17.04.2013 Views

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

R.B.S.H. 9(1):1998<br />

<strong>de</strong> que forma os papéis sociais são estruturados e repassados àqueles que<br />

<strong>de</strong>verão assumi-los, e quais fatores são concorrentes para a estruturação <strong>de</strong><br />

uma personalida<strong>de</strong> <strong>em</strong> crise, no indivíduo, obrigando-o a buscar ajuda psicológica.<br />

Os estudos <strong>de</strong> Foucault (1976) sobre a história da sexualida<strong>de</strong> no<br />

Oci<strong>de</strong>nte, os <strong>de</strong> Pewzner (1996), <strong>de</strong>nunciando a impregnação do sentimento<br />

<strong>de</strong> culpa que acompanha todos os atos do hom<strong>em</strong> oci<strong>de</strong>ntal, os <strong>de</strong><br />

Lorenzi-Cioldi (1988), acertando sobre as imagens representativas dos<br />

papéis masculino e f<strong>em</strong>inino <strong>de</strong>terminantes da divisão entre grupos dominados<br />

e dominantes, e os <strong>de</strong> Lipiansky (1992), que nos mostra que a<br />

auto-imag<strong>em</strong> da pessoa se constitui a partir das complexas interações mantidas<br />

com seu grupo sociocultural, lançam novas luzes sobre o caminho da<br />

pesquisa que preten<strong>de</strong>mos conduzir.<br />

Foucault nos mostra que a prática da sexualida<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre foi um t<strong>em</strong>a<br />

<strong>de</strong> preocupação na socieda<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal. Após longo período <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />

sexual, Iniciamos no século XVII uma era <strong>de</strong> repressão da sexualida<strong>de</strong>. A<br />

Igreja institui a confissão, na qual o indivíduo <strong>de</strong>veria transformar <strong>em</strong> discurso<br />

todos os seus pensamentos, <strong>de</strong>sejos e ações, para proferi-lo no confessionário.<br />

Nessa prática, a <strong>em</strong>oção é transformada pelo próprio sujeito <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>scrição racional, para assim apren<strong>de</strong>r a gerenciar esse dado existencial,<br />

colocando a vida sexual a serviço da mera continuida<strong>de</strong> da espécie. No século<br />

XVIII, o sexo se torna negócio político. Aqui não mais está <strong>em</strong> vigor o<br />

rigor <strong>de</strong> uma proibição da prática sexual, mas a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se colocar a<br />

sexualida<strong>de</strong> a serviço da utilida<strong>de</strong> pública. No centro dos probl<strong>em</strong>as políticos<br />

e econômicos, o sexo passa a ser avaliado enquanto taxa <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong>,<br />

ida<strong>de</strong> propícia para o casamento, nascimentos legítimos e ilegítimos, precocida<strong>de</strong><br />

e freqüência das relações sexuais, questões <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> e esterilida<strong>de</strong>,<br />

práticas contraceptivas e outros. O sexo se tornou, então, um mecanismo<br />

a serviço do po<strong>de</strong>r público. Ao final do século, a ativida<strong>de</strong> sexual era<br />

regida por três códigos explícitos, além dos hábitos individuais: “o direito<br />

canônico, a pastoral cristã e a lei civil” (Foucault, 1976, p. 51). Apoiando-se<br />

na pedagogia e na medicina, a partir do século XIX, as velhas proibições<br />

começaram a ser usadas para perseguir os hábitos sexuais solitários das crianças,<br />

como, por ex<strong>em</strong>plo, a masturbação. Ainda no século XVIII, foram<br />

lançadas as bases <strong>de</strong> controle (saber e po<strong>de</strong>r) da sexualida<strong>de</strong> individual que<br />

se esten<strong>de</strong>m até os dias atuais, como:<br />

51<br />

• Histerilização do corpo f<strong>em</strong>inino - a mulher é vista como um<br />

corpo saturado <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong>, tornando suas condutas sexuais<br />

patológicas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!