong> 1977 o<br />
sr. visitou o nosso bairro e aqui,<br />
numa reunião no <strong>Centro</strong> Comuni-<br />
tário com mais <strong>de</strong> 100 moradores,<br />
o sr. prometeu botar aterro na tra-<br />
vessa Mauriti, <strong>de</strong> acordo com as<br />
reivindicações feitas na hora pelos<br />
moradores. Acontece, sr. prefeito,<br />
que até hoje nós estamos esperan-<br />
do por esse aterro e por incrível<br />
que pareça, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um<br />
ano, ele ainda não chegou por<br />
aqui.<br />
2o. — No dia <strong>de</strong>ssa reunião, os<br />
moradores da travessa Acatauassu<br />
Nunes disseram para o sr. que es-<br />
tavam fazendo uma ponte <strong>de</strong> ma-<br />
<strong>de</strong>ira, ponte essa cujo material ti-<br />
nha sido comprado com recursos<br />
RESISTÊNCIA M- 2<br />
da própria população. Nessa oca-<br />
sião, pediram ao sr. uma ajuda a<br />
mais em ma<strong>de</strong>ira, tendo sr. respon-<br />
dido que podíamos pegar essa ma-<br />
<strong>de</strong>ira e dividir entre nós porque<br />
daquele dia em diante era meta do<br />
seu governo exterminar todas as<br />
pontes <strong>de</strong> Belém; a começar da<br />
segunda-feira imediatamente pró-<br />
xima iam entrar cinco caçambas<br />
para trazer aterro para aqui. Infe-<br />
lizmente acreditamos nas suas pa-<br />
lavras, pois aterro que é bom nun-<br />
ca chegou por aqui. 0 que apare-<br />
ceu foram algumas caçambas jo-<br />
gando lixo podre, que ocasionou<br />
até problemas para nossos filhos.<br />
3o. — Em agosto passado, can-<br />
sados <strong>de</strong> esperar por esse aterro<br />
fantasma, formamos uma comis-<br />
são <strong>de</strong> moradores e fomos com o<br />
sr., para pedir que mandasse fa-<br />
zer uma limpeza na vala da traves-<br />
sa José Leal Martins. Esta vala,<br />
que recebe todas as águas que vêm<br />
da Io. <strong>de</strong> Dezembro, como nunca<br />
recebeu uma limpeza na sua admi-<br />
ninas<br />
f\ t Para maior conscientização do povo. a comís-<br />
US Q6Z í8O coor<strong>de</strong>nadora da luta contra a <strong>de</strong>sapropriação no<br />
-i-. -A^-« Jurunas, editou um boletim, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> tiramos os<br />
mandamentOS "Dez mandamentos"'<br />
Jo. — Não reconhecer donos <strong>de</strong>stas terras. " U<br />
2o. - Não se intimidar com provocações <strong>de</strong> colaboradores ou donos da empresa, o<br />
3o. - Não pagar foro ou aluguel dos terrenos <strong>de</strong> suas casas. ' • i " .<br />
4o. - Nãò.comprar terrenos. ' . ." ; %"%&-' > v *<br />
5o. - Suspen<strong>de</strong>r pagamentos, quem já comprou terreno. ^ Sí ^ v : ^<br />
6o. ^ Consultar nossos advogados antes dê se fazer acordo, k ;<br />
assinaturas dé documentos ou resolver qualquer problema que tiver coma empresa. I<br />
7o: -Participar <strong>de</strong> nossas reuniões.* ■' : ^f::f:^^...i.,.. . / . . V<br />
8o. - Não pedir autorização para consertos em sua casa %", * ^ i,. ;; :■■ ■•■'■■.<br />
9o, - Não aten<strong>de</strong>r à intimação da empresai. - \ h;:%-?^^i