UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO PRÓ ... - Unicap
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[...] uma "celebração móvel" formada e transformada continuamente em relação<br />
às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas<br />
culturais que nos rodeiam [...] O sujeito assume identidades diferentes em<br />
diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um "eu"<br />
coerente. [...] se sentimos que temos uma identidade unificada desde o<br />
nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda história<br />
sobre nós mesmos ou uma confortadora "narrativa do eu". A identidade<br />
plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés<br />
disso, à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se<br />
multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e<br />
cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos<br />
identificar- ao menos temporariamente.<br />
Para este estudioso a identidade estaria sofrendo um processo de crise. As<br />
transformações estruturais ocorridas nas sociedades modernas têm fragmentado<br />
antigos referenciais que possibilitavam, ao indivíduo, a estruturação e a construção da<br />
identidade pessoal; estas abalam a concepção e o sentido, estáveis, que o sujeito,<br />
outrora, tinha de si mesmo; o processo de fragmentação bem como suas<br />
conseqüências podem ser denominadas de deslocamento ou "descentração dos<br />
indivíduos 18 ".<br />
A respeito disto, Mercer, (1990, p. 4 apud WOODWARD, 2000, p.19) afirma que<br />
"Quase todo mundo fala agora sobre 'identidade'. A identidade só se torna um problema<br />
quando está em crise, quando algo que se supõe ser fixo, coerente e estável é<br />
deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza."<br />
É importante ressaltar que as concepções de identidade foram mudando de<br />
acordo com as transformações simbólicas e de paradigmas que ocorreram ao longo do<br />
processo histórico-social. De forma que, Hall (1999) indica três concepções de<br />
identidade: do sujeito do iluminismo, do sujeito sociológico e do sujeito pós-moderno.<br />
O sujeito do iluminismo compreendia o indivíduo tomado de razão, unificado,<br />
centrado, dotado de capacidade de consciência e de ação; de forma que "o centro<br />
essencial do eu era a identidade de uma pessoa". (HALL, 1999, p.11).<br />
A partir da percepção de que o sujeito é formado através da relação com outras<br />
pessoas que mediam os valores, normas e símbolos de uma determinada<br />
sociedade/cultura, origina-se a noção do sujeito sociológico.<br />
18<br />
Termo utilizado por Stuart Hall na p.9 do seu livro: A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de<br />
Janeiro: DP&A, 1999.<br />
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