Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana
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R.B.S.H. 9(1):1998<br />
Mas, ao fazer essa reflexão sobre o lúdico e sua influência na construção<br />
da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero, vale ressaltar que, acima <strong>de</strong> tudo, as brinca<strong>de</strong>iras<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre existir e ser<strong>em</strong> mesmo incentivadas, pelo seu<br />
inquestionável valor <strong>de</strong> incluir tradição, movimento e respeito ao outro,<br />
num po<strong>de</strong>roso processo <strong>de</strong> socialização e <strong>de</strong> vida.<br />
IV. CONCLUINDO... POR ENQUANTO<br />
Fazendo uma trajetória sobre o processo <strong>de</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma pessoa, esse ensaio procurou mostrar como o lúdico, associado<br />
à educação e à cultura, v<strong>em</strong> reforçando os estereótipos e os papéis<br />
sócio-sexuais ten<strong>de</strong>nciosos sobre o f<strong>em</strong>inino e o masculino, incentivando a<br />
<strong>de</strong>pendência e a inferiorida<strong>de</strong> nas meninas e a in<strong>de</strong>pendência e a superiorida<strong>de</strong><br />
nos meninos.<br />
Bonecas, panelinhas e casinhas, para as meninas... soldadinhos,<br />
bolas e metralhadoras, para os meninos... Meninas têm brincado mais <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> casa sob a vigilância dos mais velhos, repetindo as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
dona-<strong>de</strong>-casa... enquanto as brinca<strong>de</strong>iras para os meninos têm sido, freqüent<strong>em</strong>ente,<br />
<strong>em</strong> espaço aberto: a bola, a arraia, a conquista... Os heróis da<br />
literatura infantil apresentam as meninas assumindo papel reservado, sendo<br />
protegidas e “salvas” pelo sexo masculino, que por sua vez assume figuras<br />
fortes e ousadas. Até quando os animais são humanizados, as fêmeas<br />
tomam chá, conversam e brincam com bonecas a os machos, predominant<strong>em</strong>ente,<br />
viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> aventuras...<br />
Nessa conjuntura, acreditamos, é preciso crescer para vencer o<br />
“menina não po<strong>de</strong>”, “menina não entra”.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
1. BETTELHEIM, B. uma vida para o seu filho: pais bons o bastante. São Paulo,<br />
Campus, 1988. Cap. 13 - Construindo a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Cap. 14 - Brinca<strong>de</strong>ira:<br />
ponte para a realida<strong>de</strong>. Cap. 15 - Compreen<strong>de</strong>ndo a importância da brinca<strong>de</strong>ira.<br />
Cap. 16 - Brinca<strong>de</strong>ira como solução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, p. 127-178.<br />
2. BOADELLA, David. Correntes da vida - uma introdução à biossíntese. São<br />
Paulo, Summus, 1991. Introdução. Cap. 1 - Expressão <strong>em</strong>ocional e corpo. Cap.<br />
2 - Centring, Grounding, Facing. Cap. 3 - A formação antes do nascimento.<br />
Cap. 4 - Parto a chegada. Cap. 5 - Cabeça, coração e hara. Cap. 6 - Ondas respiratórias,<br />
p. 9-89.<br />
3. CHATEAU, J. O jogo e a criança. São Paulo, Summus, 1987. Introdução - Por<br />
que a criança brinca?, p. 13-33 e Conclusão - Papel pedagógico do jogo, p.<br />
124-138.