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Educação como Prática da Liberdade - Paulo Freire - Gestão Escolar

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vinha sendo lançado em formas de vi<strong>da</strong> mais complexas e<br />

entrando, assim, num circuito maior de relações e<br />

passando a receber maior número de sugestões e desafios<br />

de sua circunstância, começava a se verificar nele a<br />

transitivi<strong>da</strong>de de sua consciência.<br />

O que nos parecia importante afirmar é que o outro<br />

passo, o decisivo, <strong>da</strong> consciência dominantemente<br />

transitivo-ingênua para a clominanteniente transitivocrítica,<br />

ele não <strong>da</strong>ria automaticamente, mas somente por<br />

efeito de um trabalho educativo crítico com esta<br />

destinação. Trabalho educativo advertido do perigo <strong>da</strong><br />

massificação, em íntima relação com a industrialização,<br />

que nos era e é um imperativo existencial.<br />

Merecia, na ver<strong>da</strong>de, meditação de nossa parte, que<br />

estávamos participando de uma fase intensamente<br />

problemática <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> brasileira, as relações entre a<br />

massificação e a consciência transitivo-ingênua que, se<br />

destorci<strong>da</strong> no sentido de sua promoção à consciência<br />

transitivo-crítica resvalaria para posições mais<br />

perigosamente míticas do que o teor mágico,<br />

característico <strong>da</strong> consciência intransitiva. Neste sentido, a<br />

distorção que conduz à massificação implica num<br />

incompromisso maior ain<strong>da</strong> com a existência do que o<br />

observado na intransitivi<strong>da</strong>de.<br />

É que, na medi<strong>da</strong> em que o homem se comporta à<br />

base de maior dose de emocionali<strong>da</strong>de que de razão, no<br />

sentido que lhe dá Barbu 24 o seu comportamento não<br />

resulta em compromisso porque se faz a<strong>como</strong><strong>da</strong><strong>da</strong>mente.<br />

O que caracteriza o comportamento comprometido é a<br />

capaci<strong>da</strong>de de opção. Esta exige, <strong>como</strong> já salientamos,<br />

um teor de critici<strong>da</strong>de inexistente ou vagamente existente<br />

na consciência intransitiva. O incompromisso com a<br />

existência a que já nos referimos, característico <strong>da</strong><br />

intransitivi<strong>da</strong>de se manifesta assim, numa dose maior de<br />

a<strong>como</strong><strong>da</strong>ção do homem do que de integração. Mas, onde<br />

a dose de a<strong>como</strong><strong>da</strong>ção é ain<strong>da</strong> maior e o comportamento<br />

do homem se faz mais incomprometido, é na<br />

massificação. Na medi<strong>da</strong>, realmente, em que o homem,<br />

transitivando-se, não consegue a promoção <strong>da</strong><br />

ingenui<strong>da</strong>de à critici<strong>da</strong>de, em termos obviamente<br />

preponderantes, e chega à transitivi<strong>da</strong>de fanática, seu<br />

incompromisso com a existência é ain<strong>da</strong> maior que o<br />

verificado no grau <strong>da</strong> intransitivi<strong>da</strong>de. É que o<br />

24 Barbu vê a razão <strong>como</strong> “the individual capacity to grasp the order<br />

in change, and the unity in variety”. Democracy and Dictatorship,<br />

pág. 4.<br />

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