Educação como Prática da Liberdade - Paulo Freire - Gestão Escolar
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Muitos destes textos de autores analfabetos vinham<br />
sendo objeto de análise do professor Luís Costa Lima, na<br />
cadeira que regia de Teoria Literária.<br />
As palavras geradoras deveriam sair destes<br />
levantamentos e não de uma seleção que fizéssemos nós<br />
mesmos, em nosso gabinete, por mais tecnicamente bem<br />
escolhi<strong>da</strong>s que fossem.<br />
2. A segun<strong>da</strong> fase é constituí<strong>da</strong> pela escolha <strong>da</strong>s<br />
palavras, seleciona<strong>da</strong>s do universo vocabular pesquisado.<br />
Seleção a ser feita sob critérios:<br />
a — o <strong>da</strong> riqueza fonêmica;<br />
b — o <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des fonéticas (as palavras<br />
escolhi<strong>da</strong>s devem responder às dificul<strong>da</strong>des fonéticas <strong>da</strong><br />
língua, coloca<strong>da</strong>s numa seqüência que vá gra<strong>da</strong>tivamente<br />
<strong>da</strong>s menores às maiores dificul<strong>da</strong>des);<br />
c — o de teor pragmático <strong>da</strong> palavra, que implica<br />
numa maior plurali<strong>da</strong>de de engajamento <strong>da</strong> palavra numa<br />
<strong>da</strong><strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de social, cultural, política, etc.<br />
“Hoje”, diz o professor Jarbas Maciel, “nós vemos<br />
que estes critérios estão contidos no critério semiótico: a<br />
melhor palavra geradora é aquela que reúne em si maior<br />
‘percentagem’ possível dos critérios sintático<br />
(possibili<strong>da</strong>de ou riqueza fonêmica, grau de dificul<strong>da</strong>de<br />
fonética complexa, de ‘manipulabili<strong>da</strong>de’ dos conjuntos<br />
de sinais, as sílabas, etc.), semântico (maior ou menor<br />
‘intensi<strong>da</strong>de’ do vínculo entre a palavra e o ser que<br />
designa), maior ou menor adequação entre a palavra e o<br />
ser designado e pragmático, maior ou menor teor de<br />
conscientização que a palavra traz em potencial, ou<br />
conjunto de reações socioculturais que a palavra gera na<br />
pessoa ou grupo que a utiliza.” 15<br />
3. A terceira fase consiste na criação de situações<br />
existenciais típicas do grupo com quem se vai trabalhar.<br />
Estas situações funcionam <strong>como</strong> desafios aos<br />
grupos. São situações-problemas, codifica<strong>da</strong>s, guar<strong>da</strong>ndo<br />
em si elementos que serão descodificados pelos grupos,<br />
com a colaboração do coordenador. O debate em torno<br />
delas irá, <strong>como</strong> o que se faz com as que nos dão o<br />
15 Jarbas Maciel — A Fun<strong>da</strong>mentação Teórica do Sistema <strong>Paulo</strong><br />
<strong>Freire</strong> de <strong>Educação</strong>. Estudos Universitários. Revista Cultura.<br />
Universi<strong>da</strong>de do Recife. N.° IV, 1963.<br />
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