17.04.2013 Views

Educação como Prática da Liberdade - Paulo Freire - Gestão Escolar

Educação como Prática da Liberdade - Paulo Freire - Gestão Escolar

Educação como Prática da Liberdade - Paulo Freire - Gestão Escolar

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

condições capazes de oferecer ao “povo”<br />

inexperimentado, circunstâncias ou clima para as<br />

primeiras experiências ver<strong>da</strong>deiramente democráticas.<br />

Superpúnhamos a uma estrutura economicamente feu<strong>da</strong>l<br />

e a uma estrutura social em que o homem vivia vencido,<br />

esmagado e “mudo”, uma forma política e social cujos<br />

fun<strong>da</strong>mentos exigiam, ao contrário do mutismo, a<br />

dialogação, a participação, a responsabili<strong>da</strong>de, política e<br />

social. A soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de social e política, também, a que<br />

não poderíamos chegar, tendo parado, <strong>como</strong> paráramos,<br />

na soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong>, revela<strong>da</strong> numa ou noutra<br />

manifestação <strong>como</strong> o “mutirão”.<br />

Onde buscarmos as condições de que tivesse<br />

emergido uma consciência popular democrática,<br />

permeável e crítica, sobre a qual se tivesse podido fun<strong>da</strong>r<br />

autenticamente o mecanismo do estado democrático,<br />

messiânicamente transplantado?<br />

No nosso tipo de colonização à base de grande<br />

domínio? Nas estruturas feu<strong>da</strong>is de nossa economia? No<br />

isolamento em que crescemos, até internamente? No<br />

todo-poderosismo dos senhores <strong>da</strong>s “terras e <strong>da</strong>s gentes”?<br />

Na força do capitão-mor? Do sargento-mor? Dos<br />

governadores gerais? Na fideli<strong>da</strong>de à Coroa? Naquele<br />

gosto excessivo de “obediência”, a que Saint-Hilaire se<br />

refere <strong>como</strong> sendo adquirido pelo leite mamado? Nos<br />

centros urbanos criados verticalmente? Nas proibições<br />

inúmeras à nossa indústria, à produção de tudo aquilo que<br />

afetasse os interesses <strong>da</strong> Metrópole? Nos nossos anseios,<br />

às vezes até líricos, de liber<strong>da</strong>de, sufocados, porém, pela<br />

violência <strong>da</strong> Metrópole?<br />

Na educação jesuíta — a que muito devemos,<br />

realmente — mas, em grande parte verbosa e superposta<br />

à nossa reali<strong>da</strong>de?<br />

Na inexistência de instituições democráticas? Na<br />

ausência de circunstâncias para o diálogo em que<br />

surgimos, em que crescemos? Na autarquização dos<br />

grandes domínios, asfixiando a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des? Nos<br />

preconceitos contra o trabalho manual, mecânico,<br />

decorrente <strong>da</strong> escravidão e que provocavam ca<strong>da</strong> vez<br />

mais distância social entre os homens? Nas Câmaras e<br />

Senados municipais <strong>da</strong> Colônia, vivendo de eleitos cujos<br />

nomes deviam estar inscritos nos livros <strong>da</strong> nobreza?<br />

80

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!