UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO PRÓ ... - Unicap
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Nesta perspectiva, o aspecto sócio-cultural apresenta extrema relevância,<br />
atuando diretamente no 'fenômeno adolescência'.<br />
Sendo assim, de acordo com Becker (2003, p.11-12) não existe uma<br />
adolescência e sim, várias. A respeito disto ele afirma:<br />
Existem sociedades nas quais a passagem da vida infantil para a adulta se faz<br />
gradativamente; a criança vai recebendo funções e direitos até que atinja<br />
plenamente a condição de adulto, o que faz desaparecer as características do<br />
que chamamos de “crise da adolescência”. Em outras sociedades existe um<br />
ritual de passagem (geralmente quando começam as transformações físicas da<br />
puberdade) após o qual se confere ao indivíduo todos os direitos e<br />
responsabilidades do adulto. Esses rituais envolvem muitas vezes intenso<br />
sofrimento psíquico e físico. Mas eles podem facilitar o processo de integração<br />
da sociedade adulta e favorecer o desenvolvimento da auto-estima, identidade<br />
e segurança no jovem.<br />
É inegável a rica contribuição trazida pelos estudos antropológicos e sociológicos<br />
no que concerne aos aspectos sócio-culturais da adolescência.<br />
No tocante às variedades culturais vividas por civilizações diferentes das<br />
ocidentais, é possível afirmar que, nos povos primitivos 12 , os adolescentes são<br />
submetidos a ritos de passagem que demarcam o fim da infância e o ingresso à vida<br />
adulta. A respeito disto o professor Estácio de Lima (AUDIFACE apud MAAKAROUN;<br />
SOUZA; CRUZ, 1991) ao desenvolver estudos em Guiné de Bissau pôde observar que<br />
meninas, após sua primeira menstruação, tinham o clitóris extirpado e o local da<br />
mutilação era cauterizado com ferro incandescente; acreditava-se que tal rito a tornaria<br />
apta a responder às demandas de uma vida adulta. Já uma tribo indígena, os Maués da<br />
Amazônia, submetiam os jovens adolescentes, que objetivava tornar-se adulto, a uma<br />
tarefa de coragem e provação; eles calçavam luvas de palha repletas de formigas<br />
tocandeiras, que são altamente agressivas, e, com elas em mãos, dançavam e tocavam<br />
até a perda dos sentido, alcançando o ápice da dor e da resistência a esta.<br />
Na tradição judaica uma cerimônia demarca o fim da infância e o ingresso na<br />
vida adulta: para as meninas Bat Mitzvah e para os meninos ela chama-se Bar Mitzvah;<br />
após tais cerimônias a adolescente de 12 anos já é considerada como adulta e membro<br />
12<br />
No texto, o sentido de primitivo indica povos de origem primeira, ou, dito de outro modo, de primeiros<br />
povos.<br />
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