Educação como Prática da Liberdade - Paulo Freire - Gestão Escolar
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Figuremos a palavra “tijolo”, <strong>como</strong> primeira palavra<br />
geradora, coloca<strong>da</strong> numa “situação” de trabalho em<br />
construção. Discuti<strong>da</strong> a situação em seus aspectos<br />
possíveis, far-se-ia a vinculação semântica entre a palavra<br />
e o objeto que nomeia.<br />
Visualiza<strong>da</strong> a palavra dentro <strong>da</strong> situação, era logo<br />
depois apresenta<strong>da</strong> sem o objeto: Tijolo.<br />
Após, vinha: ti-jo-lo.<br />
Imediatamente à visualização dos “pe<strong>da</strong>ços” e<br />
fugindo-se a uma ortodoxia analítico-sintética, 18 parte-se<br />
para o reconhecimento <strong>da</strong>s famílias fonêmicas.<br />
Acrescentemos ain<strong>da</strong> que um círculo de cultura se montava<br />
com um projetor de fabricação polonesa, chegado ao Brasil pelo<br />
custo de sete mil e oitocentos cruzeiros. Um stripp-film, que nos<br />
custava, enquanto não montássemos nossos laboratórios, quatro a<br />
cinco mil cruzeiros. A projeção era feita na própria parede <strong>da</strong> casa<br />
onde se instalava o círculo de cultura. Um quadro negro de baixo<br />
custo, também. Nos locais onde se fazia difícil a projeção na parede,<br />
usávamos o quadro-negro, cujo lado oposto, pintado de branco,<br />
funcionava <strong>como</strong> tela.<br />
O Ministério de <strong>Educação</strong> importara trinta e cinco mil<br />
desses aparelhos, que funcionavam com duzentos e vinte, cento e dez<br />
e seis volts. Aparelhos que foram apresentados, depois <strong>da</strong><br />
“revolução”, em programas de TV, <strong>como</strong> altamente “subversivos”...<br />
18 Segundo os processos psicológicos, os métodos do ensino <strong>da</strong><br />
leitura e <strong>da</strong> escrita vêm sendo classificados em dois grandes grupos:<br />
o dos métodos sintéticos e dos analíticos. Como alongamento dos<br />
dois, os chamados analítico-sintéticos. Para o professor William<br />
Gray, em que pese o reconhecimento <strong>da</strong> vali<strong>da</strong>de desta classificação,<br />
os métodos de ensinamento <strong>da</strong> leitura se alinham em dois grandes<br />
grupos, que ele chama de antigos e especializados e de métodos<br />
modernos, mais ou menos ecléticos. Segundo ain<strong>da</strong> o professor Gray,<br />
esta classificação apresenta uma dupla vantagem: “é relativamente<br />
simples, não se prestando à controvérsia e aplica-se a todos os<br />
métodos utilizados para ensinar os caracteres alfabéticos, silábicos ou<br />
ideográficos”. Os antigos, ain<strong>da</strong> segundo o mesmo autor, se<br />
agrupavam em duas classes: a <strong>da</strong>queles que se fixam nos elementos<br />
vocabulares e no seu valor fonético, para chegar à identificação dos<br />
nomes e a dos que consideram de uma só vez as uni<strong>da</strong>des lingüísticas<br />
mais importantes, insistindo sobre a compreensão”. Na primeira<br />
classe, situa o professor Gray “os métodos alfabético, fonético e<br />
silábico em que já se surpreende uma superação do método sintético,<br />
precisamente porque o elemento de base é a sílaba”. Após a análise<br />
<strong>da</strong> segun<strong>da</strong> classe dos chamados métodos antigos refere-se aos que<br />
chama de “métodos modernos”. Discute, então, as tendências<br />
modernas, que enquadra em duas grandes categorias: Tendências<br />
ecléticas e Tendências centra<strong>da</strong>s no aluno. A tendência eclética<br />
abarca exatamente a síntese e a análise, propiciando o analíticosintético.<br />
Nosso trabalho se fixa entre as novas tendências. É um<br />
método eclético, em que jogamos, inclusive, com a elaboração de<br />
textos em colaboração com os alfabetizandos. Gray, William.<br />
L’Enseignement de la lecture et de l’écriture! UNESCO.<br />
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