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Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

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116<br />

R.B.S.H. 9(1):1998<br />

“ Isso foi no começo <strong>de</strong> março... /...Então, ela falou: “Dona Diva, vou<br />

dá um conselho a senhora, espere ainda esse mês”.<br />

Por ter saído às escondidas teve que <strong>de</strong>ixar para trás as suas roupas<br />

e os seus pertences. Recebê-los s<strong>em</strong> qualquer mensag<strong>em</strong> dos seus familiares,<br />

<strong>de</strong>lineiam uma separação com seus referenciais <strong>de</strong> vínculos afetivos,<br />

portanto, uma situação <strong>de</strong> segregação social. Como se isso não fosse suficiente,<br />

havia a falta <strong>de</strong> notícias do noivo, agravadas pelos assédios <strong>de</strong> um<br />

novo preten<strong>de</strong>nte. Aos aspectos que já foram apontados, acrescentam-se a<br />

instabilida<strong>de</strong> afetiva, indicada pelo choro.<br />

Todo esse conjunto <strong>de</strong> aspectos que evi<strong>de</strong>nciam a segregação social<br />

aponta para os el<strong>em</strong>entos culturais <strong>de</strong> valor e normas. Como indica o<br />

primeiro termo, esse incentiva e orienta o comportamento. É através dos<br />

valores que o direito à vida e à liberda<strong>de</strong> se orientam. Nesse caso, os el<strong>em</strong>entos<br />

do valor <strong>em</strong>ocional e do i<strong>de</strong>acional encontram-se num limiar <strong>de</strong><br />

separativida<strong>de</strong>. Há uma cisão entre o esperado e o <strong>de</strong>sejado. Dentre as<br />

condições que se lhes apresentam, uma ficou evi<strong>de</strong>nte nesse ritual <strong>de</strong> separação,<br />

que foi a falta <strong>de</strong> comunicação.<br />

• A falta <strong>de</strong> comunicação<br />

... Depois que cheguei lá, chorei tanto, porque ele não escrevia... Ele<br />

foi-se <strong>em</strong>bora, disse que vinha <strong>em</strong> janeiro para casar, e no final <strong>de</strong><br />

fevereiro, nenhuma carta, n<strong>em</strong> nada... /... “Você não escreveu nenhuma<br />

carta”... /... “Olhe, quando eu cheguei lá escrevi para você; mas, na<br />

cida<strong>de</strong>, soube que o hom<strong>em</strong> que trazia as cartas, dizendo que era meu<br />

amigo, lia as carta e rasgava. Escrevi cinco carta para você. “ Dona<br />

Finha disse: “Coitada, só faltou morrer <strong>de</strong> chorar. Nunca recebeu nenhuma<br />

linha, n<strong>em</strong> notícias, ela está com razão!...<br />

Todo indivíduo ao nascer é uma pessoa social. Esta é esperada,<br />

recebida e educada conforme as condições familiares e sociais existentes.<br />

Nesse sentido, a teoria das necessida<strong>de</strong>s humanas básicas aponta a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> agregação como necessária ao ser humano. O primeiro ato <strong>de</strong><br />

comunicação como o mundo ocorre mediante o choro. Essa é a forma que<br />

o bebê encontra para se fazer presente, para se tornar inclusive um ser<br />

social. É através da comunicação que o ser humano compartilha idéias,<br />

fatos, sentimentos, atitu<strong>de</strong>s e opiniões. Ela é, portanto, vital Para o hom<strong>em</strong><br />

enquanto ser social. Exist<strong>em</strong> relatos na literatura a respeito <strong>de</strong> indivíduos<br />

que ficaram privados da comunicação com outros, e que esse fato os levou<br />

à morte pr<strong>em</strong>atura. O principal meio <strong>de</strong> comunicação humana é a linguag<strong>em</strong>.<br />

A situação <strong>em</strong> que a informante se encontrou, permeada <strong>de</strong> choro,

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