UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO PRÓ ... - Unicap
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A noção de sujeito sociológico refletia a crescente complexidade do mundo<br />
moderno e a consciência de que este núcleo interior do sujeito não era<br />
autônomo e auto-suficiente, mas era formado na relação com "outra pessoas<br />
importantes para ele" [...]. De acordo com essa visão, que se tornou a<br />
concepção sociológica clássica da questão a identidade é formada na<br />
"interação" entre o eu e a sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo ou<br />
essência interior que é o "eu real", mas este é formado e modificado num<br />
diálogo contínuo com os mundos culturais "exteriores" e as identidades que<br />
esses mundos oferecem. (HALL, 1999, p.11, grifo do autor)<br />
Nessa concepção, a identidade é concebida como algo que exerce função de<br />
ocupar o espaço entre o que é exterior e interior; dito de outro modo, entre o que é<br />
pessoal/individual e público/coletivo, dando origem a uma identidade fixa e permanente.<br />
No entanto, à medida que o mundo moderno se tornou mais complexo esta<br />
concepção de sujeito entrou em crise, bem como o conceito de identidade. A<br />
concepção de identidade do sujeito pós-moderno sofre uma espécie de "deslocamento"<br />
ou "descentramento" criando, assim, espaços para a formação de identidades múltiplas<br />
e cambiantes. Desse modo, concebemos uma identidade sempre em processo,<br />
mutante e inacabada. É como se a identidade pudesse ser, simbolicamente, comparada<br />
a um fio condutor que transpassa toda existência do sujeito, permitindo ao mesmo a<br />
construção de um senso de continuidade e de reconhecimento de si mesmo, é o "saber<br />
quem sou".<br />
Neste aspecto, trilhando o caminho que alicerça a busca da compreensão do<br />
sentido e da construção da identidade, foi possível perceber que não existe um conceito<br />
uno e imutável que abarque todo o significado desta, pois, uma vez alcançado-o, o<br />
mesmo dissolve-se como castelos de areia, possibilitando, em seguida, novas<br />
construções.<br />
Este argumento encontra apoio em Tomaz da Silva (2000, p.84) quando este<br />
afirma que<br />
O processo de produção da identidade oscila entre dois movimentos: de um<br />
lado, estão aqueles processos que tendem a fixar e a estabilizar a identidade;<br />
de outro, os processos que tendem a subvertê-la e a desestabilizá-la. É um<br />
processo semelhante ao que ocorre com os mecanismos discursivos e<br />
lingüísticos nos quais se sustenta a produção da identidade. Tal como a<br />
linguagem, a tendência da identidade é para fixação. Entretanto, tal como<br />
ocorre com a linguagem, a identidade está sempre escapando. A fixação é uma<br />
tendência e, ao mesmo tempo, uma impossibilidade.<br />
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