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Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

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R.B.S.H. 9(1):1998<br />

Em geral, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e papel sexual estão afinados aos estereótipos<br />

culturais dos sexos, fundamentados nas diferenças genitais f<strong>em</strong>inina e masculina.<br />

Entretanto, entre esses dois mo<strong>de</strong>los ou pólos há uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conjugações <strong>de</strong> níveis e intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas, que extrapolam os espaços<br />

<strong>de</strong>finidos, pela socieda<strong>de</strong>, para ser<strong>em</strong> ocupados pelos homens e pelas mulheres.<br />

Construindo a diferença entre o f<strong>em</strong>inino e o masculino, as histórias<br />

<strong>de</strong> meninas e meninos segu<strong>em</strong> caminhos diferentes mas que se cruzam,<br />

<strong>de</strong>terminados pela cultura. Dentre os fatores que intervêm nesse processo<br />

estão o brincar, o lúdico, os jogos infantis.<br />

Sobre o processo <strong>de</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, Bettelheim (1988)<br />

enfatiza a importância da participação dos pais na criação <strong>de</strong> situações<br />

favoráveis à superação <strong>de</strong> conflitos, armadilhas e incertezas que cercam a<br />

criança <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> sua vida. Os pais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> mostrar, claramente, o<br />

seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ajudar o filho a <strong>de</strong>senvolver a sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, a reconhecer<br />

o seu próprio eu, a se afirmar como pessoa. Para ele, o precursor do<br />

que será mais tar<strong>de</strong> o eu <strong>de</strong> uma pessoa, e que irá formar a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

é o eu corporal.<br />

Também para Lapierre e Aucouturier (1991), i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é, antes <strong>de</strong><br />

tudo, o eu corporal. Durante os primeiros meses <strong>de</strong> vida a criança não t<strong>em</strong><br />

consciência do seu eu corporal enquanto separado do não-eu. Está <strong>em</strong> um<br />

estado <strong>de</strong> indiferenciação que lhe possibilita entrar numa relação fusional<br />

completa com o outro, até o universo infinito. Por isso, diz<strong>em</strong> eles, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

é fusão, e fusão <strong>de</strong> dois tipos: passiva, quando se receb<strong>em</strong> no próprio<br />

corpo as sensações trazidas pelos el<strong>em</strong>entos naturais como o sol, o vento,<br />

a chuva, a terra, o ar, etc., e fusão ativa, quando se penetra o espaço pela<br />

abertura dos próprios gestos e <strong>de</strong>slocamentos, enfim, pelo movimento.<br />

E assim t<strong>em</strong>-se o paradoxo <strong>de</strong> ver a fusão também como perda <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, perda dos limites do próprio corpo. Daí ser preciso resistir à<br />

essa fantasmática do espaço para conquistar a própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

O espaço fusional na criança, para Lapierre e Aucouturier (1990), é<br />

charnado <strong>de</strong> espaço <strong>de</strong> convívio, por Bettelheim (1988), e <strong>de</strong> espaço transicional,<br />

por Winnicott (1975). É uni espaço <strong>de</strong> ação <strong>em</strong> comum on<strong>de</strong> o<br />

modo <strong>de</strong> agir <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong>ve encontrar o modo <strong>de</strong> agir do adulto.<br />

Exist<strong>em</strong> alguns mediadores <strong>de</strong>ssa fusão assinalados por Winnicott<br />

(apud Lapierre e Aucouturier, 1990):<br />

- o gesto que acompanha, prolonga ou completa o gesto do outro,<br />

num contato direto e <strong>em</strong> seguida à distância;<br />

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